Dez 20, 2017 | Focolare Worldwide
Rumo ao Natal «Sabia que a empresa para a qual trabalho estava para fechar e eu ficaria sem emprego. Mesmo assim, aproximando-se o Natal, junto com os colegas de trabalho, decidimos por de lado uma parte do nosso salário para dar aos mais necessitados. Fomos visitar uma família que vive num barraco e que não tem nada. Além do envelope com o dinheiro, também levamos brinquedos para os filhos pequenos. Saímos dali felizes: parecia-nos a melhor preparação para o nascimento do Senhor. Mas antes que o dia terminasse, recebemos uma boa notícia: tínhamos trabalho garantido por mais cinco meses». (J.L.V. – México) Fome «Um dia, na escola, vi uma menina que estava à parte sozinha, isolada das outras. Fui imediatamente ao seu encontro e perguntei-lhe: «Porque é que estás chorando?». Disse-me que estava com dor de estômago porque ainda não tinha comido nada, desde o início do dia e não tinha nada para o almoço. Pensei: «É Jesus que está com fome» e dei-lhe o pão que tinha trazido para o lanche. Um pouco depois aquela menina disse-me: «Agora o meu estômago não está mais doendo». Fiquei muito feliz». (S.S – Filipinas) Eu perdoo! «Estava brincando com um meu amigo quando chegou um rapaz que, sem nenhum motivo, deu-me um soco na cabeça. Tive que ir para o hospital. Quando saí do hospital, tinha um pensamento só: vingar-me. No dia seguinte, o pai daquele rapaz veio desculpar-se pela atitude do filho. E acrescentou: «Podes fazer ao meu filho a mesma coisa que ele fez contigo. Assim, talvez ele entenda como se comportou mal!». Naquele momento, lembrei-me do convite de Jesus a amar os inimigos e respondi que já lhe tinha perdoado. O pai ficou muito surpreso e chamou o filho. Assim, nos reconciliamos e agora vivemos todos em paz». (Dionisio – Angola) Ferramentas roubadas Enquanto estava trabalhando no escritório junto com o meu colega Benda, que é muçulmano, ouvimos um barulho forte que vinha de fora. Fomos ver o que era: alguém tinha quebrado o parabrisa da nossa camionete e tinha roubado as ferramentas que estavam ali. Era a primeira vez que acontecia uma coisa dessas. Ficamos desconsolados. Depois, pensei em perdoar o autor daquele gesto, que provavelmente teria agido por necessidade. Lembrando de uma frase do Alcorão, Benda acrescentou: «Quando uma pessoa perdoa, aquilo que lhe foi roubado será doado outra vez, por outra pessoa». À noite, em casa, enquanto contava o que tinha acontecido, um meu parente ofereceu-me as ferramentas que ele não usava mais. No dia seguinte, este parente veio trazer-me as ferramentas; eram muito semelhantes e mais valiosas do que aquelas que me tinham sido roubadas. (A.G. – Itália)
Dez 15, 2017 | Focolare Worldwide
«Por quanto seja rica a África, outros parecem se beneficiar mais do que ela com estas riquezas. Ao conceder contratos de extração dos minerais às multinacionais, por exemplo, existe um jogo de interesses, em que ‘remunerações’ e ‘compromissos’, ‘ajustes’ e ‘agradecimentos’ têm como consequência a exploração do país produtor, sem um verdadeiro aumento do nível de vida das populações». Raphael Takougang, advogado camaronense de Comunhão e Direito, pinta com fortes pinceladas o quadro da realidade que se vive hoje na África: «A corrupção na África não é apenas obra de cidadãos individualmente, mas é sobretudo um modo consolidado com o qual as potências econômicas “criam” e apoiam déspotas, desde que estejam prontos a proteger os seus interesses, com a cumplicidade silenciosa da comunidade internacional». Quem paga são sempre os mais pobres. Takougang não se limita somente às denúncias, aliás, apesar de tudo se demonstra otimista «porque está nascendo uma nova geração de líderes políticos na África, que entendeu que … deverá ser principalmente o cidadão a controlar a ação de quem o governa … para garantir a defesa dos direitos fundamentais dos povos africanos à vida, à educação, à saúde, ao bem espiritual e material». Patience Lobé, engenheira – responsável mundial das voluntárias que, junto com os voluntários, animam Humanidade Nova – durante todo o seu mandato como dirigente no Ministério das Obras Públicas na República dos Camarões sofreu ameaças pesadas: «Pela concepção africana da solidariedade, quem quer que tem necessidade deve ser satisfeito: por este motivo, passavam continuamente pessoas pelo meu escritório, uns para pedir um emprego, outros para pedir um sustento. Durante a minha permanência como responsável daquele departamento não houve dia em que eu não tenha sido tentada ou ameaçada. A corrupção é um vírus difundido, contagioso, difícil de extinguir. Como todos os vírus, serve uma vacina para poder debelá-lo. A vacina poderia ser representada por uma verdadeira mudança de mentalidade: a educação a uma cultura diferente da consumista, que encontra, na posse dos bens e no ter, o único caminho para a felicidade».
