Movimento dos Focolares

Nova Iorque. Os Focolares e a Mesquita Malcolm X num caminho de fraternidade

Mai 10, 2012

A 15 anos do encontro entre o Imã W. D. Mohammed e Chiara Lubich, um evento com o título “Nossa viagem rumo à excelência da Família Humana”. A narrativa de Serenella Silvi, testemunha daquela data.

Serenella Silvi ao lado de Chiara Lubich, na saída da mesquita, dia 18 de maio de 1997

«Um momento luminoso na relação entre cristãos e muçulmanos», diz a manchete de um jornal nova-iorquino anunciando o evento do próximo dia 20 de maio, em Nova Iorque, na grande Mesquita de Malcolm X: “Nossa viagem rumo à excelência da Família Humana”. É a recordação do pacto, sem precedentes, firmado entre dois líderes, o Imã W. D. Mohammed e Chiara Lubich, de trabalhar juntos pela realização da fraternidade na família humana. Aprofundamos os fatos de então, com a narrativa de Serenella Silvi, testemunha direta dos eventos de 1997.

Naquele dia, em Harlem, ao lado de Chiara. «18 de maio de 1997. A lembrança daquele dia ficará para sempre na minha alma. Eu estava ao lado de Chiara quando atravessamos a entrada da Mesquita Malcom Shabazz, ambas com a cabeça coberta pelo chador. Havia uma grande multidão. Chiara havia se preparado com grande dedicação. Ela sentia que estávamos para viver um momento muito importante. A atmosfera possuía algo de inacreditável, e depois, durante o seu discurso, era como se estivesse falando a pessoas que conhecia há muitos anos.

Ao terminar a programação, estávamos saindo quando, improvisamente, ela tomou o meu braço e disse: “Venha, preciso que você traduza para mim”. Eu fui com ela até o escritório do Imã Izak-El M. Pasha, onde havia entrado também o Imã W. D. Mohammed. “Imã Mohammed – disse Chiara – façamos um pacto no nome do único Deus, de trabalhar assiduamente pela paz e a unidade”. A resposta do Imã foi imediata: “Este pacto está firmado para sempre”, ele disse. “Deus seja testemunha que você é minha irmã. Eu sou seu amigo e a ajudarei sempre”. Foi um momento muito forte. Eram dois grandes líderes que estavam respondendo a um chamado de Deus, para fazer nascer um mundo de paz e de amor, e haviam compreendido que trabalhando juntos teriam contribuído para que isso se tornasse realidade.

O Imã Mohammed e Chiara Lubich provinham de duas culturas e de duas religiões muito diferentes entre si. Tinham conhecimento um do outro, mas naquele dia encontravam-se pela primeira vez pessoalmente. Ao convidar Chiara, o Imã tinha feito um grande ato de confiança, certo de que ela seria capaz de ajudar o seu povo.

Quando saímos da sala eu tentei acompanhar Chiara no pequeno elevador que nos levaria à saída do terceiro andar da mesquita, onde estávamos. Mas ela me deixou, dizendo: “Deixe-me andar no meio dessas pessoas”. Ela já amava os seguidores do Imã W. D.

Depois, no carro, alguns de nós comentávamos aquele evento extraordinário quando, de repente, Chiara pediu papel e caneta. Queria escrever ao Movimento dos Focolares, no mundo inteiro, que naquele dia havia acontecido algo muito importante. Estava procurando as palavras melhores e lembrou algumas expressões que os gen 3, os adolescentes do Movimento, haviam usado para descrever um recente congresso deles: “Foi super… foi mega!”.

O Imã Pasha havia preparado o ambiente com muito zelo e, em seguida, continuou a manter viva, na sua comunidade, a realidade vivida naquele dia.

A partir de então, cada vez que visitávamos a Mesquita eu tinha a impressão que qualquer pessoa que encontrávamos sabia sobre Chiara, o que havia acontecido, e nos reconhecia como seus seguidores. Sempre nos perguntavam como ela estava, o que fazia, por onde viajava.

Foi um momento de Deus! Aliás, um grande momento de Deus! Não acontece todos os dias, e sinto que devemos fazer de tudo para que se mantenha, por meio da nossa vida, a fim de que continuem a progredir os frutos de unidade que aquele encontro produziu».

De Serenella Silvi

Ex-editora da revista americana Living City, em 1997 Serenella Silvi era corresponsável pelo Movimento dos Focolares na região da Costa Oriental dos Estados Unidos.

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Pasquale Foresi: os anos de trabalho pela encarnação do carisma

Pasquale Foresi: os anos de trabalho pela encarnação do carisma

Há 10 anos, no dia 14 de junho de 2015, faleceu o teólogo padre Pasquale Foresi (1929-2015), que Chiara Lubich considerou como cofundador do Movimento. Foi o primeiro focolarino sacerdote e o primeiro copresidente do Movimento dos Focolares. Há alguns meses, saiu o segundo volume da biografia de Foresi, escrito por Michele Zanzucchi. Falamos com o professor Marco Luppi, pesquisador de História Contemporânea no Instituto Universitário Sophia de Loppiano (Itália).

Renascer das trevas: um apelo à unidade

Renascer das trevas: um apelo à unidade

Nos dias da festa de Pentecostes, celebra-se nos países do hemisfério sul a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Mayara Pazetto, uma jovem teóloga pentecostal do Brasil, conta a história que a levou a empenhar-se e a promover o diálogo entre as várias Igrejas cristãs.