Abr 3, 2017 | Focolare Worldwide, Senza categoria
Depois do histórico encontro da Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica, no dia 3 de outubro passado em Lund, na Escócia, a comemoração dos 500 anos da Reforma suscita multíplices iniciativas no mundo inteiro. O encontro com o tema “A unidade em caminho” foi realizado no dia 18 de março e foi promovido pela Associação Católica para o Ecumenismo Athanasios en Willibrord e pelo Movimento dos Focolares. A data escolhida foi a durante a semana do aniversário de morte de Chiara Lubich da qual é muito conhecido o grande empenho pela unidade dos cristãos. Para a ocasião reuniram-se na Mariápolis permanente do Focolare em Marienkroon, Nieuwkuijk (100 km de Amsterdam), 380 pessoas, entre as quais líderes das principais denominações cristãs. Um povo em caminho, como evidenciava também o lugar do evento: um toldo branco cobria uma grande sala, completamente ocupada até os últimos lugares e outra sala da qual se podia seguir a transmissão do evento. Durante cinco horas, com a pausa para o almoço, houve uma sequência de reflexões, testemunhos, cantos e manifestações artísticas. O ápice do encontro foi o momento comum de oração, seguindo o mesmo estilo daquele acontecido em Lund. A grande participação, mas, especialmente, a atmosfera fraterna que havia entre os participantes, inclusive líderes das Igrejas, fez deste dia uma etapa histórica, como afirmou o diretor da associação Católica para o Ecumenismo, Geert van Dartel. Ao mesmo tempo foi uma “festa ecumênica”, como afirmou um dos participantes. “A unidade na diversidade não é algo que nós podemos ‘fabricar’; mas, é um dom de Deus’, com essas palavras iniciou o conferencista principal do encontro, Hubertus Blaumeiser, católico, estudioso da vida de Lutero e membro do centro de estudos interdisciplinares do Focolares, a “Escola Abba”. Levando em consideração a agenda ecumênica após o evento de Lund, ele acrescentou, citando Chiara Lubich: “A partitura está escrita no Céu”. Toca a nós saber ler esta partitura. E, sendo assim – prosseguiu – desde que, na cruz, Jesus deu a vida por todos, já nos foi doada a unidade. A nossa parte é corresponder a essa unidade. Assim se explica o primeiro dos cinco “imperativos ecumênicos” selados em Lund, que recomenda iniciar sempre pela perspectiva da unidade e não da separação.
Mas como fazer para que esta unidade se concretize, em meio a situações às vezes difíceis, depois de séculos de divisão? Seguindo Deus trinitário e seguindo Jesus todos nós somos chamados a um êxodo – disse Blaumeiser – somos chamados a sair de nós mesmos e a aprender a “pensar e viver partindo do outro”, isto é “não só como indivíduo, mas, também, como Comunidade de fé.” Praticamente o ecumenismo é um trajeto a ser percorrido com Jesus: da morte à ressureição. “A unidade nasce ali, quando temos a coragem de não fugir diante das dificuldades, mas, de entrar com Jesus na ferida da separação, acolhendo-nos uns aos outros também quando isto causa fadiga ou é doloroso.” A este propósito afirmam os “imperativos ecumênicos”, deixar-nos transformar pelo encontro com o outro e, desta forma, buscar a visível unidade e testemunhar juntos a força do Evangelho. A responder essas perspectivas foi o bispo Van den Hende, presidente da Conferência dos Bispos Católicos da Holanda; o Dr. De Reuver, secretário geral das Igrejas Protestantes dos Países Baixos e Peter Sleebos, ex-coordenador nacional das Comunidades Pentecostais. Comentando as orientações expostas nos próprios discursos eles expressaram ulteriores estímulos e elementos de reflexão, cada um a partir da própria tradição. No início da tarde, testemunhos ecumênicos demonstraram praticamente o que Chiara Lubich denominou “diálogo da vida”. Depois houve um fórum com os conferencistas. Um dos participantes disse: “Neste sábado, nós fomos capazes de ‘tocar’, juntos, notas maravilhosas da partitura que está no Céu.” O pastor René De Reuver, em uma entrevista a um jornal católico, disse: “Este encontro foi muito especial. Eu experimentei a presença de Cristo no entusiasmo, na comunhão e na paixão pela união com Ele. Não anula as diversidades, mas nos faz enriquecer-nos reciprocamente”.