Do mesmo modo, não é fácil iniciar percursos e boas práticas no campo da luta contra a ilegalidade na gestão do dinheiro público. Françoise, funcionária francesa do Ministério das Finanças, conta: «Pela variedade das situações, dos serviços públicos e das questões que devo tratar não é sempre fácil manter o discernimento, defender a legalidade, apoiar as boas práticas de gestão ou simplesmente ser coerente com os princípios de honestidade (inclusive intelectual), retidão, cooperação e solidariedade com os colegas. Mas a experiência de trabalho, no decorrer dos anos, me confirmou que, cada vez que fui fiel a estes valores, descobri sempre novos horizontes, novos modos de fazer, as situações se resolveram e a unidade entre instituições e pessoas foi possível». Paolo, dirigente na Prefeitura de uma grande cidade italiana, acrescenta: «Não devemos esquecer que, como funcionários públicos, a nossa função primária é a de nos dedicarmos ao bem da coletividade em todos os seus aspectos, assumindo o peso das responsabilidades que derivam disso. Cada ação deve ser conforme a princípios e valores sem os quais não se pode viver juntos, favorecendo o bem-estar e o progresso humano de todos os cidadãos». Luta contra a corrupção, portanto, mas não só. Difusão de boas práticas, respeito pelos direitos do cidadão e pelas suas necessidades, mas também acolhida, capacidade de se pôr em rede com outras instituições: são estes os grandes desafios para quem trabalha na Administração Pública. Disto estão convencidos os participantes do congresso, que os assumiram como próprios para continuar a levá-los em frente cada dia. Sementes de uma cultura da legalidade que frutificará, sem fazer barulho, nos seus países.
Dez 14, 2017 | Focolare Worldwide
Nasci em Bérgamo (Itália), primeira de quatro filhos de uma bela família com sólidas raízes cristãs. Aos 17 anos frequentava o ensino médio e era empenhada na paróquia. Apaixonava-me o estudo, dedicar-me aos outros, as excursões na montanha. Tinha muitos amigos e uma rica experiência de fé. Era, como na época se dizia, “uma bela jovem” e, no entanto… sempre me faltava algo. Eu procurava algo maior, bonito, verdadeiro. A Itália atravessava anos difíceis marcados pelos atentados das Brigadas Vermelhas, pela crise do trabalho. Meu pai, metalomecânico, recebia um seguro pela redução de trabalho e, em seguida, perdera o emprego. Eu sentia forte a dor das injustiças, das contraposições sociais, o compromisso político por uma sociedade a ser renovada. Passava horas conversando com os amigos, nos confrontando em debates que, no entanto, deixavam o vazio dentro de mim.
