Jan 4, 2016 | Focolare Worldwide, Senza categoria
Há uma atmosfera de festa em Resita, um município romeno de quase 90 mil habitantes, situado na fronteira com a Sérvia. Desde ontem à noite começaram a chegar os primeiros jovens, católicos da Itália, recebidos com uma cerimônia oficial na igreja ortodoxa mais antiga da cidade; e alojados com as famílias de seus coetâneos romenos. Hoje estão chegando os jovens ortodoxos daqui, alguns de ônibus, outros de carro e até à pé. A prefeitura organizou um momento inicial de saudação, antes que toda a comitiva se dirija a Baile Herculane, vila turística no sudoeste do país, onde acontecerá o “acampamento ecumênico”. As palavras do vice-prefeito exprimem prazerosas congratulações pela experiência de intercâmbio entre a paróquia romena da Assunção de Maria, e a de Borgo Santa Maria, em Pesaro (Itália), que já dura oito anos. Seguem as intervenções de jovens, italianos e romenos. A nota dominante é a alegria de descobrirem-se irmãos, unidos na mesma fé cristã. Um liame que recebe ainda mais vigor do objetivo comum de querer construir um mundo mais unido, que desejam aprofundar com uma partilha verdadeira e sincera durante os dias de acampamento. Conhecendo-os mais profundamente, descobre-se que entre eles não há somente católicos e ortodoxos. Gabor, por exemplo, é calvinista, outros são evangélicos. Mas aqui são apenas cristãos, acompanhados pela orientação sapiente e afetuosa de seus párocos. Vir à Resita não foi uma opção casual. A cidade está na região de Banat, cuja vocação, há dezenas de anos, é a tolerância e a abertura. Aqui convivem 18 etnias diferentes, pertencentes à várias igrejas cristãs. Anna veio porque acredita na unidade entre os cristãos e quer dar a sua contribuição para que seja atuada o mais breve possível. Joseph estuda medicina, mas quando terminar o curso deseja preparar-se ao sacerdócio. Emil quer ser diretor cinematográfico. Mateus ainda não tem nenhuma certeza sobre o que estudar, e muito menos sobre o que quer fazer na vida. Sabe apenas que quer fazer parte desse projeto para construir a unidade, em todos os níveis. Não sabem como será o seu futuro, mas acreditam no ideal que os une. Esperam que estes sejam dias de comunhão e amizade profundas, baseadas no mesmo amor que cada um tem por Jesus e pelo “seu sonho”: que todos sejam um.
Na China a iniciativa é relacionada à paz e à fraternidade. Os protagonistas são sempre eles, os jovens. Mas com a intenção de envolver pessoas de todas as idades. A proposta é clara: no dia 11 de cada mês, de novembro a abril, quem quiser renuncie a uma refeição, ou um lanche, ou qualquer coisa supérflua que gostaria de comprar, para dar o valor correspondente aos pobres. A importância pode ser enviada por meio de um “red pocket”, via redes sociais. Para que todos se lembrem, criaram um adesivo para colocar nas carteiras do passe de ônibus, com o logo dos Jovens por um Mundo Unido e seis “thumbs up” (o polegar para cima em sinal de ok!), para serem coloridos cada vez que se adere à iniciativa. Com alegria e surpresa, em poucas horas chegou um bom número de “red pochets”, acompanhados de mensagens de gratidão e encorajamento. Parecia um tantã sonoro que difundia paz, generosidade, compromisso. Até agora foram recolhidos 844 euros, uma contribuição pequena, podemos pensar, mas cheia de significado pelas mensagens que sempre acompanham as doações. Na China, o dia 11 de novembro era dedicado às pessoas não casadas e às compras. Houve quem renunciou ao lanche ou até a uma refeição mais suntuosa. Uma jovem escreveu: “Não encontrei nada para comprar, porque tudo era muito caro. Depois fiquei feliz em saber da iniciativa de vocês, que me permite dar essa minha pequena contribuição para quem mais precisa”. Gustavo Clariá
Jan 1, 2016 | Focolare Worldwide
A mensagem do Papa Francisco, neste Ano Jubilar da Misericórdia, mais do que nunca solicita viver pelo imenso dom da paz. Um apelo forte, que sacode as consciências e convida à conversão. Paz e Misericórdia: dois elementos imprescindíveis para a convivência humana, e com o mundo criado. Duas palavras das quais hoje tomamos maior consciência pelos efeitos da sua ausência. Na mensagem papal, um trecho que falava de Jesus me fez retornar à minha terra. É tocante para mim – árabe, católica, de origem palestina – rever o comportamento de Jesus seguindo o lema “vence a indiferença e conquista a paz”. Tendo passado por esses lugares, posso afirmar que Ele viveu como Pessoa entre pessoas e narrou parábolas divinas extraindo-as da vida cotidiana. Infelizmente, ainda hoje a minha é uma terra onde