Mar 29, 2017 | Focolare Worldwide
Corajosos impulsos a favor do empenho ecumênico. Católicos e luteranos podem caminhar juntos na estrada rumo a uma plena reconciliação. 500 anos se passaram desde o início do movimento reformador de Lutero, cujas comemorações durarão um ano, de 31 de outubro passado a 31 de outubro de 2017 (data simbólica, em que se recorda a publicação, em 1517, das 95 teses de Lutero sobre as indulgências e a justificação, em Wittenberg) e inauguradas com o encontro na catedral luterana de Lund, na Suécia, entre o Bispo Munib Younan, Presidente da Federação luterana mundial, e o Papa Francesco. Naquela ocasião, o Papa convidou todos os cristãos, unidos pelo batismo, a anunciar juntos a Palavra de Deus, pondo um fim às controvérsias teológicas seculares que separaram as duas Igrejas, e salientando os dons comuns recebidos graças ao diálogo e à escuta recíproca. A revista Nuova Umanità dedicou o número 221 a este evento, com um Focus intitulado “Meio milênio após Lutero” (publicado em março de 2016). Organizado por Hubertus Blaumeiser, ele apresenta os ensaios de um teólogo luterano Theodor Dieter, e de um teólogo católico, Wolfgang Thönissen. O acontecimento de Lund, de dimensão histórica, fora precedido pelo documento “Do conflito à comunhão”, publicado em 2013 pela Comissão luterana-católica para a Unidade que trabalha em nome da Federação luterana mundial e do Pontifício Conselho para a promoção da unidade dos cristãos. O texto indica cinco “imperativos ecumênicos” para superar definitivamente as razões da discórdia e viver, na confiança recíproca, uma estação de empenho comum. Primeiro imperativo: católicos e luteranos, unidos fortemente pelo batismo, deveriam partir sempre da perspectiva da unidade e não do ponto de vista da divisão, para reforçar o que existe em comum, ao invés de ressaltar e experimentar as diferenças. As duas Igrejas, católica e luterana, no decorrer da história se definiram por discórdia. Agora existe a necessidade, ao contrário, da experiência, do encorajamento e da crítica recíprocos. Disto deriva o segundo imperativo: se deixar continuamente transformar pelo encontro com o outro e pelo testemunho recíproco de fé, através do diálogo, que abre para formas e graus diferentes de comunhão. Terceiro: empenhar-se de novo em buscar a unidade visível, em elaborar e desenvolver juntos o que isto comporta como passos concretos, e a tender constantemente na direção deste objetivo. Quarto: redescobrir conjuntamente a potência do Evangelho de Jesus Cristo para o nosso tempo. E enfim o quinto: a função missionária do ecumenismo se tornará tanto maior quanto mais as nossas sociedades se tornarão pluralistas do ponto de vista religioso, para isto é necessário dar, juntos, testemunho da misericórdia de Deus no anúncio do Evangelho e no serviço ao mundo. O Relatório conclui: «Os primórdios da Reforma serão recordados de maneira adequada e justa quando luteranos e católicos ouvirão juntos o Evangelho de Jesus Cristo e se deixarão chamar de novo a gerar comunidade juntos com o Senhor». A gênese e o desenvolvimento de tal documento foram aprofundados no número 223 de Nuova Umanità, dedicado expressamente a este passo decisivo para o ecumenismo. Seguindo o rastro do evento de Lund e como lógica consequência da resposta “teórica” dada ao Conselho ecumênico das Igrejas, no final de fevereiro, na cidadezinha de Ottmaring, caracterizada por uma acentuada vocação ecumênica, a presidente e o copresidente dos Focolares, em nome de todo o Movimento, se comprometeram a querer testemunhar e trabalhar pela comunhão entre as Igrejas, para além das divisões. «Como movimento mundial, ao qual aderem cristãos de muitas Igrejas e que, por isso, já vive a experiência de um povo cristão unido pelo amor recíproco […] reconhecemos no encontro de Lund um verdadeiro “kairós”, um sinal de Deus para o nosso tempo, que exorta os cristãos a trabalharem ainda mais para que o testamento de Jesus, “que todos sejam um”, se realize».
