Movimento dos Focolares

Loppiano: Correndo com Giacomo

Dez 9, 2012

Lembrança de um dos pioneiros da Mariápolis de Loppiano, Giacomo Mignani. Conclui-se assim a nossa viagem à Cooperativa e Fazenda de Loppiano.

O seu cartão de visita ainda é uma viva recordação para todos: o antigo carro em que girava com Dina, sua esposa, cruzando as ruas de Loppiano. Luminoso, enérgico, com uma anedota sempre pronta e a profundidade de alma dos velhos sábios. Giacomo Mignani uniu a idade avançada com uma humanidade cada vez mais refinada. Sempre jovem, portanto, também aos 91 anos!

Nasceu em dezembro de 1913 na província de Bérgamo, norte da Itália. Viveu os dramas da guerra que tocaram profundamente a sua família com a morte de um irmão. O casamento com Dina, em 1947, foi logo abalado, como ele mesmo contava: «Quando me casei não estava preparado, e assim, depois de dois meses já estávamos em crise. Eu e Dina nunca brigávamos: não nos falávamos. Eu saía sempre com o meu cachorro, que era tudo para mim. Era cristão só aos domingos, mas durante o período de caça passava meses sem ir à Missa».

Em 1964 Dina conheceu o Movimento dos Focolares, durante uma Mariápolis, e Giacomo notou algumas pequenas e grandes atenções que antes ela nunca tinha tido para com ele, até o dia em que o convidou para participar de um encontro do Movimento, em Milão, antes de viajar para um retiro, em Roma. «Quis ir somente para ver o que tinham feito com ela».

Foi naquele domingo que a vida de Giacomo deu uma virada. Escutou falar de Deus que é Amor e não um juiz malvado, como sempre havia pensado. «Ele (Deus) me ama, me ajuda! Foi como ver o filme da minha vida: eu não queria bem a minha esposa, a maltratava, e a culpa era minha (…). Tive um desejo tão grande de vê-la que esperar até o dia seguinte pareceu uma eternidade. Peguei uma bicicleta e voei para casa. Ela abriu a porta e eu a beijei. Assim, depois de 18 anos, o nosso casamento começou».

A casa deles, antes sempre fechada, teve as portas e janelas escancaradas, e Giacomo estava sempre disposto a ir ao encontro de quem precisava, ajudando em muitas tarefas. Até que, em 1976, aconteceu a transferência para Loppiano, como uma consequência lógica do desejo deles de colocarem Deus em primeiro lugar e estarem à disposição dos outros: «Eu e minha esposa tivemos três graças: a primeira é ter descoberto que Deus é Amor, a segunda é ter salvo o nosso matrimônio, e a terceira é estar em Loppiano».

Trabalhador incansável, viveu pela Cooperativa de Loppiano como pela sua família. Milhares são os visitantes que lembram-se dele na velha taberna, apoiado em um dos barris, contando a sua história e os últimos desenvolvimentos da empresa. Mas também encorajando quem estava numa situação difícil, dando aquele sorriso que transformou não só um dia, mas a vida inteira de muita gente.

No dia 21 de outubro de 2004, justamente no dia em que Dina havia falecido, 13 anos antes, Deus o chamou a si, tranquilamente, enquanto dormia no divã de sua casa, ainda com o cachimbo de sempre entre os dedos. E não se duvida que tenha chegado ao Paraíso correndo, com o seu velho carro carregado com os rostos das muitas pessoas que amou e sustentou.

Paulo Balduzzi

(Fim)

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