Movimento dos Focolares

Maria Voce fala nas Semanas Sociais da França

Nov 24, 2012

A presidente do Movimento dos Focolares discursa na 87ª sessão das Semanas Sociais, em Paris, dedicada este ano ao homem e à mulher.

A intervenção de Maria Voce acontece no coração das Semanas Sociais 2012 (23-25 de novembro), na plenária da tarde do dia 24, sobre “Homens e mulheres na igreja”. Não é uma questão de poder, mas de amor, é a mensagem que brota do seu discurso sobre o assunto, abordado juntamente com o teólogo Alphonse Borras e a redatora-chefe da revista católica francesa Pèlerin, Anne Ponce.

Numa instituição na qual a hierarquia é masculina, qual reconhecimento dar à contribuição cada vez maior das mulheres? É a pergunta que orienta os trabalhos da tarde. Maria Voce intervém de boa vontade, apresentando o testemunho de uma mulher que dirige um Movimento com uma composição variada e uma difusão mundial, fundado por uma mulher, Chiara Lubich, e que – como determinado pelos Estatutos – será sempre guiado por uma mulher. Um Movimento que tem no seu DNA a unidade na distinção, pela qual o exercício da responsabilidade é praticado conjuntamente, por homens e mulheres.

Maria Voce salienta, antes de tudo, como a função do homem e da mulher deve se compreendida «à luz do desígnio de Deus sobre a humanidade. Criados por Deus “a sua imagem e semelhança” (Gen 1,26), eles são chamados a participar da Sua vida íntima e a viver em comunhão recíproca de amor, segundo o modelo de Deus que é Amor, Trindade. Por isso a dignidade do homem e da mulher tem seu alicerce em Deus criador. Se a mulher não pode ascender à carreira eclesiástica ela detém o maior dos carismas: o amor. A mulher pode espelhar-se em Maria, a maior criatura que jamais existiu, naquela que viveu o amor de modo perfeito».

Após ter percorrido em grandes linhas a história e a composição do Movimento dos Focolares, Maria Voce pergunta-se: «Como fazer para manter unidas todas essas pessoas, numa única família? No Movimento dos Focolares dá-se mais importância à vida do que às estruturas, ainda que úteis». Durante os anos, muitas vezes a Igreja colocou à prova esta estrutura «especialmente com relação à presença de uma mulher, Chiara Lubich, como fundadora e presidente. As tentativas de anexação ou de ser colocado sob tutela da hierarquia eclesiástica foram numerosas. Inicialmente parecia que na direção do Movimento deveria estar um homem e possivelmente um sacerdote. Chiara, e com ela o Movimento inteiro, sempre teve uma obediência incondicional ao desejo da Igreja. A frase evangélica “quem vos ouve a mim ouve” (Lc 10,16) devia ser sempre respeitada, ainda que a ela parecesse que ter um homem como chefe dessa Obra teria alterado a natureza própria dela. E Chiara, melhor do que ninguém, sabia que a Obra tinha nascido de Deus e não de um projeto humano».

Isso para sublinhar que «o reconhecimento da mulher na Igreja necessita de uma espécie de “luta”, isto é, da fidelidade a si mesmo, à própria consciência e, em última análise, ao plano de Deus. Mas uma “luta” que, nesse caso, teve para Chiara as características de uma “Páscoa”, ou seja, de morte e ressurreição, que permitiu a manifestação plena do desígnio de Deus, a Sua Vontade, sobre a função da mulher».

«Esta presidência feminina – continua Maria Voce – é muito significativa: indica uma distinção entre o poder de governo e a importância do carisma». É uma mensagem lançada à Igreja «para salientar a prioridade do amor, prioridade que não é um monopólio apenas feminino. É certo que a mulher, pela sua predisposição à maternidade, tem uma grande capacidade de amor, que permite que ela perceba interiormente o que o outro está vivendo, assim como só uma mãe pode fazer…». Maria Voce ressalta que o “verdadeiro” poder reside no amor evangélico que gera a presença de Jesus em meio à comunidade, afirmando que quando constrói-se algo sobre essa base «acontece uma reviravolta extraordinária».

«A unidade entre o homem e a mulher permanece sempre em um equilíbrio precário – continua a presidente dos Focolares -. Um deve sempre redescobrir o valor do outro, e ambos não esquecer que a diversidade é uma riqueza; nem devem cansar-se de recomeçar cada vez a percorrer o caminho régio do diálogo». E uma Obra que «quer testemunhar a unidade da família humana deve, antes de qualquer outra coisa, garantir a unidade em si mesma» – com a consciência – relembra na conclusão – «que qualquer estrutura eclesial não vive em função de si mesma, mas pelo bem da humanidade na qual encontra-se imersa».


0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Uma rede de famílias: o diálogo cria comunidade

Uma rede de famílias: o diálogo cria comunidade

Uma experiência de diálogo e acolhimento que se transformou em uma rede de suporte e amizade para o bem comum. É o que nos conta Andreja, da Eslovênia, membro do Movimento dos Focolares, que, juntamente com o marido, faz parte de Famílias Novas. No vídeo, a voz dos protagonistas desta experiência.

Emergência em Gaza e no Oriente Médio

Emergência em Gaza e no Oriente Médio

A Coordenação do Movimento dos Focolares para as “Emergências” iniciou uma arrecadação de fundos para Gaza e o Oriente Médio, para ajudar as pessoas que sofrem devido aos conflitos nesses países.

Projeto Together WE Connect

Projeto Together WE Connect

Há alguns meses, teve início na Terra Santa um programa de formação de jovens com o apoio da comunidade dos Focolares e dos grupos internacionais Gen Rosso e Gen Verde, para formar jovens promotores da reconciliação e do diálogo.