Mar 26, 2017 | Focolare Worldwide
Eu cheguei a Bagdá, como Núncio Apostólico para o Iraque e a Jordânia, duas semanas após o terrível atentado ocorrido em 2010, na catedral siro-católica que provocou a morte de 2 sacerdotes, 44 fiéis e 5 soldados. Ao visitar a catedral, é possível imaginar a desolação e a percepção que tive no meu íntimo, de ter sido enviado lá para viver com eles aqueles sofrimentos. As relações entre cristãos e muçulmanos estavam comprometidas há muitos anos, a ponto que também na Nunciatura, para qualquer compra ou trabalho a ser feito eram escolhidos somente cristãos. Eu compreendi que deveria caminhar contracorrente. Assim, para começar, eu procurei aprender árabe (com pouco sucesso, infelizmente!), para poder cumprimentar a todos. Quando me era possível, eu me entretinha com os policiais encarregados da segurança da Nunciatura, às vezes aceitando o convite para jantar com eles, mesmo se os soldados não são os melhores cozinheiros. A religiosa que me ajudava como intérprete não concordava muito com isso, mas eu tinha a convicção de que era necessário fazer alguma coisa. Eu acreditava que deveria “ter confiança”, ainda que tal atitude me criasse algumas surpresas. Certa vez, o barbeiro, muçulmano, para retirar os pelos das minhas orelhas, colocou um pouco de gás do isqueiro na minha orelha e acendeu uma chama. Eu sabia que era uma ingenuidade de minha parte, mas, uma ingenuidade consciente, na busca de colher as razões do meu próximo. O único muçulmano que trabalhava na Nunciatura era o jardineiro. Quando eu fui embora, ele me disse: “O senhor vai embora e eu gostaria que me deixasse um pouco da sua paz!” Creio que ele compreendeu que se trata daquela paz interior que podemos encontrar somente em Jesus. Certa vez, conversando com os Gen (os jovens do Focolare), Chiara Lubich – citando o imperador Constantino que vira no céu uma cruz que trazia esta frase: ‘Com este sinal vencerás’ – disse que a nossa arma é Jesus Abandonado, e que não existe outro caminho para a unidade a não ser a cruz. Na cruz, Jesus tomou sobre si toda divisão, toda separação, e ressuscitou. Também para nós a derrota se transformará em vitória. Em maio de 2015 eu fui transferido para Cuba. Na época estava em curso a preparação da visita do papa Francisco. Tudo corria muito bem, mas, um pequeno problema diplomático lançou sombras na preparação. E eu, por um momento, perdi a paz interior, justamente quando o Papa estava presente. Em Havana, chegando à Praça da Revolução para a celebração da missa solene, eu vi uma foto estilizada de Che Guevara, com a seguinte frase: ‘Hasta la victoria, siempre!’ (Até a vitória, sempre!). Imediatamente eu pensei na chave da nossa vitória: Jesus Abandonado. E compreendi que eu não poderia chegar à vitória a não ser passando por aquele momento difícil. Jesus não poderia ressuscitar sem ter morrido. Jesus Abandonado não é o instrumento a ser usado em caso de necessidade para que resolva os nossos problemas, é o Esposo com o qual devemos ser ‘uma só carne’. E, se me lamento de algo ou de alguém, me dou conta de que estou me lamentando Dele. Não posso dizer que O escolhi se prefiro que Ele não esteja presente. Entendo que devo estar contente quando Ele está presente mais do que quando está ausente. E então os problemas, as divisões, as guerras, a pobreza e assim por diante… não me assustam mais. Não vivo esperando que tudo isso passe rapidamente, mas vivo na esperança que brota da certeza de que Nele tudo já está resolvido. Assim, eu vivo serenamente e posso transmitir a paz até mesmo a quem não partilha a minha fé, como o jardineiro da Nunciatura em Bagdá.
