Um pacto educativo a ser reconstruído harmoniosamente entre família, escola, instituições civis e cultura. É o conceito fundamental do projeto das Scholas Occurrentes [escolas que respondem às necessidades, que estão próximas], que tiveram origem na Argentina por iniciativa do então arcebispo de Buenos Aires, Dom Jorge Bergoglio, atualmente lançadas em diversos países. “Scholas quer de alguma forma, reintegrar o esforço de todos pela educação, quer refazer harmoniosamente o pacto educativo porque somente desta forma, se todos nós, responsáveis pela educação dos nossos adolescentes e jovens, nos harmonizarmos, a educação pode transformar-se. Por isso Scholas busca a cultura, o esporte, a ciência, por isso busca as pontes, sai do ‘circunscrito’ e vai à procura de adolescentes e jovens mais ao largo. Atualmente existe a atuação, em todos os continentes desta interação, deste conhecimento”, afirmou Papa Francisco, na conclusão do IV congresso mundial, realizado no Vaticano, de 2 a 5 de fevereiro passado. O auge deste dias foi a videoconferência com alguns adolescentes portadores de deficiência que participam dos programas de inclusão escolástica nas 400 mil escolas ligadas pelo projeto. Entre os quais Isabel, de 13 anos, portadora de deficiência visual, que pratica ginástica atlética e que pediu ao Papa para dizer a quem está em dificuldades “para não entregar-se porque, com um pouco de esforço, pode-se atingir a meta desejada.” Sim, porque “em todos vocês existe um cofre”, afirmou Papa Francisco, durante a videoconferência aos adolescentes “e dentro dele tem um tesouro. O trabalho de vocês é abrir o porta-jóias, retirar o tesouro, aumentá-lo, doá-lo aos outros e receber o tesouro deles.” Participaram mais de 250 especialistas em matéria de educação e responsabilidade social, de credos e culturas diferentes, delegações de organizações esportivas, bem como representantes do mundo da arte, do teatro, da cultura e de sociedades de tecnologia da informação e da comunicação que, por meio de tecnologias mais avançadas, permitem “construir uma sala na qual todos encontrem lugar”, como afirmou José María del Corral, diretor de Scholas.
Redescobrir, portanto, a atividade lúdica como caminho educativo, educar para a beleza, encontrar a harmonia entre a “linguagem da cabeça” e a “linguagem do coração” são as pistas para o trabalho da educação delineadas pelo Papa, no seu discurso. Fagulha inspiradora para os protagonistas envolvidos, participantes do simpósio de Scholas, que nos dias precedentes haviam apresentado experiências e projetos educativos nos quais aprendizagem e solidariedade fundem-se em uma linha pedagógica inclusiva: alunos com necessidades especiais, dependências, pobreza, cuidado com o ambiente. A este respeito foram apresentados, entre outros, alguns projetos que tiveram início no âmbito dos Focolares, como o Projeto Udisha, na Índia; a mobilização contra o jogo de azar, promovida por Slot Mob , na Itália e o projeto Living Peace no Egito. Duas manhãs foram dedicadas especialmente ao aprofundamento da pedagogia do Aprendizado e Serviço Solidário, desenvolvida nos Estados Unidos a partir da década de 1960 e que, nos últimos 20 anos, foi promovida por Maria Nieves Tapia, membro dos Focolares, junto a muitas outras pessoas das mais diferentes redes e organizações. Com o Centro Latino-Americano de Aprendizagem e Serviço Solidário (CLAYSS, http://www.clayss.org) procura-se também atuar esta pedagogia no diálogo com as pesquisas sobre a fraternidade e pro-socialidade. Neste simpósio a mesma pedagogia foi apresentada nos seus princípios teóricos por Carina Rossa, participante da EIS LUMSA (Educar ao Encontro e à Solidariedade) e da EDU (Educação e Unidade) e a rede das Scholas assumiu o compromisso de implementá-la. “O benefício de tudo isto será a favor dos jovens”, concluiu Papa Francisco, evidenciando desta maneira a importância deste trabalho que conduz à construção de pontes entre jovens de todas as nações e credos religiosos, educando à paz e à fraternidade. E mais, ele afirmou ainda: “Não mudaremos o mundo, se não mudarmos a educação.” Um real e verdadeiro “plano de resgate” em ação, como o próprio Papa definiu em outras ocasiões, para conter a cultura do descarte que não está deixando lugar na sociedade para uma inteira geração de crianças e jovens. E para continuar acreditando que “a vida é um precioso tesouro, mas, que tem sentido somente se a doarmos.” Informações para aderir ao projeto: www.scholasoccurrentes.org
Acolher as diferenças, procurar aquilo que nos une
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