«A vinda de Maria Voce foi para nós como uma chuva fresca, agora tudo refloresce aqui». Com estas poucas palavras um jovem argelino resumiu a visita da presidente do Movimento dos Focolares aos que partilham da sua espiritualidade neste país. Nos anos 1990, quando a comunidade começava a formar-se, respondendo a alguém que a convidava para ir visitá-la, Chiara Lubich respondeu: «é preciso trabalha para isso». Um caminho de diálogo que dura há anos. A visita de Maria Voce – de 9 a 14 de fevereiro – foi um acontecimento muito importante para a comunidade dos Focolares na Argélia, e não apenas. De fato o diálogo com Muçulmanos neste país é uma ponta avançada, reconhecido pela Igreja local, como foi confirmado pela visita de D. Ghaleb Bader, arcebispo de Argel. A Argélia deixou de ser um destino turístico, a imagem do Islã nos nossos dias está ofuscada por muitos acontecimentos que frequentemente nada tem a ver com a religião. A visita de Maria Voce ultrapassou tudo isso. Como Chiara com frequência recordava, o diálogo é uma autoestrada para avançar rumo ao mundo unido, e esta pequena comunidade de muçulmanos, que assumiu como própria a espiritualidade dos Focolares, suscita questionamentos. Como é possível? «È preciso vivê-lo para entender», disse a certo ponto Maria Voce.
Com o frio glacial que atravessa a Europa, o norte da África não foi poupado: Tlemcen, localizada a 900 metros de altitude, está habituada ao frio que este ano, porém, é excepcional. Foi nesta cidade, com um rico passado cultural e religioso – onde abriu-se o primeiro focolare na Argélia, em 1966 – que a presidente dos Focolares chegou, na tarde do dia 10 de fevereiro. A recepção foi típica de Tlemcen: dois maravilhosos cavalos árabes e seus cavaleiros como guardas de honra e as crianças, com trajes típicos, que ofereciam leite e tâmaras, segundo o costume das regiões próximas ao deserto. Maria Voce aderiu prontamente aos rituais e abraçou a todos. Com emoção escutou a salva de tiros de espingarda. E a emoção não foi menor no dia seguinte, quando entrou no pequeno auditório do Centro Mariápolis, aguardada pelos 130 convidados, todos muçulmanos, com exceção dos membros do focolare, quatro estudantes africanos, dois bispos e dois religiosos dominicanos de Tlemcen, convidados para a ocasião. Estavam presentes ainda algumas pessoas de Marrocos e da Tunísia. Após um breve histórico da chegada do Ideal dos Focolares no Magreb, teve início o diálogo e viveu-se um momento de “primavera”: “os verdadeiros protagonistas desse momento foram os jovens”, comentou ao retornar à Itália. Foram os primeiros a contar suas experiências e fazer algumas perguntas, às quais Maria Voce respondeu em francês, com grande simplicidade. Entre os adultos havia grande emoção, pela certeza de um futuro assegurado. E as respostas eram válidas para todos, “inclusive para os bispos”, como afirmou D. Henri Teissier, arcebispo emérito de Argel, que atualmente mora no Centro Mariápolis Ulisse, em Tlemcen, e que participou do encontro. As perguntas salientavam a dificuldade de transmitir este ideal, na vida cotidiana, na Argélia como em outras partes do mundo e o comprometimento necessário para caminhar contra a corrente.
Nas respostas de Maria Voce repetiu-se muitas vezes a palavra “amor”, síntese da espiritualidade focolarina: “Se estamos no amor para com o outro nada mais nos separa”. E sublinhou a importância da relação entre as pessoas: “A crise no mundo de hoje, antes que econômica e política, é uma crise dos relacionamentos”. Daqui a importância de “um amor gratuito, que não espera nada em troca, totalmente desinteressado, totalmente Amor por Deus através do irmão”. A alegria foi completa. Música argelina, Andalusa, muito popular em Tlemcen, e trajes tradicionais ornamentaram a tarde de festa. As letras de muitas canções são louvores a Deus e mostram toda a profunda religiosidade deste povo. Como é tradição na Argélia, a festa terminou com todos dançando.
Tlemcen, capital internacional da cultura islâmica para o biênio 2011-2012, hóspede de numerosas manifestações culturais e religiosas, mostrou-se em toda a sua beleza. O sol brilhou durante a visita à cidade. Fouad, o cicerone, natural de Tlemcen, faz com que a descobríssemos, com todos os seus santos muçulmanos, parte do patrimônio da cidade, dos quais o mais famoso é Sidi Boumediene, muito conhecido em todo o mundo islâmico. No seu mausoléu Maria Voce rezou para que todos os muçulmanos da comunidade possam seguir o exemplo desses santos. Fouad, ao sair, entoou alguns versos de um canto com ensinamentos do santo: «Deixa a tua tristeza, deixa a tua vida e doa-te a mim». E um breve diálogo concluiu a visita. Fouad: «Tudo é de Deus, nós somos nada». Maria Voce: «sim, mas pertencemos a Deus». Fouad: «Sim, esta é a palavra: “pertencer”».
Não desanimar por causa dos erros
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