Movimento dos Focolares
Turquia: o que Papa Francisco nos deixou

Turquia: o que Papa Francisco nos deixou

20121202-02«É verdade, o Espírito Santo suscita diferentes carismas na Igreja; aparentemente, parece que isto cria confusão, mas na realidade, sob a sua inspiração, constitui uma incomensurável riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade. Só o Espirito Santo pode suscitar a diversidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade».

Estas palavras do Papa Francisco pronunciadas na Catedral do Espírito Santo de Istambul, a um milhão de fiéis da diversificada Igreja católica, foram uma grande alegria. E ainda mais: confirmaram-nos a convicção que nestas terras a presença do Movimento dos Focolares, mesmo se pequena, tem toda a razão de ser e de continuar o caminho iniciado já há muitos anos. O Focolare chegou a Istambul em 1967 por um pedido explícito do Patriarca Atenágoras.

Mas como foi que vivemos estes dias?

Com muita alegria e emoção! Naturalmente, participamos na preparação, tanto na Igreja católica, como na divulgação do evento, a pedido do Patriarcado. Graças ao relacionamento familiar que temos com o Patriarca Bartolomeu, pudemos dizer-lhe pessoalmente que o acompanharíamos com as nossas orações. E somos testemunhas da sua crescente alegria, do seu amor por Papa Francisco e da sua “paixão” pela unidade!

Duas focolarinas ocuparam-se pela preparação dos aposentos do Santo Padre na Nunciatura e estiveram presentes na sua missa privada, domingo de manhã. Junto com as boas-vindas por parte do Movimento na Turquia, mandamos ao Papa postais e presentes de algumas nossas amigas muçulmanas. Por fim, assistimos a missa na Catedral, onde um focolarino sacerdote concelebrou, e também na liturgia do Fanar.

A mensagem de fraternidade e de busca de unidade em todos os níveis que o Papa Francisco deixa à Turquia, toca exatamente a questão de fundo deste “País-ponte” e da sua população.

Porém, sem dúvida, a sua mensagem é particularmente ecumênica; como também sublinhou a oração ecumênica na Igreja patriarcal de São Giorgio, onde o Papa pediu ao Patriarca e a toda a Igreja de Constantinopla para “abençoar a mim e a Igreja de Roma”. E foi precisamente no cenário do diálogo entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa destes últimos anos, às vezes marcada pelo cansaço e a aparente imobilidade, que se põe a presença do Movimento dos Focolares nestas terras.

20121202-01Podemo-nos considerar beneficiários de um relacionamento privilegiado com o Patriarca e muitos metropolitas, herdado pelo que Chiara Lubich semeou nas suas viagens em Istambul. Os nossos relacionamentos de comunhão simples e sincera, todavia, não se limitam à hierarquia, mas se constroem com muitas irmãs e irmãos da Igreja Ortodoxa.

À luz daquilo que aconteceu nestes dias temos a impressão de entender o sinal inequívoco que os dois líderes religiosos deram: continuar no caminho em direção à unidade sem sucumbir pela sua fadiga e saber colher os desafios, para encontrar juntos as respostas e as soluções urgentes nos nossos dias. O Papa e o Patriarca provaram que realmente superam isto. Tudo o que disseram com as palavras e os gestos, a partir da sua declaração conjunta, o demonstra.

Durante a viagem de regresso, o Papa Francisco reafirmou com força que, neste caminho pela unidade, apenas o caminho “do Espírito Santo é aquele justo, porque Ele é surpresa, é criativo”. Esta outorga libertadora e alegre indica-nos uma estrada clara: ser abertos, atentos aos sinais que o Espírito faz-nos perceber; colocar em jogo a fantasia, as potencialidades pessoais e de grupo; desfrutar todas as oportunidades que nos serão oferecidas no complexo contexto e não privados das dificuldades nas quais vivemos, para permitir que Ele possa agir.