a paz não é conhecida na sua integralidade, e ainda assim nela nasceram as três grandes religiões monoteístas. No Estado de Israel habitam oito milhões de pessoas, e quatro milhões nos Territórios Palestinos. Nas duas localidades os cristãos são apenas 2% da população, pertencentes a várias Igrejas: católica, ortodoxa, armênia, siro-ortodoxa, copta, luterana e outras. Uma terra pequena, mas vasta pelas suas dimensões multirreligiosas, multiculturais e multiconfessionais. Uma terra que viu tantas invasões e conquistas, e muitos conflitos que continuam ainda hoje. A possibilidade de viver pacificamente é um caminho que ainda deve ser percorrido, muito embora não faltem, aqui e ali, tentativas de encontrar uma solução política justa e duradoura. Medos e desconfianças recíprocas levantaram muros de divisão entre uma parte e outra da população, mas os mais difíceis de serem abatidos são a hostilidade e as suspeitas dentro do coração. Tocam-me profundamente as palavras do Papa: “A nível individual e comunitário, a indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e da apatia, que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem, por sua vez, levar a conflitos ou de qualquer modo gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e insegurança”. Nos anos que morei em Jerusalém empenhei-me, com muitos outros, a difundir o espírito de diálogo verdadeiro e sincero entre o mundo árabe e o judaico, por meio da amizade e do afeto que somente os relacionamentos humanos podem criar. Na verdade, falar de paz apenas em senso político não é tão eficaz se antes não se constrói a relação entre as pessoas. Daqui nasceram momentos de encontro entre jovens, famílias, estudiosos das duas partes, que produziram gestos concretos de reaproximação, solidariedade e respeito recíproco. “Vence a indiferença e conquista a paz”. Uma mensagem que faz florescer na alma uma nova esperança. O Papa nos adverte dizendo: “Algumas pessoas preferem não indagar, não se informar e vivem o seu bem-estar e o seu conforto, surdas ao grito de angústia da humanidade sofredora. Quase sem nos dar conta, tornámo-nos incapazes de sentir compaixão pelos outros, pelos seus dramas; não nos interessa ocupar-nos deles, como se aquilo que lhes sucede fosse responsabilidade alheia, que não nos compete”. A mensagem do Papa Francisco seja para nós um estímulo para uma mudança real. Que 2016 veja-nos todos firmemente e confiantemente comprometidos, em diferentes níveis, a realizar a justiça e agir pela paz. Sim, esta última é dádiva de Deus, mas é confiada a todos os homens e mulheres do mundo. Cabe a cada um de nós realizar esta meta.
Dez 31, 2015 | Focolare Worldwide
Dez 29, 2015 | Focolare Worldwide
«Sonhei um focolare nos mocambos – escreve em seu diário Chiara Lubich, no dia 21 de abril de 1964, durante uma viagem ao Brasil – construído como um mocambo. Porque a nossa casa deve se assemelhar com o ambiente no qual se desenvolve o nosso principal apostolado ». Ainda que à distância de anos, o sonho se realiza. Lucival, Helson, Keles (brasileiros), Estimable (haitiano), Fabrizio (italiano), há quase um ano deixaram a casa deles na capital Florianópolis para se transferir para o morro, uma das muitas “periferias existenciais” do mundo. “Como está indo?”, perguntamos a estes focolarinos. «Procuramos sobretudo nos inserir no novo ambiente. Keles trabalha na escola Marista, que no morro desempenha grande importância educativa e social para crianças e adolescentes. Lucival – que trabalha na Fazenda da Esperança, uma comunidade de recuperação para jovens tóxico-dependentes – se empenhou na Associação de Moradores “Alto da Caieira”, uma organização para tutelar os direitos dos habitantes do morro». Sabemos que ser aceitos pelas pessoas das favelas nem sempre é fácil. Estes cinco jovens estão experimentando isso, ajudados também pelo padre Vilson Groh, que presta serviço no morro há mais de trinta anos. «É estando com as pessoas – dizem – que surgem as ideias. Por exemplo, alguém lançou a proposta de celebrar a missa nas casas, por turnos. Assim faz uns dois meses que a cada quinta-feira se está fazendo isso. Enquanto que na quarta-feira, sempre em casas diferentes, se reza o rosário dos homens (uma prática bastante comum no Brasil). Não são grandes números (em torno de 10/12 pessoas), mas é uma semente lançada. Que já está dando os seus frutos, no sentido que, aos poucos, vemos aumentar o conhecimento e a confiança, seja para conosco, seja recíproca entre eles. Cresce o senso de responsabilidade comunitária, sentir como próprias as carências e as necessidades do outro».
