Movimento dos Focolares

Chiara Lubich aos Jovens por um Mundo Unido

Mai 8, 2016

Dar uma "alma" ao mundo. Desencadear uma revolução de amor. A mensagem que Chiara Lubich escreve aos Jovens por um Mundo Unido, no dia 26 de abril de 1998, do Brasil, onde se encontra para a última visita que fará ao país.

1271678«Caríssimos Jovens por um Mundo Unido, Sei que vocês desejam receber uma mensagem minha que contribua também para o sucesso da Semana Mundo Unido. Que tema desejo abordar? Não posso escolher outro mais indicado do que a finalidade pela qual vocês trabalham: o mundo unido. Mas é sensato falar de “mundo unido”? Um mundo unido é previsível, de modo que a atenção que a isso dedicamos e as forças que ali empregamos possam cooperar para alcançar realmente esse objetivo um dia? Ou trabalhamos por uma pura utopia, irrealizável e imaginária, como alguém pode pensar? Vivemos num tempo em que as indicações de que o mundo se encaminha para este objetivo não faltam. Em primeiro lugar a convicção de que a unidade é um sinal dos tempos. E quem possui qualidades particulares e competência para examinar a nossa época afirma que o mundo se encaminha para a unidade. Eu já lhes falei sobre isso várias vezes, e alguém deve lembrar, mas focalizando principalmente o seu aspecto religioso. Porém, a busca da unidade, nesta época, não se delimita a este campo; ela se move também no campo político. Sem mencionar a ONU que é integrada por quase todos os países do mundo, na África, por exemplo, existe a Organização da Unidade Africana, composta por quase todos os países africanos. Na Ásia existem várias associações de países como: a Organização da Conferência Islâmica, que abrange 53 países muçulmanos, e a Associação dos Estados do Sudeste Asiático, etc. Na América recordamos a Organização dos Estados Americanos (do Norte, Centro e Sul) e a Associação Latino-Americana de Integração. Na Europa existe a Comunidade Econômica Europeia, que compreende também os países do Leste, e a União Europeia. No mundo também abordaram este tema muitos pensadores sábios, de culturas diferentes e seria bom conhecê-los. Mas aqui no Brasil, de onde lhes transmito esta mensagem, não disponho desse material. Citarei apenas algumas reflexões dos últimos Papas, os quais, por serem pessoas santas e competentes, fazem afirmações que podem interessar a todos no mundo. Papa Pio XII, João XXIII e Paulo VI exprimiram ideias parecidas com estas. Paulo VI, na Populorum Progressio, diz: “Quem não vê a necessidade de instaurar paulatinamente uma autoridade mundial capaz de agir com eficácia no plano jurídico e político?”. O Papa atual exprimiu-se assim no nosso Genfest 1990: “Realmente esta perspectiva parece mesmo emergir dos multíplices sinais dos tempos: a perspectiva de um mundo unido. É a grande expectativa dos homens de hoje, a esperança e, ao mesmo tempo, o grande desafio do futuro. Nós percebemos que nos encaminhamos para a unidade sob o impulso de uma excepcional aceleração“. Caríssimos jovens, vocês aspiram, vocês trabalham por um mundo unido. E o que fazem? Atividades que podem até parecer pequenas e desproporcionais diante do objetivo estabelecido, embora as intenções sejam significativas. Talvez, quando vocês forem maiores, alguns irão trabalhar diretamente em várias organizações orientadas ao mundo unido. Se bem que tudo isso já será muito útil, eu creio que não será nem uma coisa nem outra que dará a contribuição decisiva. A chave da questão será oferecer ao mundo, neste processo rumo à unidade que o investe, uma alma. E esta alma é o amor. Vocês devem desencadear ali onde estão, em todos os países em que vivem, a revolução do amor. Hoje é insuficiente fazer beneficência ou dar assistência, se bem que em ambos os casos se doe por amor. Hoje é essencial “ser o amor”, isto é, sentir o que o outro sente, viver o que ele vive e almejar a unidade segundo a nossa espiritualidade de fogo, já acesa em várias partes do nosso planeta, também graças a vocês. João Paulo II afirmou ainda no Genfest 90: “Estejam conscientes de que – e eu repito – a estrada para um mundo unido… é percorrida construindo relacionamentos solidários e a solidariedade tem a sua raiz na caridade” (no amor). Portanto, estabeleçam relações de unidade que estão enraizadas no amor. Primeiramente vocês devem viver este amor entre vocês. E assim conseguirão realizá-lo com muitos, muitos, em todos os lugares que frequentarem: no meio do povo, por exemplo, com aqueles que governam os destinos dos povos, nas instituições, nas organizações pequenas e grandes do mundo… em toda a parte. Só assim é que as intenções de quem as instituiu alcançarão o objetivo e se trabalhará realmente por um mundo unido. Coragem, então, Jovens por um Mundo Unido. Sigam o mais fascinante e esplêndido Ideal que existe na face da terra. E vocês não estão sozinhos! Vocês, que se honram com o nome de “cristãos”, sabem que agindo assim Cristo estará entre vocês. E todos vocês, de qualquer convicção e crença religiosa, sabem que a união faz a força. Então avante: comecem ou continuem com o mesmo entusiasmo que os caracteriza e com a determinação que não lhes falta. Eu, todos nós, estamos com vocês… em vista da vitória final, que chegará quando Deus quiser. Mas quem recolherá, se hoje ninguém semeia? Cabe a vocês esta tarefa, no hoje da história, que na verdade dá a entender que não está longe o objetivo pelo qual vivem.» Chiara Lubich

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