Fonte: Focolare Turquia

 

Turquia: o que Papa Francisco nos deixou

“A fraternidade universal: necessidade para a Europa”

Propomos um pensamento de Chiara Lubich sobre a Europa, retirado do seu discurso no primeiro encontro “Juntos pela Europa”, em maio de 2004. Estavam reunidas 10 mil pessoas na cidade alemã de Stuttgart, mais de 100 mil coligadas, em eventos simultâneos, em diversas capitais da Europa. O evento foi promovido por mais de 150 movimentos e comunidades eclesiais, de várias Igrejas, de todo o continente europeu. 

«A fraternidade universal também foi o projeto de pessoas não inspiradas por motivações religiosas, mas movidas pelo desejo de fazer o bem à humanidade. No seu lema «Liberdade, igualdade, fraternidade», a Revolução Francesa sintetiza o grande projeto político da modernidade. Projeto parcialmente ignorado porque, se inúmeros países, ao construírem regimes democráticos, conseguiram realizar de alguma forma a liberdade e a igualdade, o mesmo não ocorreu com relação à fraternidade, que ficou mais na teoria do que na prática.

Porém, quem proclamou a fraternidade universal e nos deu a possibilidade de realizá-la foi Jesus. Revelando-nos a paternidade de Deus, ele derrubou os muros que separam os “iguais” dos “diferentes”, os amigos dos inimigos. E libertou cada homem dos vínculos que o prendiam, das inúmeras formas de subordinação e de escravidão, de todo relacionamento injusto, realizando, assim, uma autêntica revolução existencial, cultural e política. (…)

O instrumento que Jesus nos ofereceu para realizar essa fraternidade universal é o amor: um amor grande, um amor novo, diferente daquele que habitualmente conhecemos. Ele, de fato, trouxe para a Terra o modo de amar do Céu. Esse amor exige que se ame a todos, não só os parentes e os amigos. Ele pede que amemos o simpático e o antipático, o concidadão e o estrangeiro, o europeu e o imigrante, aquele da nossa Igreja e de outra, da nossa religião e de uma religião diferente.

Hoje este amor pede que os países da Europa ocidental amem aqueles da Europa central e oriental – e vice-versa –, e a todos que se abram aos países dos outros continentes. Na visão dos seus fundadores, a Europa é destinada a ser uma família de povos irmãos, não fechada em si mesma, mas aberta a uma missão universal: a Europa constrói a própria unidade em vista da unidade da família humana.

Esse amor exige que amemos também o inimigo e que este seja objeto do nosso perdão, se, por acaso, ele nos fez algum mal. Após as guerras que mancharam de sangue o nosso continente, muitos europeus foram modelos desse amor ao inimigo e de reconciliação.

Portanto, falo de um amor que não faz distinção e leva em consideração todos aqueles que encontramos durante o dia, direta ou indiretamente: aqueles que estão fisicamente ao nosso lado, mas também aqueles de quem falamos ou de quem se fala; aqueles aos quais está destinado o trabalho que nos mantém ocupados no dia a dia, aqueles que são matéria de notícias dos jornais ou da televisão… É assim que Deus Pai ama; Ele manda o Sol e a chuva sobre todos os seus filhos, sobre os bons e sobre os maus, sobre os justos e os injustos (cf. Mt 5,45). (…)

Jesus propõe um amor que não é platônico, sentimental, feito de palavras, é um amor concreto. Exige ações concretas. É possível vivê-lo, se “nos fizermos um” com todos: se nos fizermos doentes com os que estiverem doentes; alegres, com os que estão alegres; preocupados, inseguros, famintos, pobres com os que o são. E, sentindo em nós o que eles experimentam, devemos agir de modo conseqüente.

