Movimento dos Focolares

Equador: um laboratório de intercultura

Jun 22, 2017

O encontro com a comunidade afro-equatoriana de Esmeraldas, na costa do Pacífico, marcada pela pobreza, mas rica de dignidade e valores. Premissas para uma verdadeira escola de intercultura.

IMG-20170430-WA0013Colocar-se na escuta. Com este espírito, Gabriela Melo e Augusto Parody, do Centro Internacional dos Focolares, colocaram-se em viagem para visitar as numerosas comunidades do Movimento que pontilham a América Latina, e que os levou até Esmeraldas, no Equador, na costa do Pacífico, área povoada na maioria por afro-equatorianos. O azul límpido do céu se confunde com o do mar, e faz brilhar como uma pedra preciosa o verde da vegetação. Esta paisagem encantadora muda repentinamente, logo que se entra na parte habitada, e deixa lugar, especialmente nos bairros mais pobres como Isla Bonita, Pampon, Puerto Limon, a um aglomerado de barracas de bambu e zinco. Bandos de crianças brincam nas ruas e na praia, da manhã à noite, e, se não se intervém em tempo, na adolescência e na juventude estarão ligados à droga, ao álcool e ao “pandillerismo” (os revoltantes arrastões das gangues urbanas). IMG-20170430-WA0015Em Esmeraldas, há mais de 30 anos a espiritualidade da unidade colocou raízes, justamente entre a população afro-equatoriana: famílias, jovens, sacerdotes, crianças, que receberam o anúncio evangélico do amor mútuo fazendo que com se tornasse a lei de suas vidas. Um jorro de espiritualidade que acendeu uma nova esperança e colocou em ação novas ideias e energias. Foi o que aconteceu com padre Silvino Mina, que é um deles, e que por meio do grupo Ayuda, formado em sua paróquia, pode ir ao encontro dos casos mais urgentes de crianças e adolescentes de rua. Nasceu daqui a exigência de dar consistência a estas ajudas, tornando-se porta-voz deles inclusive junto às instituições. Foi fundada a Fundação Amiga (1992) e com ela uma escola para adolescentes em situação de risco, com o objetivo de tornar mais digna as suas vidas e ajudá-los a enfrentar o futuro, mediante programas educacionais adequados. Levando em conta o grande talento esportivo deles (Esmeraldas é conhecida como o berço dos atletas equatorianos), começaram com uma escola de futebol e, em seguida, com uma oficina de artesanato administrada pelos mesmos jovens que giravam pelas ruas. «Hoje a escola recebe 1.700 crianças e adolescentes, de 3 a 19 anos – explica Pe. Silvino – com um projeto educacional de formação global, onde se procura viver o que se aprende, envolvendo toda a comunidade educativa: alunos, professores e pais. Todo dia os alunos fazem uma refeição substanciosa, que para muitos é a única possibilidade de se alimentar; vacinação e cuidados médicos; educação à saúde e prevenção da Aids. Cuidamos também do conhecimento da cultura e das tradições afro. E não só». IMG-20170430-WA0011Com efeito, o Equador é uma encruzilhada de culturas milenárias (Quito foi uma das duas antigas capitais Incas), onde se falam várias línguas ameríndias (o Quechua, o Shuar, o Tsafiki e outras). O esforço do governo é precisamente recuperar comunidades, culturas e formas de religiosidade locais, para abrir com e entre elas um diálogo que valorize suas diversidades, com uma enriquecedora experiência de intercultura. Termo este que na nova Constituição, aprovada em 2008, aparece ao menos 11 vezes. «E se a esta exigência sócio-políticaobservam Gabriela e Augustoacrescenta-se o empenho de viver o Evangelho, como está acontecendo em Esmeraldas, são construídas comunidades onde encontram espaço e dignidade as diferentes componentes étnicas, linguísticas e religiosas, desencadeando um processo de integração que se propaga como uma mancha de óleo. Processo que só traz vantagens para o grande laboratório de intercultura que é o Equador, país que realmente pode oferecer ao mundo um modelo imitável e sustentável de encontro e de convivência».

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