Tem algum episódio para exemplificar? «Havia um homem dependente de álcool que dormia num “lixão”. Pe. Vilson falou disso com a comunidade, que “arregaçou as mangas” para inseri-lo num caminho de recuperação. Literalmente reconstruíram a moradia dele (um barraco de madeira, de mais ou menos 3m x 4m), que inclusive mobiliaram, um trazendo um fogão, outro a cama, outro ainda a geladeira, etc. Duas semanas atrás, entre os 15 adolescentes crismados, ele também estava. E na quinta-feira da semana passada, a missa foi celebrada na sua casa. Também ficamos sabendo da situação igualmente desumana de uma mulher e é ainda a comunidade que está se ocupando para ajudá-la. Assim como são eles mesmos que distribuem, a quem tem mais necessidade, tudo o que conseguimos obter de roupas e alimentação». E como sinal de que os relacionamentos estão realmente se aprofundando, contam que na última sexta-feira umas vinte pessoas se encontraram no focolare para a “confraternização”, um momento de festa pelo Natal, onde cada um levou alguma coisa. Também aqui, no morro, não só comeram juntos o “churrasco”, célebre prato brasileiro à base de carne, mas festejaram Jesus que mais uma vez não despreza nascer – como em Belém – na pobreza de uma favela. Chiara Lubich – Diário de Viagem 1964/65 – Cidade Nova 1991.
Dez 28, 2015 | Focolare Worldwide

O metropolita de Cluj-Napoca, Andrei Andreicut
Travar conhecimento, dialogar, aprofundar a comunhão. Era essa a exigência que, ainda em 2004, havia levado a Faculdade de Teologia Ortodoxa de Cluj-Napoca e os membros do Movimento dos Focolares e iniciar um frutuoso intercâmbio espiritual e de experiências de vida. Com o tempo essa comunhão enriqueceu-se com um curso de ecumenismo que desembocou, nos últimos anos, em um diálogo também no plano teológico. O desejo compartilhado era que a teologia ortodoxa e o carisma da unidade de Chiara Lubich se encontrassem. E chegou-se, este ano, depois do acordo de colaboração firmado entre a faculdade romena e o Instituto Universitário Sophia (IUS), de Loppiano (Florença, Itália), a um Simpósio entre as duas instituições acadêmicas, realizado em Cluj-Napoca, de 26 a 28 de novembro. O simpósio foi aberto pelo metropolita de Cluj-Napoca, Andrei Andreicut, com palavras de encorajamento ao precioso caminho de comunhão. Também o bispo Vasile Somesanul, há anos protagonista dessa experiência, desejou estar presente. As palestras foram ministradas, da parte do Movimento, por professores do IUS, entre os quais o reitor, Piero Coda. Da parte ortodoxa, pelo decano, Padre Vasile Stanciu, com qualificados docentes de três faculdades, de Cluj, Sibiu e Alba Iulia. Algumas aulas foram feitas a duas vozes, como as de ecumenismo e de Sagrada Escritura, apresentadas juntas.