Quantas novas formas de pobreza a Europa hoje conhece! A título de exemplo, podemos mencionar a marginalização dos deficientes físicos e dos doentes de Aids (SIDA); as mulheres escravas da prostituição, os mendigos, as mães solteiras… Pensemos ainda em quem busca os falsos ídolos do hedonismo, do consumismo, a sede de poder, o materialismo. Jesus, em cada um deles, espera o nosso amor concreto e ativo! Ele considera feito a si o que fazemos de bom ou de mau aos outros. Quando falou sobre o juízo final, Jesus disse que repetirá aos bons e aos maus: «A mim o fizeste» (Cf. Mt 25,40).

Quando esse amor é vivido por várias pessoas, ele se torna recíproco. E é o que Jesus ressalta mais do que tudo: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 13,34). É o mandamento que ele disse ser seu e “novo”.

Não só os indivíduos são chamados a viver esse amor recíproco, mas também os grupos, os Movimentos, as cidades, as regiões, os países… Os tempos atuais exigem que os discípulos de Jesus adquiram uma consciência “social” do cristianismo. É mais do que nunca urgente e necessário que se ame a pátria alheia como a própria: a Polônia como a Hungria, o Reino Unido como a Espanha, a República Tcheca como a Eslováquia…

O amor que Jesus trouxe é indispensável para a Europa a fim de que esta seja também a “Europa do espírito” e torne-se, portanto, a “casa comum européia”: uma família de nações».

Turquia: o que Papa Francisco nos deixou

Argentina: Festival dos Jovens 2014 “duplica a loucura”

fiesta-de-los-jovenes-4Todo ano, em setembro, na Mariápolis Lia, situada na Argentina, realiza-se o Festival dos Jovens. Neste ano o título foi “Vivamos esta loucura” e nele um espetáculo que representava uma grande festa de carnaval, mostrou como muitas pessoas, usando “máscaras”, perdem a própria identidade, tornando-se parte de uma multidão desordenada e sem fisionomia.

Com workshops de teatro, música e coreografias o Festival evidenciou a importância da escolha de um estilo de vida contracorrente, fundamentado no amor evangélico.  Tudo foi tão convincente e envolvente que contagiou os cento e vinte participantes vindos de Mendoza, uma cidade aos pés dos Andes argentinos: eles deixaram a Mariápolis Lia tendo no coração o desejo de promover o Festival dos Jovens também naquela cidade.

Mas, para transformar este sonho em realidade foi necessário muito trabalho, basta pensar no fato de que se deveria preparar tanto a viagem de noventa jovens – os atores que se apresentaram na Mariápolis Lia, distante mais de 900 quilômetros de Mendoza – quanto a hospedagem para todos eles, por três dias.

fiesta-de-los-jovenes-22No dia 10 de novembro houve a primeira apresentação para quinhentas pessoas, entre as quais alunos de diversas escolas e também jovens das periferias da cidade. “Vemos muitos problemas no nosso mundo – dizem os jovens atores no palco – e espera-se sempre que sejam os outros a procurar as soluções. Aqui estamos: somos noventa jovens, de vinte países, e decidimos não esperar mais! Queremos ser os protagonistas desta transformação e descobrimos o caminho para realizá-la: trabalhar para construir a unidade da família humana”.

No dia seguinte, o segundo espetáculo, em um Centro de Convenções, a 40 quilômetros de Mendoza. Também naquele dia a sala estava repleta, além dos quinhentos lugares havia muita gente nos corredores e chegaram ainda os alunos de uma escola distante 250 quilômetros só para assistir o espetáculo. Os jovens ficaram encantados e surpresos ao ver os noventa coetâneos, provenientes de vinte nações diferentes que, com grande qualidade artística, apresentaram a eles um estilo de vida completamente diferente daquele imposto pela sociedade de hoje.

