Movimento dos Focolares

Estamos em guerra?

Nov 21, 2015

Uma guerra mundial desenvolvida em pedaços: assim o papa Francisco define os nossos dias. Igino Giordani viveu o horror de duas guerras, pagando pessoalmente com uma grave ferida, da qual carregou as consequências por toda a vida, mas não se deixou desencorajar: foi um incansável construtor de paz. Releiamos trechos do seu pensamento.

Monumento_guerra«Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo: Fazei o bem aos que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e caluniam! Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa?… Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 43-48). Este preceito traz um incansável perdoar, para reconstituir sempre o circuito da vida, que passa pelos três pontos: Deus, Eu, Irmão. Traz uma inesgotável obra de paz, de modo a reconstituir sempre a comunhão em vista da unidade, onde quer que ela tenha sido interrompida. E a paz se faz com os inimigos, não com os… comensais: algo cristãmente óbvio e, no entanto, normalmente incompreendido, porque, no estado de medo, se teme a guerra e se teme a paz. Se o amor associa, o temor amontoa. Um é centrífugo e gera a comunidade, removendo limites e barreiras; o outro é centrípeto e determina a oclusão dos vasos comunicantes. Aquele ilumina, este obscurece: regime da liberdade, um; tirania terrífica, o outro. No amor se raciocina e se trata; no medo não se entendem razões, se procede sob o instinto e, vendo fantasmas, se dispara. A organização social, que prescinde da lei da caridade, e não vê mais irmãos, acaba por ver somente mamíferos a serem explorados e mortos, como e pior do que certas sociedades antigas para com os escravos. Onde falta a caridade, os homens devem ser contidos pela polícia e fechados em campos de concentração… Jesus veio para recolocar o homem em pé, em liberdade; e nisso os seus seguidores devem aplicar as forças e a ideia, vendo continuamente o homem na perspectiva de Deus. Se não, a existência ocorre como busca da morte, através de uma construção fatigante de motivos de ódio: um entorpecimento progressivo, que dá a ilusão de um processo vital. «O amor lança fora o temor». E, portanto, quem ama não tem medo: o seu Eu – o possível sujeito do medo – não existe mais: existe o Outro, aquele com quem o nosso Eu se identificou; e o Outro, inclusive nas vestes de irmão, é Jesus. Assim, especialmente nos nossos tempos, é superada a barreira maior: o medo. Submisso a ele, o Eu teme porque está sozinho: sozinho, no escuro, entre quatro paredes, que terminam por lhe parecer os limites de um túmulo. E, ao invés, se sai da solidão, se liberta: encontra o irmão, e por ele se insere em Deus». (Igino Giordani, Il fratello, Città Nuova, Roma 2011 (1954), pp. 85 – 87)

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