Mar 25, 2017 | Focolare Worldwide
O dever ser da Europa A Europa unida é mais uma etapa rumo ao mundo unido. Um avanço e uma conquista, sob a pressão de instâncias populares, do direito natural, da revelação cristã, de forças morais e espirituais, às quais se acrescenta a pressão econômica e política, científica e tecnológica que gravita rumo à unificação: telefinalismo da razão e da moral, da vida no tempo e na eternidade. Para Clemente Alessandrino – herdeiro da sabedoria helênica – a unidade é o bem, produtora de vida; a divisão é o mal, geradora de morte. A civilização cresce tanto quanto unifica os ânimos. Para Huxley cada verdadeiro progresso da civilização é um progresso na caridade. E a caridade é o sentimento que induz a fazer de todos um: não por nada é a alma de Cristo, cujo testamento termina com o voto: “que todos sejam um”. A caridade leva à integração, à comunhão, à solidariedade, inclusive na política e na economia. E aqui, entre as forças essenciais que impelem a integração europeia nós queremos ilustrar justamente as forças do espírito, deixando de ilustrar os aspectos políticos, econômicos, sociais, etc. Igino Giordani, «Fides», maio de 1061, p. 130 O cristianismo e a Europa A Europa está carregada de rancores como um depósito de explosivos: mantidos vivos por filosofias e falsos patriotismos, mitologias e interesses egoístas. A Europa, para não explodir, necessita remover todo esse material inflamável, está necessitada de uma reconciliação universal, que liberte do passado e purifique para o futuro. Quem pode desenvolver «este ministério da reconciliação»? O cristianismo. Esta reserva de santidade que a Europa ainda guarda e ainda comunica a outros continentes. E o cristianismo comporta uma unificação na liberdade e na paz, com a eliminação das guerras e dos outros motivos de atrito. Igino Giordani, «Fides», maio de 1961, p. 131 A alma da Europa A Europa tem uma alma: o cristianismo, sua essência e sua gênese. Neste hálito espiritual comum, também os fatores materiais e humanos fundem-se, e se elevam, vivificando-se com um ideal universal. Dessa maneira, os povos da Europa, reavivando estes princípios constitutivos de sua história, fundindo-os na chama ideal da solidariedade, fruto do amor – que é inteligência divina – encontrarão na racionalidade do amor, na sua convivência, urgência e necessidade, a primeira solução de seus problemas. E isso numa hora decisiva, na qual uma guerra interna – que hoje, mais do que nunca, parece irracional e fratricida – poderia marcar a catástrofe definitiva. O amor, ao contrário, fazendo circular o bem e os bens, poderá marcar a salvação resolutiva. Igino Giordani, «Fides», maio de 1961, p. 131
Mar 18, 2017 | Focolare Worldwide
