Movimento dos Focolares
Roger Schutz: construtor da paz, profeta da esperança

Roger Schutz: construtor da paz, profeta da esperança

Roger Schutz 2“Comovidos ao receber a notícia da imprevista, absurda, morte do amado Irmão Roger Schutz, nos unimos, no mais profundo sofrimento e na oração, a toda a Comunidade de Taizé. A sua vida, completamente doada a Deus e aos irmãos, foi coroada com a palma do martírio. O Irmão Roger foi um construtor da paz, um profeta da esperança e da alegria. “Deus nos quer felizes”, ele me escreveu há dois meses, e, agora, nós acreditamos que ele está na plenitude da alegria, no seio da Trindade. Sintam-nos particularmente próximos nesta circunstância. Queremos que a amizade que, durante 40 anos, nos uniu profundamente ao Irmão Roger e à Comunidade de Taizé, continue também agora que ele chegou ao Céu”. Chiara Lubich Da mesma forma, também hoje, queremos recordá-lo como um construtor da paz, um profeta da esperança e da alegria.

Fraternidade episcopal

Fraternidade episcopal

Vescovi Braga 6Todos os anos, bispos provenientes do mundo inteiro passam um período juntos, durante o verão no hemisfério norte, para repousar e também para ter uma ocasião de compartilhar suas vidas, buscando como ser Igreja, sinal e instrumento de unidade, num mundo atravessado por tensões e contradições. Este ano eles estiveram em Braga, Portugal, de 2 a 11 de agosto. «Hoje, na Igreja, é o momento da unidade e da comunhão, um momento que convida todos nós a fazermos a experiência de Deus juntos. Não estamos aqui só porque somos bispos, mas porque somos irmãos. O nosso desejo é ser como os apóstolos com Jesus, um corpo de irmãos». São palavras do cardeal João Braz de Avis durante a Missa na Capela das Aparições, por ocasião da peregrinação dos 67 bispos, de 27 nações, a Fátima, no dia 4 de agosto passado. Vescovi Braga 4«Nestes dias estivemos realmente felizes. Vivemos como irmãos. Sentimo-nos livres e pudemos abrir o coração um com o outro. O único Mestre esteve entre nós de verdade. E sentimo-nos na casa de Maria», disse o cardeal Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij, arcebispo de Bancoc e moderador do encontro, resumindo a experiência feita, ao final. Os bispos foram acolhidos, por convite de D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, no Centro Apostólico “Mater Ecclesiae”, adjacente ao Santuário de Nossa Senhora de Sameiro. Ambiente muito propício para enfrentar, num clima tranquilo, questões como o cenário do mundo atual, com o especialista em política internacional Pasquale Ferrara, ou a reforma da Igreja nos passos de Papa Francisco, com o teólogo Piero Coda. Com estas perspectivas eles dialogaram sobre como ser bispos com um estilo sinodal e colocar em ato uma cultura pastoral marcada pela comunhão. Vescovi Braga 1Plenárias e encontros de grupo, passeios e conversas ao redor da mesa, serviram para colocar em comum situações de sofrimento e sinais de esperança: o grito de angústia que chega das Igrejas do Oriente Médio; o crescimento de uma fecunda interação entre comunidades eclesiais de base e os novos movimentos e comunidades numa grande diocese do Brasil – exemplo significativo daquilo que auspiciou a carta Iuvenescit Ecclesia publicada em junho pela Congregação da Doutrina da Fé -; os desafios e as potencialidades da enculturação num contexto plural como o da Índia; os frutos que podem brotar quando um bispo e os seus auxiliares vivem a vida em comum, e quando um bispo consegue ser irmão e amigo dos seus sacerdotes; o árduo trabalho de evangelização num contexto de grande pobreza como o de Madagascar. Vescovi Braga 7 Uma fonte de grande enriquecimento foi a participação, por dois dias, de três bispos de Igrejas não católicas, dois luteranos e um sírio-ortodoxo, e uma tarde de encontro com sete bispos de Portugal. O pano de fundo espiritual do encontro foi, de um lado, Cristo Crucificado, ponto fundamental da espiritualidade da unidade, e de outro, a paixão pela Igreja, assuntos tratados pela presidente dos Focolares, Maria Voce (“Jesus abandonado, janela de Deus – janela da humanidade”) e o copresidente, Jesùs Morán (“O gênio eclesial de Chiara Lubich e o carisma da unidade”).