Um dia, Anita, uma jovem da paróquia, convidou, eu e minha irmã, para o Genfest que se realizaria em Roma. Ela nos disse que encontraríamos milhares de jovens de outros países e também o Papa. Anita tinha algo especial, uma alegria sincera que lhe brilhava nos olhos e, como ela, outras pessoas da paróquia – o sacerdote, duas catequistas, um seminarista – pareciam ter um segredo: eram sempre abertos a todos, disponíveis, capazes de escuta verdadeira. Com uma boa dose de inconsciência, eu e minha irmã partimos de ônibus com uma centena de jovens da paróquia em direção a Roma e ao Genfest. Por causa de um acidente chegamos tarde ao estádio Flamínio e fomos acabar nas arquibancadas mais altas, sem cobertura e longe do palco onde dominava uma frase: “Por um mundo unido”. Chovia a cântaros e eu estava ensopada. Comecei a me perguntar porque razão me decidi por uma aventura do gênero. Mas logo alguns jovens suíços sentados nos degraus abaixo de nós, nos passaram umas lonas de plástico para nos proteger, nos ofereceram o que comer e binóculos para poder seguir melhor o programa. Falávamos línguas diferentes, mas nos compreendemos logo: experimentei a gratuidade do amor e uma grande acolhida. No campo do estádio, apesar da chuva, se alternavam coloridíssimas coreografias: me parecia ter entrado numa outra dimensão. 40.000 jovens cheios de entusiasmo que chegavam de todos os pontos da Terra, que testemunhavam o Evangelho vivido realmente.
No palco, depois, subiu uma pequena mulher de cabelos brancos. Era Chiara Lubich. Eu a via com o binóculo. Assim que começou a falar, no estádio se fez um profundo silêncio. Eu ouvia arrebatada, mais do que por quanto dizia, pelo seu tom de voz, pela convicção que emanava das suas palavras, por uma potência que contrastava com a sua figura frágil. Falava de um “momento de Deus”, e embora elencando divisões, fraturas, faltas de unidade da humanidade, anunciava um grande ideal: o de um mundo unido, o ideal de Jesus. Ela nos convidava a levar o divino na sociedade, no mundo, através do amor. O discurso durou poucos minutos, e me encontrei como que esmagada por uma emoção nunca experimentada, com o rosto sulcado por lágrimas libertadoras. Saí daquele estádio caminhando num rio de jovens, com uma convicção profunda que – em seguida – nenhum acontecimento doloroso ou difícil pôde abalar: o mundo unido é possível e eu tenho a maravilhosa possibilidade de construí-lo com a minha vida!
Encontrei! Queria viver como Chiara, como aqueles jovens entre os quais estive naquela tarde, ter a sua fé, o ardor deles, a sua alegria. Na manhã seguinte, na praça S. Pedro, o encontro entusiasmante com João Paulo II. Na viagem de volta, eu – super tímida – bombardeei de perguntas as Gen: queria saber tudo sobre elas! Comecei a frequentá-las na minha cidade, e as Gen me falaram do segredo delas: um amor incondicional a Jesus Abandonado em cada dor pequena ou grande, em nós ou ao nosso redor. Compreendi que se tratava de uma experiência de Deus, radical, sem meias medidas; que Ele me chamava a Lhe dar tudo, a segui-Lo. Senti um medo enorme: para mim se tratava de TUDO ou NADA. Nos meses sucessivos ao Genfest, não faltaram sofrimentos e dores fortes. Mas a vida que eu tinha empreendido com as Gen, poder dar um sentido à dor, a unidade entre nós feita de amor concreto, de partilha, me ajudou a ir em frente, para além de todo obstáculo, numa aventura extraordinária que me dilatou o coração. Experimentei que, com Deus entre nós, tudo é possível e a realidade da unidade da família humana que eu sonhara, realizável. Patrizia Bertoncello
Dez 13, 2017 | Focolare Worldwide
Cada início de novo ano, na Escola Loreto, nada é igual a antes. Isto acontece desde 1982, ano da sua fundação, devido à cada vez mais variada proveniência dos agregados familiares que a frequentam. Igualmente diferentes são as expetativas que impelem estas famílias a vir até Loppiano. O ritmo das aulas adequa-se à diversidade de línguas e culturas; o trabalho, parte integrante da Escola, tem que ser repensado; os momentos de festa são enriquecidos com novos sons e cores. Os cursos, centrados em temáticas familiares, na perspetiva da espiritualidade da unidade, coincidem com o ano escolar, para que os filhos frequentem as escolas públicas nos arredores. Japão, Coreia, México, Brasil, Colômbia, Itália, Argentina, Vietname, são estes os países das oito famílias do curso que acabou de ser inaugurado. Todas elas unidas num único desejo: crescer como família no amor recíproco do Evangelho. Com efeito, esta é a única lei que vigora na Cidadela, na qual estas famílias desejam fazer uma experiência full immersion. “Porque viemos para cá?” – a esta pergunta respondem Indian Henke e Emílio, de Pelotas (Brasil): “À procura do essencial da vida. Não quisemos ficar encerrados no círculo vicioso do lucro; por isso, inserimos a nossa empresa no projeto EdC, vendemos o automóvel, distribuímos pelos pobres metade das nossas roupas e alguns electrodomésticos. Foi uma revolução, cuja consequência foi uma vontade irresistível de fazer uma experiência de formação juntamente com os nossos filhos”.