Desde criança sonha ser piloto, mas a atração pelo sacerdócio o acompanha desde os 11 anos. Nascido em 7 de maio de 1932, em Lisnice, província de Písek, na Boêmia do Sul, de 1952 a 1953 trabalha como operário. A partir de 1960, terminados os estudos, trabalha como arquivista, mas logo abandona a atividade para estudar teologia. Em 1968 é ordenado sacerdote. No início da década de 1960, durante uma viagem à, então, Alemanha Oriental, conhece, em Erfurt, alguns leigos e sacerdotes que vivem a espiritualidade do Movimento dos Focolares. Fica tocado pela presença de Jesus neste grupo de cristãos, presença que ele promete “quando dois ou mais estão unidos em seu nome” (cf. Mt 18,20). Esta experiência de comunhão o acompanhará sempre. A sua ação pastoral em Ceské Budejovice incomoda o aparato estatal comunista que, em 1971, o transfere para as paróquias da Selva Boêmia. Sete anos mais tarde, por causa da ascendência que exerce, principalmente entre os jovens, é retirada a sua licença para desenvolver o ofício sacerdotal. «Perdi a licença, não posso mais celebrar a Missa – explica aos seus paroquianos -. Falei e preguei sobre a cruz, e recomendei que fosse carregada. Para mim, este é o momento de tomá-la”. Reduzido, oficialmente, ao estado laical, Chiara Lubich aceita o seu pedido para viver no focolare de Praga, que tinha sido aberto em 1981. Trabalha como lavador de vidros por mais de 10 anos. Muitas vezes recorda: «Não podia pregar nem distribuir os sacramentos publicamente, mas olhando para a cruz entendi que o meu Sumo Sacerdote, Jesus, quando estava sobre a cruz não conseguia quase falar e tinha as mãos pregadas. E me convenci: “Agora, estás próximo do teu Sumo Sacerdote”, e abracei Jesus abandonado. A espiritualidade dos Focolares guiou-me nessa direção. Entendi a força da qual fala Isaias 53: “O homem das dores”. (…) Vivi por longo tempo nesta luz: tudo o que é penoso pode servir para a minha edificação. Entendi, sem exagerar, que estes dez anos como lavador de vidros foram os mais abençoados da minha vida». Costumava repetir: «Considero um milagre que Deus tenha difundido a espiritualidade da unidade no mundo socialista, onde tudo era vigiado. Ele sempre conhece os “vazios”».
Com a “Revolução de veludo”, em 1969 volta a ser pároco. Em 1990 é nomeado bispo de Ceské Budejovice e no ano seguinte Arcebispo de Praga. De 1992 a 2000 dirige a Conferência Episcopal Tcheca e, de 1993 a 2001 torna-se presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias. Em 26 de novembro de 1994 é declarado cardeal. Após a morte do bispo Klaus Hemmerle, em janeiro de 1994, iniciador, com Chiara Lubich, do setor dos Bispos amigos do Movimento dos Focolares, a fundadora convida o Arcebispo de Praga a assumir a função de moderador. Suceder D. Hemmerle, grande teólogo e figura carismática, parece-lhe difícil, mas Chiara Lubich o certifica: «Não tema, Excelência, o senhor não estará sozinho. Vocês irão adiante como um corpo». O cardeal desempenha essa função por 18 anos, convocando e sustentando numerosos encontros internacionais de bispos, católicos e também de várias Igrejas, realizados em Castelgandolfo (Roma), Istambul, Jerusalém, Beirute, Ausgsburg, Wittemberg, Londres, Genebra, El Cairo, apenas para citar alguns.