Jovens sírios, atletas da alma

Jovens sírios, atletas da alma

FB_IMG_1470750480992“Eu aprendi como transformar o negativo em positivo e como transmiti-lo aos meus amigos” e “a não desesperar-me diante das dificuldades”. Numa afirmação, feita em um contexto como o da Síria, onde os jovens vivem “continuamente sob pressões psicológicas”, cada palavra tem o seu devido valor. “Infelizmente continuam a chegar da Síria notícias de vítimas civis da guerra, em particular de Aleppo”, lembrou o Papa Francisco, no Ângelus do dia 7 de agosto passado. E continuou: “É inaceitável que muitas pessoas indefesas – inclusive muitas crianças – devam pagar o preço do conflito, o preço da dureza de coração e da falta de vontade de paz dos potentes”. E exortou todos a estarem “próximos aos irmãos e irmãs sírios, na oração e com a solidariedade”. A atmosfera da guerra deteriora todos, mesmo se não faltam as sementes de esperança e é sobre elas que se continua a mirar. “Sempre pensando que deveríamos fazer algo de diferente com os jovens, para sustentá-los do ponto de vista espiritual e humano”, nos contam Lina Morcos e Murad Al Shawareb, educadores do Movimento dos Focolares, “tivemos a ideia de convidar Noha Daccache, religiosa do Sagrado Coração, libanesa, professora universitária com especialização em sociologia. Sendo o ano da misericórdia, escolhemos aprofundar o tema “a misericórdia e a oração na nossa vida cotidiana”. FB_IMG_1470750449838_b“Desde a preparação – totalmente feita via WhatsApp –  sentia-se uma grande maturidade”, que foi demonstrada depois, durante o programa dos três dias (de 10 a 13 de junho passado). O aprofundamento da Irmã Noha sobre a misericórdia e a oração e, também, sobre a Sagrada Escritura – que tocava a vida espiritual dos jovens – suscitou perguntas e momentos de reflexão. “Mas, nos demos conta, já no primeiro dia, de estarmos muito estressados por causa da situação que estamos vivendo, e assim fizemos uma hora de diálogo, depois alguém sugeriu tirarmos um tempo para rezar. Foi um momento muito forte, com cantos e meditações, no qual os jovens fizeram orações espontâneas pedindo, com grande fé, o dom da paz”. “No segundo dia aprofundamos vários aspectos da vida que impedem a total correspondência àquilo que Deus nos pede, dia após dia. No terceiro dia, o texto de Chiara Lubich, intitulado “Melhor do que ontem” foi de grande iluminação, porque nos indicou uma maneira concreta para amar Jesus, cada vez melhor”. Uma jovem escreveu: “Eu entendi que devo viver o momento presente com solenidade, que devo oferecer o sofrimento e vivê-lo por Jesus; todo o resto é secundário. Durante as orações eu compreendi que Jesus me dizia: estou com você”. “Vocês são jovens com grandes capacidades. Eu os levo no meu coração e rezemos intensamente pela paz”, disse a Irmã Daccache, ao se despedir. Maria Chiara De Lorenzo

Nada é impossível ao amor

Nada é impossível ao amor

Experience-01Ninguém na minha família conhecia o Movimento dos Focolares e, daquilo que lembro, o que me levava a voltar, todos os sábados, para aprofundar o Evangelho, era o fato de ter encontrado quem me queria bem de um modo desinteressado. Nasci e cresci em Ascoli Piceno (Itália), e todos os anos participava dos cursos de formação para adolescentes, consolidando assim o meu caminho na fé. Aos 19 anos precisei operar os joelhos e depois disso apresentaram-se algumas complicações. Quando estava ainda no hospital os médicos disseram que eu não poderia mais jogar vôlei e que não teria mais a total funcionalidade das pernas. Naquele momento entendi claramente o que queria dizer que “Deus é um ideal que não desmorona”, e decidi confiar Nele. Se eu não podia praticar nenhum esporte, certamente ele me teria feito encontrar outra coisa para fazer. Depois do ensino médio prossegui os estudos na universidade, mas todo sábado retornava à minha cidade para prestar serviço como animador na paróquia, aproveitando a minha habilidade para preparar brincadeiras para jovens e adolescentes. Mesmo não podendo jogar, descobri como era divertido e gratificante fazer os outros jogarem, às vezes submetendo-os a testes realmente acrobáticos! Nos mesmos anos comecei a perceber, dentro do coração, um forte chamado de Deus a consumar a minha vida por Ele, doando-me aos outros. Na Mariápolis 2007, depois de ter recebido Jesus Eucaristia, entendi interiormente qual era o meu caminho: levar o carisma da unidade na minha diocese. Era uma total escolha de Deus, colocada ao serviço de uma realidade particular. Este mergulho em Deus levou-me a viver a vida na plenitude da alegria e, em especial, permitiu-me enfrentar uma situação que, humanamente, jamais teria sido capaz de superar. Em 2010 comecei a ter novos problemas na perna que havia sido operada, depois na outra, na coluna vertebral, e em poucos meses tinha dificuldades para caminhar e ficar de pé. Os médicos não encontravam explicações e, visto que eu estava prestes a me formar, levantaram a hipótese de uma espécie de estresse nervoso ou de depressão. Eu continuava a sentir a alegria de viver com os meus companheiros de aventura ideal, e não entendia o que estava me acontecendo. Uma noite refugiei-me na igreja e rezei, diante de Jesus Eucaristia: “Se é a tua vontade que eu comece estes tratamentos, dá-me um sinal. Se, ao invés, eu tenho alguma doença incomum, faz com que eu entenda, porque quero continuar a ser uma dádiva para os outros”. Com uma enésima pesquisa foi descoberto que eu tinha uma rara doença genética, que desencadeava todos os problemas que eu estava vivendo e que, ainda hoje, obriga-me a conviver com a dor crônica. Logo os meus pensamentos foram invadidos por questionamentos e angústia. Como eu iria continuar a viver pelos outros? Entendi que o amor de Deus não mudava nem diante de todo aquele sofrimento; talvez eu o percebesse de modo diferente, mas o seu amor era sempre imenso. Então, o que eu podia fazer? Continuar a amar e a construir a unidade com todos, mesmo se agora é mais difícil, mesmo quando teria vontade de ficar sozinho. Alguns meses depois pediram-me para acompanhar um pequeno grupo de pré-adolescentes. Eu pensava: irei conseguir? Deixei o medo de lado e decidi novamente colocar-me ao serviço dos outros. Hoje devo dizer que, nestes anos, os garotos do grupo muitas vezes foram a minha força e a minha coragem. Porque amando supera-se tudo. Foram muitas as ocasiões que jamais teria imaginado que conseguiria sustentar, fisicamente, mesmo assim eu consegui, constatando que, verdadeiramente, “nada é impossível a Deus”.