A proposta de um estilo de vida fundamentado no amor que se torna serviço concreto aos outros foi acolhida e todos deixaram o teatro com o coração pleno de alegria. Também para os próprios atores – jovens que transcorrem um período na Mariápolis Lia – a viagem e as apresentações foram importantes porque demonstraram que viver a “loucura do amor” é possível se cada um se propõe fazer a própria parte, sem olhar para o que já aconteceu e nem para o que ainda está por vir, mas mira somente ao presente, vivendo-o seriamente.

fiesta-de-los-jovenes-9Uma das mensagens recebidas imediatamente ao término, via WhatsApp: “FOI TUDO MARAVILHOSO! Realmente vivemos o título do evento: ‘Vivamos esta loucura’, porque estes três dias permanecerão inesquecíveis. Também as minhas amigas que vieram ficaram entusiasmadas e muito emocionadas! Para mim foi algo especial também a oportunidade de conhecer melhor os jovens que vieram da Mariápolis Lia. Continuemos a viver juntos esta loucura!”

Mais informações: Argentina, mil jovens numa loucura

Turquia: o que Papa Francisco nos deixou

Igino Giordani: as raízes da Europa

IginoGiordani-01«Christopher Dawson, em The Making of Europe, escreve: “A influência do cristianismo na formação da unidade europeia é um impressionante exem­plo do modo com o qual o curso da história é modificado e determinado pela in­tervenção de novos influxos espirituais. Assim, no velho mundo, vemos que a artifi­cial civilização material do Império roma­no precisava de alguma inspiração religiosa, de uma espécie mais profunda daquela do culto oficial…”. Essa inspiração veio; e foi o cristianismo.

[…] Poder-se-ia dizer que as divisões reli­giosas, sancionadas pela norma: cuius regio eius religio, fossem concebidas sobretudo para consentir as divisões políticas, os isolamentos nacionais e, como corolário, as guerras. Na unidade religiosa os conflitos eram considerados fratricídios e havia o esforço para eliminá-los. Depois, na divisão da cristandade, os conflitos tornaram-se glórias nacionais. E todavia, nunca tendo desaparecido a con­sciência cristã e europeia, aquelas guerras na Europa, para muitos pareciam guerras intestinas. Porque a consciência da uniformização europeia nunca desapareceu.

Não basta uma burocracia comum

O russo Soloviov escreveu que a Igreja, como tinha unificado a Europa antes com os Franchi, depois com os Sassoni, hoje a teria reunificado com a justiça so­cial, ignorando as divisões de classe e casta e raça. Isto é, eliminando as maiores causas de conflito.

Justiça social significa aquela comu­nhão de bens espirituais e materiais, que a concepção cristã, pela qual os homens são todos filhos do mesmo Pai, iguais entre eles, propõe e suscita em vista da paz, no bem-estar e na liberdade. Pensar em obter esta ordem racio­nal apenas com a luta de classe equivale a repetir o erro do militarismo germânico, eslavo, etc, que pretendeu unifi­car a Europa apenas com as armas.

O cristianismo significa uma unificação na liberdade e na paz, com a eliminação das guerras e de todos os motivos de atrito.

A contribuição da religião, neste sentido, não é dirigida tanto à estruturação dos institutos quanto à formação dos espíritos.

Da religião surgem hoje dois impulsos unificadores: 1) o crescente sentido do Corpo místico; 2) o renovado ecume­nismo, pelo qual a unidade da Igreja pro­voca a unidade dos povos.

Dois impulsos, que, enquanto retificam correntes e eliminam paixões, de onde vem a vivissecção da Europa, suscitam energias espirituais capazes de dar uma alma a esta união política; de infundir uma inspiração sobrenatural a esta ope­ração humana; de tornar popular a instância da unidade. Se esta fosse reser­vada apenas a fatores econômicos e políticos e militares, iria à falência.

Para fazer a Europa não basta um exército comum ou uma burocracia comum. Não por nada os homens políticos tendem a inserir ideologias; isto é, tendem a dar ao corpo uma alma. A Europa já tem uma alma: o cristianismo, sua essência e sua gênesis».