E Bao Chau, vietnamita e pai de dois filhos conta: “Por razões familiares, tivemos que esperar quatro anos para poder vir. Estávamos já decididos a retirar a inscrição, quando, ultrapassadas as dificuldades, sentimos fortemente que Deus nos esperava em Loppiano. Estamos cá desde 2016, mas por causa da língua, não pudemos compreender tudo no ano anterior. Por isso, pensámos ficar um ano mais. Pedi ao meu patrão uma prorrogação da licença, aos meus irmãos pedi ajuda no pagamento do empréstimo da casa e aos responsáveis da Escola permissão para permanecer mais um ano. Finalmente, passados quase dois meses todas as respostas são afirmativas”. “Estamos muito contentes por ficar mais um ano – acrescenta a esposa Bao Vy – para aprendermos mais profundamente a vida do Evangelho, porque, quando regressarmos, queremos partilhá-la com as famílias do Vietnam, e assim crescermos juntos no amor todos os dias”. “Vimos da Coreia e esta é a nossa filha Maria Graça, de 13 anos”. Assim se apresentam Irema e Miguel, donos dum Instituto que, há quinze anos, Miguel fundou para responder à exigência generalizada duma melhor preparação para a universidade. Contam que começaram com dez alunos e em três anos atingiram mil inscrições. “O trabalho absorvia-nos cada vez mais e o nosso projeto de construir uma família unida e harmoniosa começava a estar em risco”.
Após uma profunda comunhão entre ambos, no início de junho tomaram a decisão de vender o Instituto e procurar outro trabalho. Entretanto, vem uma ideia a Miguel: “Se vendemos o Instituto, vamos para Loppiano durante um ano!” Era a proposta que Irema lhe tinha feito logo a seguir ao casamento, mas naquela altura não se tinha podido concretizar. “Tínhamos de conseguir vender antes das férias. Rezámos muito e no último sábado de junho o Instituto foi vendido. Verdadeiramente Deus queria-nos aqui!”. Para compor este variado mosaico internacional estão aqui também Francisca (34), italiana, e Roberto (37), argentino de Córdova. “Depois de várias experiências vividas noutros países – contam eles – agora residimos na Itália, em Loreto. No nosso percurso familiar, breve mas intenso até agora, não faltaram as dificuldades: os contextos familiares diferentes, algumas vicissitudes que nos são alheias, bem como o nosso modo diferente de reagir, criaram-nos obstáculos, mas o amor e a vontade de construir uma família sã e aberta, são mais fortes. Assim amadureceu em nós a decisão de vir à Escola Loreto com a nossa filha de 3 anos, Isabel, para aprendermos a ter na nossa vida as justas prioridades e crescermos como pessoas e como pais. Vivendo a partilha e o encontro com os outros, talvez um dia possamos também nós tornar-nos testemunhas do Evangelho no mundo”.