Mariápolis na Terra Santa

Mariápolis na Terra Santa

Mariapoli-2016-TS_02 «Foram dias maravilhosos, experimentei paz e segurança. O diálogo nos grupos foi muito rico, especialmente no das famílias». «Agradeço a Deus pela graça que recebemos, também como casal. Entre nós havia algumas discussões, mas aqui muitas coisas mudaram. Agora estamos felizes e dispostos a nos empenhar em qualquer atividade». «Pela primeira vez fiquei ajudando com as crianças menores: uma experiência muito especial. Aprendi delas a simplicidade e como viver o amor no dia-a-dia». «Senti que devo aceitar o outro assim como é. Estou com a bateria carregada para ir adiante!». São algumas impressões, entre tantas que ecoam nestes meses, pelo mundo afora, aonde acontecem as Mariápolis, o encontro típico dos Focolares. Até aqui, nada de novo. Se não fosse verdade que essas impressões provêm da atribulada Terra Santa. «A nossa Mariápolis – escrevem de Jerusalém – aconteceu de 30 de junho a 2 de julho, em Jenin, na Palestina. Um lugar muito bonito, que facilitou a descontração e ajudou a aprofundar o fio de ouro do programa, que convidava a experimentar a misericórdia de Deus e com os irmãos. Participaram 230 pessoas, de várias localidades, muitas delas vinham pela primeira vez, e entre estas jovens, adolescentes e crianças. Havia também 20 pessoas de Faixa de Gaza, que conseguiram a permissão de sair para esta ocasião». «Entre as presenças ilustres, a do arcebispo melquita da Galileia, D. Georges Bacaouni, cujas palavras foram de grande luz – como escreveu um dos participantes – por ter encorajado todos a viverem de maneira que as pessoas que nos circundam vejam que amamos Jesus». Mariapoli-2016-TS_04«Sendo o Ano da Misericórdia, estava no programa um momento que chamamos “tu a tu com Deus”. Após um profundo exame de consciência, diante de Jesus Eucaristia, cada um podia escrever os passos que devia dar para crescer no amor para com Deus e com os outros, para depois queimar aquela folha numa grande fogueira, símbolo da misericórdia de Deus. Depois desse momento solene, uma senhora de Gaza confidenciou-nos, com grande alegria: “Eu o fiz, perdoei todos. Agora recomeço desde o princípio”». Havia ainda quem reencontrava o contato com os Focolares, depois de muito tempo. «Retorno à Mariápolis depois de 15 anos, mas estou vivendo como se fosse a primeira vez. Escutando os temas de Chiara Lubich entendi que cada momento é possível retomar o passo, junto com os outros, basta recomeçar e amar no presente. Experimentei novamente que quando estamos juntos existe uma força especial que nos dá energia para prosseguir».