Igino Giordani

(Città Nuova n. 5 de 10.3.1972 pp.23-23)

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Joseph Lux, um político construtor de paz

Josef Lux 1«Nunca esquecerei o sorriso com que me cumprimentava ao voltar para casa, cansado, tarde da noite… Mesmo se as suas horas de sono eram sempre poucas nunca faltava à Missa, de manhã cedo. Não levava os problemas da política para o focolare, ainda que, em algumas circunstâncias, pedisse a nossa opinião. Muitas vezes devia ir contracorrente, mas nunca vi ódio da sua parte para com os adversários». «Quando saía para o trabalho, de manhã, se despedia dizendo: “sempre, logo, com alegria!”. Era o seu modo de dizer que estava pronto a acolher qualquer situação que aquele dia teria reservado. Este comportamento era o verdadeiro segredo da sua vida, que tornava possível o diálogo com todos, mesmo em situações muitas vezes difíceis». Assim o recordam dois focolarinos do focolare ao qual Josef Lux pertencia.

Nascido em 1o de fevereiro de 1956, conheceu a espiritualidade de Chiara Lubich no final da década de 1970, em Chocen, a sua cidade natal, na Boemia oriental, onde trabalhava como zootécnico numa cooperativa agrícola. Em 1986, já casado com Vera, sentiu o chamado a seguir Jesus no focolare. Chiara indicou para ele uma frase do Evangelho, que orientou a sua vida: “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21).

Josef Lux con moglie Vera

Josef Lux com sua esposa Vera

Os acontecimentos de novembro de 1989, que culminaram com a queda do comunismo, mudaram a sua vida de maneira decisiva. Desde o início do processo de mudanças políticas esteve entre os organizadores das manifestações nas praças e, em janeiro de 1990, foi eleito para o parlamento nacional pelo Partido Popular. A sua decisão de entrar na política foi fruto de uma reflexão profunda. Estava convencido que ela pode ser purificada por pessoas dispostas a uma oferta pessoal.

Em setembro de 1990, depois de um discurso brilhante no congresso do Partido Popular, foi eleito seu presidente. Trabalhou pela transformação desde agrupamento político num partido moderno, de orientação cristã. No seu escritório havia um grande quadro de Jesus na cruz. Quis que estivesse sempre diante dele, especialmente durante as intensas tratativas no seu árduo trabalho.

Em 1992 foi reeleito deputado e tornou-se Vice-Primeiro-ministro e Ministro da Agricultura do governo da República Tcheca até 1998, sendo um “sinal de contradição” para tantas pessoas: estimado por muitos, que partilhavam as suas escolhas, e rejeitado pelos adversários políticos. Vera e os seis filhos foram para ele um grande apoio.

Josef Lux con Vaclav Havel

Josef Lux com Vaclav Havel

Em 1998 teve diagnosticada uma doença grave: leucemia. A notícia suscitou uma corrente de solidariedade. Muitos cidadãos, da República Tcheca e não só, ofereciam-se como possíveis doadores de medula óssea. Embora fosse difícil encontrar alguém compatível, Josef estava contente porque assim se enriquecia a base de dados dos possíveis doadores, que poderiam ajudar outros doentes. Enfim encontrou-se um doador idôneo, na Itália, e decidiu-se fazer a intervenção em Seattle (USA).

Seus filhos chegaram a Seattle acompanhados por um focolarino sacerdote, que celebrava a Missa em seu quarto. Viviam-se momento de um clima espiritual especial. Muitas vezes ele repetia a oferta de suas dores pela difusão do Reino de Deus e pelos jovens. Chiara Lubich o acompanhava de perto, assegurando a sua oração cotidiana.

De mãos dadas com Vera e os filhos cantavam e rezavam o salmo preferido de Josef: “Meu refúgio e minha fortaleza, meu Deus, em ti confio” (Sal 90,2). Embora consciente da gravidade da sua situação permanecia calmo e pedia que rezassem por ele. Uma frase sua ficaria como o seu testamento: “Sorriam, não chorem”.