Dez 12, 2017 | Focolare Worldwide
Constantes emergências, mas também solidariedade e desejo de recomeçar. Na Venezuela, um difícil quadro sócio-político, a inflação nas estrelas, o aumento persistente do número de pessoas em estado de extrema pobreza, a falta do necessário para muitos, os embates violentos. Em Cuba e Porto Rico, depois da passagem do furacão, uma reconstrução problemática, o êxodo de milhares de pessoas, a falta de eletricidade, água potável e comunicação. Ainda assim, até em meio a dificuldades extremas, a vitalidade do povo caribenho e a vontade de recomeçar não faltam. Maria Augusta e José Juan, da comunidade dos Focolares na região do Caribe, referem: «A situação geral na Venezuela é muito dolorosa, pela falta de comida, remédios, pela impotência e a precariedade cada vez maiores, acrescidas pelo constante êxodo de pessoas que deixam o país. O elenco dos nossos amigos que já partiram, e de outros que estão próximos a fazê-lo, é longo. Apesar disso devemos “permanecer aos pés da cruz”, em meio a tanto sofrimento, mas com a esperança na ressurreição. Ressurreição que já vemos nas pessoas, na profundidade e na solidariedade evangélica que as anima». Ofélia, em nome da comunidade venezuelana, conta: «Não é fácil encontrar soluções aos problemas que estamos vivendo, como a carência de alimentos, roupas e remédios. Mas conservamos no coração as palavras de Jesus “dai e vos será dado”, que podemos viver dia a dia. Se alguém não tem nada para comer, compartilhamos o pacotinho de arroz ou os remédios, e tudo o que chega de muitas maneiras. E entre aqueles que precisam mais, tudo circula, sem distinção. Cada um pensa e recorda dos outros, a vida circula e a comunidade cresce. Em meio a tanta violência e à precariedade de cada dia, a presença de Jesus entre nós é como uma chama que atrai e dá esperança».
Sobre a situação da comunidade que está em Cuba, são ainda Maria Augusta e José Juan que dão notícias: «No último fim de semana, em Santiago, aconteceu uma Mariápolis com cerca de 200 pessoas, um sinal da vida que surge, sempre nova, em meio às dificuldades que todos precisam enfrentar». E sobre as comunidades de Porto Rico: «Como todos sabem, eles vivem meses realmente trágicos pelos efeitos devastadores do furacão que destruiu a ilha. Recebemos de lá muitos e comoventes testemunhos de amor evangélico e de solidariedade entre todos». Eis alguns: «Cinquenta e seis dias sem luz, e água só por 30 minutos do dia. Não é fácil trabalhar no escritório com tanto calor, mas é possível! Uma tocha ilumina um pouco, as garrafas de água podem ser colocadas cedo no sol e meio-dia já tem um pouco de água morna para tomar banho. E quando o calor aumenta… um leque, ou um spray com água e álcool refrescam um pouco…». «Alguns jovens do Movimento e da paróquia Imaculado Coração de Maria, da cidade de Patillas, juntamente com os estudantes do Colégio Santo Inácio, distribuíram cestas de alimentos para as comunidades mais necessitadas. Ao todo foram 237 cestas básicas». «A minha experiência em Palma Sola foi muito forte, por causa da destruição e da falta de tudo. Colocar-me ao serviço, junto com a minha família, foi a coisa mais maravilhosa que fiz na minha vida». «Temos sempre algo para dar, avaliando bem o que precisamos e oferecendo com alegria o restante a quem precisa». «Fomos à comunidade de Recio, do bairro de Guardarraya, em Patillas. Era difícil chegar por causa das estradas destruídas pelo furacão. Começando da periferia, onde a devastação era total, acrescentando mais pobreza àquela que já havia, encontramos idosos com rostos cansados e desencorajados, pessoas com problemas de asma, úlceras nas pernas, diabetes (e o problema de como conservar a insulina sem energia elétrica), pressão alta. Um menino tinha uma alergia na pele… procuramos reutilizar o antigo aqueduto comunitário para suprir a falta de água». «Em Gurabo tivemos a possibilidade de conhecer melhor os nossos vizinhos, enquanto os ajudávamos em suas necessidades». «Ir para frente e nos colocar de pé novamente não depende só do Governo, nem dos militares, nem das ajudas externas. Depende também de nós, de mim, de ti. Juntos vamos conseguir!».