As várias conferências abordaram o tema do Espírito Santo, como exprimia o título do Simpósio: A grande doxologia do Espírito Santo na teologia de São Basílio, o Grande. A ação do Espírito Santo na Igreja e na criação. Segundo os participantes, «foi uma experiência tangível do Espírito Santo, seja pela luminosidade das exposições, seja pela palpável comunhão em Deus». «Pudemos comprovar que quando existe a intenção de ser dom, o encontro é possível», disse um dos participantes. Outro salientava «a grande sintonia entre todos e a alegria de poder compartilhar as riquezas de cada um». Foram numerosos os ouvintes das aulas ministradas por Piero Coda na Faculdade de Teologia ortodoxa, especialmente estudantes da própria faculdade, mas também das outras três faculdades de teologia presentes em Cluj, romano-católica, grego-católica e evangélica. Importante o debate sobre o futuro da Europa, organizado pelo Centro ecumênico de Sibiu, que teve como relatores principais o professor Piero Coda e o escritor Andrei Plesu, importante intelectual romeno. O Simpósio foi ainda a ocasião para projetar o futuro, que promete uma colaboração ainda maior. Para o próximo ano acadêmico prevê-se um intercâmbio de professores entre a Faculdade ortodoxa e o IUS, e existe também a perspectiva de um seminário, em Sophia, na primeira metade de 2017.
Dez 26, 2015 | Focolare Worldwide
Também no pequeno país centro-americano, com uma forte ascendência indígena e, portanto, sensível aos contrastes sociais, são nove os empresários guatemaltecos que desde o mês de junho passado se inscreveram num curso de EdC. Assim, numa frequência mensal estão aprofundando os fundamentos do projeto, também se confrontando com experiências já em andamento em outras partes do mundo. «O texto base – explica Sandra Macário, coordenadora do curso – é o livro de Luigino Bruni “O preço da gratuidade”, mas frequentemente também fazemos conexões Skype com outros empresários EdC da Cidade do México e de outras partes da América Latina». No dia 26 de novembro o curso organizou um open day convidando todos os que estivessem interessados num ‘café da manhã de final de ano’, típico destes países, com sabores característicos de milho e feijão. Participaram 40 pessoas. O hóspede de honra era Maria Luisa Altamirano do México, que compartilhou a sua experiência de empresária suscitando perguntas e abordagens entre os participantes. Além dos que frequentavam o curso, também tomou a palavra o empresário brasileiro Ismael Yos, que fizera o mesmo curso no Brasil. Entre os testemunhos, foi tocante a narração do arquiteto guatemalteco Jorge Mario Contreras. Ele nem sempre pode contar com trabalhos contínuos, por isso tem uma associação de trabalhadores a quem se dirigir vez por vez. Eles sabem que o trabalho é escasso e entendem que quando não trabalham para ele devem ir a outros lugares procurando trabalho onde for possível. Às vezes os trabalhos são exigidos com muita urgência. Como aquela vez em que se devia reestruturar e reaparelhar um Centro de Diálises. Pelo cancelamento de um contrato com outra empresa e a consequente suspensão do serviço, o seu encaminhamento era mais do que urgente. Havia a necessidade de pedreiros para adaptar os locais, de técnicos para por em funcionamento maquinários. Contreras apresentou a sua oferta, cujas condições foram consideradas todas favoráveis, menos os prazos de entrega que a comissão pedia que fossem reduzidos pela metade, tendo como pena a não concessão do trabalho. Um problema impossível de resolver. A última carta a jogar era o diálogo com os trabalhadores. Um conceito, este do diálogo, que Contreras há tempo tinha assumido e introduzido como um dos pilares da sua atividade de trabalho. Um estilo de vida que neste momento crítico demonstrou toda a sua eficácia. A proposta aos trabalhadores de fazer jornadas duplas foi unanimemente aceita, não só para não deixar de lado um trabalho, mas porque tinham confiança nele e entre eles. Contra todas as previsões técnicas, o trabalho foi feito nos prazos, e os pacientes à espera receberam o tratamento no momento concordado.
Noutra ocasião Contreras recebeu um telefonema de um de seus dependentes. Era de manhã cedo, um horário em que normalmente não se deveria incomodar o patrão. Mas a situação era grave: a filha pequena estava passando mal e precisava urgentemente de um medicamento caro e o operário não tinha dinheiro para comprá-lo. Contreras o ouviu como um irmão: “Agora começo a rezar pela sua filha. – lhe disse – Assim que abrirem os bancos farei o depósito do dinheiro necessário”. Contreras conta que sentiu que a sua empresa “tinha se tornado uma família”.