O dia 25 de dezembro, no nosso país, não é feriado, nos conta uma voluntária de um Centro para crianças portadoras de deficiência. Todavia, avisando com antecedência as famílias das crianças que frequentam o Centro e seguem o programa de reabilitação conosco, ao menos no dia 25 não trabalhamos. Assim, de comum acordo com os jovens da nossa equipe, decidimos festejar o Natal no Centro, com um almoço.
Os jovens convidaram também alguns amigos que durante o ano nos ajudaram com atividades nos orfanatos e eles aceitaram com prazer o convite. Dentre eles alguns são cristãos, outros não, como a maioria das pessoas com as quais convivemos, mas todos têm no coração o desejo de ser uma família.
Próximo ao Centro – onde procuramos colocar em prática a espiritualidade da unidade – naquele período, algumas famílias estavam alojadas com as crianças que estamos acompanhando e que moram muito distante. Elas estavam vivendo situações difíceis e dolorosas, por vários motivos. Mesmo se não haveria o atendimento normal nós perguntamos se elas também desejavam ir ao Centro para festejar conosco e todas concordaram. Uma senhora ficou muito comovida e sentia-se muito feliz ao ser convidada: “Eu sei que o Natal é uma festa muito importante para vocês e, se vocês me convidam quer dizer que eu também sou importante!”
Outra senhora, três semanas antes, viera à nossa cidade com o marido e a filha, que sofre de uma grave paralisia cerebral, em busca de acompanhamento médico. Ela passou por vários hospitais e, em todos, lhe fora dito que não compensava tanto esforço: era melhor voltar para casa e deixar a situação assim como se estava. Com grande pesar eles já haviam comprado a passagem de trem, com a partida marcada para aquela mesma tarde. Mas a senhora lembrou-se de uma sua parenta, que é cristã e que lhe falara sobre uma visita a certa igreja. Mesmo não sendo cristã ela sentiu-se impulsionada a procurar aquela igreja e a encontrou. Lá estava um sacerdote, ele conhecia um jovem que canta no coral da paróquia e faz parte da nossa equipe. Ele aconselhou: “Próximo daqui, quinze minutos de caminhada, tem um Centro onde tratam crianças como a sua filha, vá até lá!”. O sacerdote explicou o caminho e assim chegaram ao Centro. Mesmo se não havia marcado a visita, duas de nós as receberam. Pouco depois ela chamou o marido que a esperava na pensão e disse a ele: “Não vamos mais embora”.
Compreendemos, em seguida, que a relação entre eles estava passando por um momento de crise, por causa da situação da criança que acolhemos. E a senhora nos disse: “Quando eu cheguei aqui o que mais me impressionou foi o sorriso das pessoas. Eu reencontrei a esperança e também o meu marido está menos deprimido”.
O convite à festa foi estendido também a eles. Natal… um Deus que se faz pequenino para que nos tornemos, todos, irmãos!
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