«Vivemos num mundo no qual a ansiedade e o terror estão nos destruindo interiormente e fisicamente. Juntos, buscamos ser o pulmão de um renascimento de boas e construtivas relações para a busca do bem comum. Sei que somos uma gota no oceano, mas pensem quimicamente: até uma gota de corante, quando colocada num solvente, como a água, faz com que toda a água passe a tender à coloração do corante». Foi a síntese de Manfred, um dos jovens participantes da Escola de Verão organizada por Comunhão e Direito em Chiaramonte Gulfi, na Sicília (Itália). Cinco os países representados, Nigéria, Espanha, Alemanha, Holanda e Itália. Trinta os jovens presentes, que se confrontaram sobre temas candentes: “O direito na Europa entre acolhida e rejeição: imigração, segurança, ambiente”. As palestras, preparadas por professores universitários e pelos próprios jovens, evidenciaram a profunda relação entre a falta da tutela ambiental, por vezes causadora de “guerras invisíveis”, os muitos conflitos e as consequentes migrações. Apollos, refugiado da Nigéria, nos permitiu entrar profundamente no drama dos migrantes, assumir suas expectativas por justiça e buscar juntos caminhos de esperança. A Cooperativa Fc.Co., que atua em Chiaramonte Gulfi e em outras cidades italianas, é um destes caminhos: procura-se permitir aos refugiados a obtenção de um título de estudo e de um trabalho, e a ajuda na integração. A experiência em Chiaramonte está produzindo frutos de uma convivência pacífica. Importante, ainda, o diálogo com as instituições. Fomos recebidos na câmara de vereadores do Município de Ragusa, pelo presidente e alguns vereadores, e com eles abriu-se um diálogo sobre a situação ambiental, a reciclagem do lixo, o empenho dos cidadãos e das instituições. Foi tocante para nós escutar o Papa Francisco falando aos jovens da JMJ sobre os temas que havíamos aprofundado: a Nigéria em guerra, a luta pelos recursos da natureza, os muros do medo, a necessidade de uma nova cultura, a coragem de construir pontes além de qualquer diversidade, de relacionamentos que respeitem a dignidade de cada pessoa. A diversidade entre todos foi também um enriquecimento, visto que nem todos eram advogados, o que permitiu um diálogo aberto e não exclusivamente técnico. Um professor de filosofia comentou: “Esta Escola de Verão parece-me uma boa síntese, a capacidade de conjugar o aspecto teórico da disciplina com uma constante relação com a vida cotidiana. Acho muito importante esta sinergia: a dimensão teórica é importante, mas é preciso que se case com a vida”. Christian, o jovem advogado e vice-prefeito, que com o seu empenho permitiu a realização da Escola de Verão, concluiu: “Foi possível fazer a escola aqui graças ao trabalho e a contribuição preciosa de muitas pessoas, um caminho que deve prosseguir. Foi uma experiência que superou todas as melhores previsões e que deixou uma marca. Sementes de uma nova cultura. Ter a possibilidade de confrontar-me com jovens juristas foi uma experiência profissionalmente intensa. A serenidade deles, o senso do dever… num mundo que corre velozmente este é o verdadeiro desafio: a partilha de si, com e pelos outros”.
Ser “próximo”
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