Dez 8, 2017 | Focolare Worldwide
A paz, o respeito pela dignidade e pelos direitos de todos os povos, bem como o diálogo a todos os níveis, são os altíssimos objetivos deixados em herança aos povos visitados pelo Papa Francisco, na sua recente viagem à Ásia. Nestes dias estão chegando alguns testemunhos da comunidade dos Focolares de Myanmar que, conjuntamente com outras, se empenharam, sob diversos aspetos, na preparação e no desenrolar da viagem: as traduções, a organização e a ordem, a assistência médica, o coro das celebrações. Alguns testemunhos: «A vinda do Papa Francisco foi para nós a realização de um sonho. Foi preciso algum tempo para que a surpresa se convertesse na consciência daquilo que estava realmente a acontecer». «As lágrimas sulcavam as faces dos adultos. E os jovens, para os quais é mais difícil compreender o alcance do acontecimento, também ficaram contentes». Os católicos, que são uma pequena minoria no país, sentiram-se encorajados: «Éramos um pequeno rebanho isolado. Finalmente vemos de perto o nosso pastor. Agora já não somos um povo marginalizado, mas estamos sob os holofotes do mundo. Finalmente aconteceu algo de que nos podemos orgulhar. O Papa está em Myanmar». «Já não temos que ter medo de nada».
Gennie trabalha com os “deslocados internos” (IDP, Internally Displaced Persons), civis obrigados a fugir de perseguições, mas que, ao contrário dos refugiados, não tiveram que atravessar a fronteira internacional. Na maior parte dos casos, enquanto aguardam por uma nova esperança de vida, vivem privados de assistência e proteção. Depois da passagem do Papa Francisco, ela escreveu: «Hoje renovou-se esta esperança. Para mim a esperança está no Amor, e de agora em diante estará sempre viva em mim». Ela veio da sua cidade, Loikaw, capital do Estado de Kayah, um território montanhoso em Myanmar oriental, no dia 28 de novembro passado, para Yangon, fazendo a viagem, juntamente com uma centena de pessoas, provenientes das aldeias mais longínquas do Estado, em cinco mini autocarros. «Esta viagem foi organizada pela nossa paróquia. Ver o Papa era um sonho para todos nós. Partimos às 9 da manhã, tendo à nossa frente uma viagem de dez horas. Cheios de entusiasmo, rezávamos e cantávamos. Seguimos por uma estrada mais curta, mas desconhecida, para poder chegar com alguma antecedência. Por outro lado, um dos autocarros teve problemas na viagem e por isso levámos quase vinte horas a chegar, pois não quisemos deixar para trás os nossos companheiros. Mas ninguém se quixou por causa deste incidente».
São quase cinco e meia da manhã quando o grupo chega ao Estádio Kyaikkasan di Yangon, onde está quase a começar a missa, acompanhada não só pela minoria católica, mas também por muçulmanos, budistas e fiéis doutras religiões. «O nosso grupo já não pôde entrar, por isso ficámos junto a uma das entradas. Na pessoa do Papa sentia-se o amor da Igreja pelos mais pequenos. Nas pessoas em geral, e não só entre os cristãos, apercebia-se um amor muito forte. O motorista de um taxi que nos levou disse que, desde as primeiras horas da amnhã, estava a transportar gratuitamente as pessoas que se dirigiam ao estádio. Também nos autocarros e nos combóios se viajava gratuitamente». Uma jovem budista, depois de ter participado na missa, escreveu: «Também eu me senti em família aqui. Sinto a paz no mais profundo do meu coração».
E Gennie escreve ainda: «É surpreendente como se alteraram os critérios de saber quem, de agora em diante, deve ser considerado ‘VIP’: tudo lembra o Magnificat… enalteceu os humildes, encheu de bens os famintos». Por esta experiência «devemos agradecer a todos, aos Yangoniani, sempre pacientes com a multidão, aos que prepararam este acontecimento, mas especialmente ao Santo Padre que decidiu vir a um país tão distante. Uma nova aurora para Myanmar». Valentina é medica. Juntamente com os médicos do serviço de saúde, prestou uma assistência quase ininterrupta: «Uma ocasião que nos juntou a todos, sem fronteiras. Nós, os médicos, católicos ou não, estávamos todos muito cansados, mas recebemos uma “graça”: a de conseguir amar sem parar». Por seu lado, Jerónimo trabalhou como tradutor: «Para mim foi especialmente bom ver os jovens que esperavam, desde manhã muito cedo, diante da catedral de Saint Mary, em Yangon. No final da missa, o Papa dirigiu-se a nós, encorajando-nos a trabalhar pela paz. Agora sinto-me chamado a ser mais generoso, a ser corajoso e alegre, como ele nos pediu».