Movimento dos Focolares

Chiara Lubich: A criança evangélica

Ago 16, 2021

Chiara Lubich nos lembra que o reino de Deus pertence a quem se assemelha a uma criança. Porque a criança se abandona com confiança ao pai e à mãe: acredita no amor deles. Assim como a criança, o cristão autêntico acredita no amor de Deus, se lança nos braços do Pai celeste.

Chiara Lubich nos lembra que o reino de Deus pertence a quem se assemelha a uma criança. Porque a criança se abandona com confiança ao pai e à mãe: acredita no amor deles. Assim como a criança, o cristão autêntico acredita no amor de Deus, se lança nos braços do Pai celeste. Jesus sempre surpreende com o seu modo de agir e de falar. Ele se distancia da mentalidade comum que considerava insignificantes as crianças sob o ponto de vista social. Os apóstolos não querem que elas fiquem perto dele, do mundo dos “adultos”: elas só iriam atrapalhar. Também “os sumos sacerdotes e os escribas ficaram indignados, ao ver […] as crianças que gritavam no templo: ‘Hosana ao Filho de Davi!’” e pediram que Jesus restabelecesse a ordem. Mas Jesus tem uma atitude completamente diferente: chama as crianças, as abraça, estende as mãos sobre elas, as abençoa e as coloca até mesmo como modelo para os seus discípulos: “… a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus”. Em outra passagem do Evangelho Jesus diz que, se não nos convertermos e não nos tornarmos como crianças, não entraremos no Reino dos Céus. Mas por que o Reino de Deus pertence a quem se assemelha a uma criança? Porque a criança se abandona confiante aos cuidados do pai e da mãe: crê no amor deles. Quando está nos braços deles, se sente segura, não tem medo de nada. Mesmo quando percebe algum perigo ao seu redor, basta que ela abrace com mais força o pai ou a mãe para logo se sentir protegida. Às vezes pode parecer até mesmo que o pai deixa o filho em dificuldades: por exemplo, para tornar mais emocionante um salto. Mesmo assim a criança se joga, confiante. É assim que Jesus quer o discípulo do Reino dos Céus. Assim como a criança, o cristão autêntico acredita no amor de Deus, se lança nos braços do Pai celeste, tem uma confiança ilimitada nele; nada mais lhe faz medo, porque nunca se sente só. Mesmo nas provações, ele crê no amor de Deus, acredita que tudo aquilo que acontece é para o seu bem. Quando tem uma preocupação, ele a entrega ao Pai e, confiante como a criança, tem certeza de que Ele tudo resolverá. Assim, como uma criança, o cristão se abandona completamente nele, sem pensar muito. As crianças dependem dos pais em tudo: comida, roupa, casa, cuidados, instrução… Também nós, “crianças evangélicas”, dependemos em tudo do Pai: ele nos alimenta como alimenta os pássaros do céu, nos veste como veste os lírios do campo, conhece e nos dá aquilo de que precisamos, ainda antes que nós o peçamos. Até mesmo o Reino de Deus, não somos nós que o conquistamos; nós o recebemos como um dom das mãos do Pai. E ainda mais: a criança não pratica o mal porque nem o conhece. […] A “criança evangélica” põe tudo na misericórdia de Deus e, esquecendo o passado, começa a cada dia uma vida nova, disponível diante das sugestões do Espírito, sempre criativo. A criança não aprende a falar sozinha, tem necessidade de alguém que a ensine. O discípulo de Jesus não segue os próprios raciocínios, mas aprende tudo da Palavra de Deus, até o ponto de falar e viver conforme o Evangelho. O filho tende a imitar o próprio pai. Quando alguém lhe pergunta o que vai ser quando crescer, muitas vezes ele diz que seguirá a profissão do pai. Assim também a “criança evangélica” imita o Pai celeste que é o Amor, e ama como Ele ama: ama a todos, porque o Pai “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos”; é a primeira a amar porque Ele nos amou quando éramos ainda pecadores; ama gratuitamente, sem interesses, porque o Pai celeste faz assim… É por isso que Jesus gosta de estar rodeado pelas crianças e as apresenta como modelo. […]

Chiara Lubich

Palavra de Vida de outubro de 2003 In Parole di Vita, a cura di Fabio Ciardi, Opere di Chiara Lubich, Città Nuova, 2017, pag. 702  

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