A JMJ começa agora

A JMJ começa agora

2016-LA STANCHEZZAAnthony é de Chicago, veio com outros 26 amigos para a JMJ. Ele conta: «Estou habituado, na minha cidade, que cada um cuida de si mesmo, sem se preocupar com os outros. Quando estávamos caminhando, para chegar ao Campus Misericórdia, uma pessoa saiu de casa e nos deu uma bandeja cheia de sorvetes… outra nos deu água… não podia acreditar no que eu estava vendo!». Antonel é romeno, de origem húngara: «Mesmo se moro na Romênia falo pouco a língua e tenho pouco contato com os romenos. Na verdade, nós nos sentimos húngaros, não romenos. Na JMJ estávamos num grupo juntos, romenos e húngaros, e foi uma experiência inacreditável! Aprendi mais a língua romena naqueles dias do que em toda a minha vida, senti que éramos realmente irmãos. Muitos preconceitos desmoronaram!». E Anna, da Itália: «Nós tínhamos malas muito pesadas, uma família nos convidou a entrar em casa e se ofereceu a guardá-las até o dia seguinte, quando voltássemos do Campo Misericórdia. Não nos parecia verdade! Na volta eles nos fizeram entrar, nos ofereceram sucos, nos fizeram descansar. Ficamos um pouco com eles e depois retomamos o caminho…». 20160308messaGMGEles são como um rio em plena cheia… acabaram de chegar de Cracóvia, mais de 10 horas para uma viagem de apenas 180 km. Cansados, mas felizes, cheios de ânimo e entusiasmo. As palavras do Papa entraram profundamente nos corações. «A JMJ, podemos dizer, começa hoje e continua amanhã, em casa, porque é lá que Jesus quer encontrar você de agora em diante – disse o Papa Francisco durante a Missa no Campus Misericórdia -. O Senhor não quer ficar apenas nesta linda cidade ou nas belas recordações, mas deseja ir para a sua casa, habitar a sua vida de cada dia: o estudo e os primeiros anos de trabalho, as amizades e os afetos, os projetos e os sonhos». São mais de 600, e depois da inesquecível experiência da JMJ, reúnem-se por cinco dias em Jasna, nos Montes Tatra, na Eslováquia. Desejam fazer com que as palavras do Papa penetrem em suas vidas, e entender como colocá-las em prática. São jovens do Movimento dos Focolares, de 33 países, da Austrália ao Brasil e Argentina, de Portugal à Rússia. Além das palavras do Papa, eles jamais esquecerão a experiência de acolhida e fraternidade que viveram. São dias intensos que os esperam. O título do encontro é significativo: “You Got(d) Me!” (“Raptaste-me” ou “Tu, Deus, Eu”). Na  programação, além da imersão na maravilhosa natureza dos Montes Tatra, há três temáticas essenciais: o relacionamento com Deus, o relacionamento consigo mesmo e o relacionamento com o outro. Tudo com o pano de fundo das palavras do Papa e com o desejo de não permitir que ninguém “lhes tire a liberdade” de cumprir escolhas corajosas para tornarem-se verdadeiros “construtores do futuro”. 20160308VegliaGMGO primeiro dia foi cheio de histórias… da acolhida, das ajudas mútuas, dos sorrisos, das trocas… e, certamente, do Papa! Falam sobre o convite que lhes fez a sentir que «Jesus lhe chama a deixar a sua marca na vida, um sinal que marque a história, a sua história e a de tantos outros». A não ser «jovens-sofá, mas jovens com sapatos, melhor ainda, calçados com botas». Domingos, dos Camarões, resume em poucas palavras a impressão de muitos outros, a de que «o mundo unido é possível, que podemos chegar à fraternidade universal». «Como dizia o Papa, devemos construir pontes e dar-nos as mãos. Eu julgava os países que provocam tantas guerras na África e, enquanto o Papa falava, sentia que devo mudar a minha mentalidade e começar a construir pontes. Construindo pontes chegamos à fraternidade, mas com o ódio as destruímos. Assim Jesus permitiu duplicar a minha fé. Muitas vezes, na minha vida, questionei porque existe o sofrimento no mundo, e entendi que lá está Jesus, que tornou-se “feio” para depois “embelezar”. Quero ser um instrumento para os outros, ser protagonista na edificação de pontes. Se colocarmos a mão na massa chegaremos a viver o testamento de Jesus: “que todos sejam um”». E Eva, da Eslováquia: «Ficamos tocados quando o Papa Francisco abençoou os nossos sonhos e os nossos pés, dando um significado a todo esforço que fizemos». «A JMJ nos faz ver que é possível um mundo novo – concluem -. Cabe a nós construí-lo, com os pequenos passos que damos todos os dias”». Homilia do Papa Francisco na Missa da JMJ – Campus Misericórdia, 31 de julho de 2016 Vigília de Oração com os jovens – Discurso do Santo Padre, 30 de julho de 2016 Via Sacra com os jovens – As palavras do Papa