Existe um só caminho. Eu não consigo descobrir nenhum outro para poder realizar aqui e agora a maior unidade e comunhão possível entre nós: este caminho coincide […] com o facto de tu e eu, vós e eu e nós todos, nos ancorarmos com firmeza e com paixão, unicamente à sua Palavra, em cada dia, em cada circunstância da nossa vida e em cada situação que acontece entre nós. (p. 266) A Palavra de Deus supera as barreiras que existem entre nós, criando comunhão. […] E isto é algo que ninguém nos pode tirar, nem proibir. Nisto não se pode voltar atrás: este é o ponto essencial em que se abre a estrada para ir em frente. […] Se vivermos radicalmente a Palavra, num clima de reciprocidade, de tal maneira que o que tu vives e o que eu vivo sejam uma única Palavra, então juntos somos a Sua Palavra, e a unidade cresce entre nós […]. Podemos questionar-nos: como fazer para viver no único Espírito, que é a realidade mais profunda e íntima de Deus e, simultaneamente, a realidade mais profunda e íntima de mim próprio? Na medida em que em ti, cristão e crente como eu, eu busco firmemente os dons do Espírito. Interrogo-te longamente, até ao ponto de descobrir em ti o Espírito. Não me contento com um compromisso, dizendo: “No fundo, nem tu nem eu estamos mal: eu posso encontrar um ponto de encontro a meio caminho!”. Tão pouco digo: “Tomo um pouco de ti e um pouco de mim para arranjar uma fórmula sobre a qual possamos ambos por-nos de acordo sem modificar os fundamentos”.
Pelo contrário, eu pergunto-me: “Onde está o Espírito em ti?”. Na insistência desta pergunta não te obrigo nem te limito, mas torno-te livre, de modo que tu possas dar-me os dons do Espírito em ti. Estou pronto a deixar-me interrogar por ti até ao extremo, para que, confiando no Espírito, também eu possa oferecer-te e doar-te os meus dons como dons de Deus. Doar-se reciprocamente os dons, descobrir na reciprocidade os dons do Espírito no outro: é este o caminho para o único Espírito. (p. 265-266) – ((15.6.79, diálogo com o teólogo evangélico Lukas Vischer). Quem vive a espiritualidade da unidade por longo tempo não pode deter-se e dizer: Que é que me agrada naquilo que o outro está a dizer? Que é que não me agrada? Em que medida é que ele está de acordo com a minha opinião? E em que é que não está de acordo? Em vez disso, eu procuro ‘fazer-me um’ com o outro, procuro pensar a partir do outro. Não de maneira que tenha que renegar o que afirmo com segurança baseado em Cristo, mas no sentido de que me questiono diante do outro: Que luz me quer ele dar? Portanto, olho para mim partindo do outro. Faço-me um com o outro, procurando reler a minha verdade através da luz do outro. (p. 268) (de: Perguntas e respostas, na Escola Ecuménica de Ottmaring). Wilfried Hagemann: KLAUS HEMMERLE, enamorado da Palavra de Deus – Città Nuova 2013.
Envolver-se para fazer a diferença
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