Ao anunciar a sua “partida”, dia 21 de novembro de 1999, Chiara Lubich exprimiu o desejo que Josef Luz fosse, com Igino Giordani, o protetor do Movimento Político pela Unidade.

O primeiro “milagre” suscitado pela sua morte foi um momento de unidade em toda a nação, quase nunca visto após a “revolução de veludo”: nos jornais, nas rádios e na televisão, todos – inclusive os seus adversários – exprimiram a estima para com ele e para com os valores que defendia e difundia na sua função pública. Muitos descobriram a sua figura de “homem de Estado”, mas também de um cristão que absorveu da fé em Deus a força da sua corajosa ação em favor do próprio país.

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Sicília: cultura da partilha e do bem comum

20141120-01Kheit Abdelhafid não encontra as palavras para encerrar o dia: «Acreditem, não tenho palavras, eu não encontro as palavras depois deste dia admirável. Porque no ano passado, antes do encontro sobre o tema da família, perguntávamo-nos se seríamos capazes de realizar isto juntos. E agora que estamos concluindo o segundo, dou-me conta de que conseguimos, o dia de hoje demonstra-o. O futuro, vejo-o nos nossos filhos unidos, será melhor daquilo que vemos hoje no mundo».

Não foi fácil nem mesmo para o Imã – habituado às grandes multidões – encontrar um modo para concluir o segundo encontro promovido pelo Movimento dos Focolares e a Comunidade islâmica da Sicília, no dia 16 de novembro em Catânia, sobre o tema “Cultura da partilha e bem comum”. Cerca de 450 pessoas provenientes de várias cidades da Sicília oriental lotaram a sala do encontro numa incomum trama de línguas e dialetos.

A mesa redonda moderada por Michele Zanzucchi, diretor de Città Nuova contou com célebres relatores. D. Gaetano Zito, Vigário episcopal para a cultura da Arquidiocese de Catânia, sublinhou o valor da cultura do estar juntos e da convivência. Samia Chouchane, delegada para o diálogo inter-religioso da União das Comunidades Islâmicas da Itália (U.CO.I.I.) na Sicília, salientou as motivações da ação: «As motivações são o centro de tudo: imaginemos se a motivação for o amor por Deus. Isto leva-nos a não sermos indiferentes ao que acontece perto de nós e no mundo».

20141120-03Kamel Layachi do Comitê Científico do departamento do diálogo inter-religioso da U.CO.I.I. lançou para ambas comunidades o grande desafio de se abrirem não apenas para o diálogo inter-religioso mas também intrarreligioso para dar início a reflexões dentro das experiências religiosas individuais. Margareth Karram do Movimento dos Focolares na Terra Santa partilhou a sua experiência pessoal: cristã, palestina, educada num contexto com prevalente presença judaica, nasceu num mundo de diálogo, apesar de difícil e constelado por muitos retrocessos, onde todavia é preciso sempre procurar conhecer o outro, as suas diversidades, a sua história, a sua cultura: «É preciso conhecer-se profundamente, não basta a amizade, é preciso um conhecimento profundo: é a ignorância que traz o medo». Giusy Brogna, encarregada do diálogo inter-religioso do Movimento dos Focolares na Sicília, exprimiu grande satisfação pelo encontro: «O percurso que começamos há alguns anos está trazendo os seus frutos, sinto uma grande esperança e tenho certeza que as duas comunidades, aquela focolarina e aquela muçulmana, levarão para a frente o diálogo não apenas na Catânia mas também em outras cidades sicilianas».

Na conclusão dos trabalhos foi assumido o compromisso de contribuir economicamente para a realização da escavação de um poço na República dos Camarões, de um projeto da Ação por um mundo unido (AMU). «A água é vida – concluiu Kheit Abdelhafid – e o poço que construiremos juntos será um sinal da vida que existe entre nós».