“Eu voltei para casa enriquecida porque cada um de vocês está comigo”, escreve uma jovem da Sicília aos seus coetâneos com os quais organizou e participou do Simpósio 2013 de Caserta (província de Nápoles, Itália), de 29 de julho a 2 de agosto. “Trabalhar lado a lado, compreender o outro, lutar, sonhar, trabalhar até muito tarde da noite, cansar-se, desencorajar-se; mas, recomeçar sempre, acreditar no que fazemos. Tudo isto feito JUNTOS nos uniu profundamente. É impossível voltar atrás!”
O Simpósio “LEGALIDADE – Protagonistas da nossa terra”, revelou-se um ponto marcante para os quinhentos jovens presentes pela conscientização e pelo compromisso. Distante muitos quilômetros, houve um eco às palavras do Papa Francisco, que estava no Rio: “Por meio de vocês, jovens, o futuro entra no mundo. Não permaneçam a observar na janela da vida!” É esta a convicção: “para dar início a uma transformação é necessário começar por nós mesmos.”
Para os jovens de todas as regiões da Itália foi a ocasião para encontrar a “chaga” da ilegalidade difundida que espalha-se pelo país; para lutar com ela em um território que parece oferecer um paradigma, para aprender a absorvê-la e amá-la. Convite e provocação por meio do diálogo com o jornalista Roberto Mazzarella.
Os três fóruns realizados durante as tardes, Legalidade e ambiente, Legalidade e Acolhimento, Legalidade e trabalho, foram ocasiões de intenso diálogo entre os participantes e os relatores, testemunhas em primeira pessoa na luta pela legalidade. Entre eles, Enrico Fontana, responsável pela apresentação ecomáfia da Legambiente; Padre Maurizio Patriciello, pároco de Caivano e grande defensor na “terra dos fogos”; Dr. Antonio Marfella, oncologista; Ivan Vitali, economista e diretor da Associação “conVoi”.
“A legalidade não é o objetivo. Não é nem mesmo um valor, mas um instrumento para alcançar a finalidade que é a justiça.” Afirmação do Padre Luigi Ciotti, presidente nacional de Libera, que foi acolhida calorosamente pelos participantes. Os jovens perguntaram: “Como conjugar amor e legalidade?” Ele respondeu claramente: “Não existe legalidade sem igualdade”, “se as pessoas não são respeitadas nos próprios direitos e dignidade, a legalidade torna-se um instrumento de poder e de exclusão.” E ainda: “A denúncia, se fundamentada, é também anúncio de salvação”, “mas o pecado da atualidade consiste em atribuir aos outros as próprias responsabilidades”, ao invés, cada um “deve assumir a própria responsabilidade”, terceiro elemento da democracia.
“Que preço estamos dispostos a pagar pelas nossas escolhas, para ser coerentes com os nossos ideais?” foi a pergunta que os jovens fizeram a eles mesmos. A resposta teve como parâmetro as situações vividas durante as manhãs em onze campos de trabalho nos terrenos confiscados pela “camorra”: é necessário criar comunidade, ser o nós que edifica a legalidade. Um nós testemunhado por Giuseppe Gatti (Vice Procurador DDA de Bari) e Gianni Bianco (jornalista da RAI), co-autores de A legalidade do NÓS.
Vera Araújo, socióloga do Movimento dos Focolares, cunhou uma expressão que compreende conteúdos e experiências do Simpósio: a “cultura da relação” que pressupõe e supera a própria legalidade, mas que exige ação e interação, para construir comunidade nos lugares em que se encontram as “periferias existenciais.”
Um manifesto com cinco pontos, assinado pelos quinhentos participantes expressa os compromissos assumidos. O próximo encontro será por ocasião de “LoppianoLab 2013” (20-22 setembro) “Salvaguardar a Itália e, juntos, gerar o futuro” e a adesão à iniciativa “Slot-machine”, para premiar as virtudes civis dos locais que renunciaram ao jogo de azar que, a partir do final de setembro percorrerá diversas cidades da Itália.
Um marco da vitalidade do simpósio permaneceu em Caserta: um mural de 120m quadrados no qual cento e sessenta jovens, cada um a seu turno, criaram uma imagem que, partindo de um ponto, representa a explosão das cores.
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