A participação dos bispos na Obra de Maria é de natureza puramente espiritual, e não interfere de nenhuma maneira nos seus deveres de bispos, como estabelecidos pela Igreja. Os mesmos reconhecem que a espiritualidade da unidade está «em sintonia com o carisma episcopal, reforça a colegialidade efetiva e afetiva e a unidade com o Santo Padre e entre os bispos e, enfim, conduz à atuar os ensinamentos do Concílio Vaticano II sobre a Igreja-comunhão». Assim lê-se no regulamento do setor dos «Bispos amigos da Obra de Maria», reconhecidos como tais por João Paulo II e aprovados pelo Pontifício Conselho para os Leigos com carta de 14 de fevereiro de 1998. Exprimiram sua admiração por estas iniciativas também os chefes de várias Igrejas cristãs. Telegrama de condolências do Papa Francisco (em italiano) Leis também: News.va
Mar 18, 2017 | Focolare Worldwide
Dom Dominic Kimengich nos conta: “A nossa diocese de Lodwar encontra-se em Turkana County, no Quênia, na fronteira com a Uganda, com o Sudão do Sul e a Etiópia. Nairóbi fica a 700 km de distância. As pessoas que viajam para ir à nossa cidade devem ter a certeza de que a polícia está protegendo todo o trajeto, para não serem vítimas dos frequentes ataques de assaltantes e bandidos. A falta de chuvas por causa da mudança climática causou uma terrível carestia que atinge todo o território de Turkana. Quanto à população, 60% são nômades e, até agora, sobrevivem criando camelos, ovelhas, cabras, jumentos e rebanho bovino. Mas, uma vez que não têm mais alimentos nem pastagens para os animais, as famílias são obrigadas a imigrar para os países próximos. No entanto, sendo uma região de fronteiras, os conflitos entre as tribos dos territórios limítrofes, na luta pela sobrevivência, provocam a morte de muitos inocentes, especialmente de mulheres e crianças. Na diocese temos um enorme campo de refugiados chamado Kakuma, com quase 200.000 refugiados provenientes sobretudo do Sudão do Sul, onde a situação piora dia após dia. Muitos chegam também da Somália. A nossa situação é muito difícil porque nem os habitantes de Lodwar têm água e alimentos suficientes. Muitas crianças não frequentam mais a escola porque acabou a alimentação. Em 1985, quando eu estava no seminário, eu ouvi falar da espiritualidade do Focolare, mas quando me tornei sacerdote assumi uma paróquia e, naquela ocasião, era muito difícil permanecer em contato com o Movimento. Somente depois que me tornei bispo é que eu posso participar de alguns encontros em Nairóbi. Em 2012, para celebrar o 50º aniversário da evangelização, tivemos a ideia de convidar os bispos das dioceses vizinhas, da Uganda, Sudão do Sul, Etiópia e de outras quatro dioceses do Quênia, para conversarmos sobre a paz e para nos perguntar o que poderíamos fazer entre nós. Dez bispos compareceram e nos reunimos por três dias. Desde então, este encontro se repete todos os anos. Constatamos que desde que começamos a nos reunir os conflitos diminuíram. Fui visitar o bispo Markos, na Etiópia, ele também está participando desse encontro, e, pela unidade que nasceu também com os outros bispos, encontramos a força parra levar adiante os nosso ministério nessas terras tão cheias de provações.
Aqui em Castelgandolfo é maravilhoso partilhar as próprias experiências com bispos do mundo inteiro e, juntos, aprofundar-nos no carisma da unidade, que ensina de modo prático como viver – também sendo bispos – um amor genuíno no espírito de fraternidade. Poder participar deste encontro foi um grande testemunho do amor de Deus por mim. Ele quer que nos amemos uns aos outros como Jesus nos amou. O tema deste encontro tem uma grande sintonia com a minha vida e com a situação do território no qual vivo. Somente vendo as coisas do ponto de vista de Jesus crucificado e abandonado é que podemos ter esperança em um mundo no qual as pessoas aprendam a viver em paz, partilhando tudo o que possuem até ao ponto de abraçarem-se como filhos do mesmo Deus Pai. Enquanto me preparo para voltar à minha diocese posso testemunhar, com certeza, que não sou mais aquele de antes. Sinto-me muito fortalecido pela unidade com os meus irmãos bispos. Na unidade em Jesus abandonado sei que não estou sozinho naquela região do Quênia, enfrentando as diversas situações difíceis. Jesus está comigo, muito próximo, Ele está ao meu lado. Sei também que posso contar com a oração de todos do Movimento. Sou muito agradecido a Deus que proporciona a realização de tudo isso.