Movimento dos Focolares

O caminho florido: convivência com o Alzheimer

Out 9, 2013

O testemunho, que se tornou livro, de uma poetisa e enfermeira da Coréia do Sul. O livro recebeu um prêmio do Ministério da Saúde e do Bem-estar, na Coréia.

“Minha mãe, octogenária, iniciou os primeiros passos no caminho florido:

aos poucos deixou de usar a razão e olhava as coisas com o coração!

Mais tarde, deixou de lado o coração e permaneceram somente os seus olhos puros!

Frequentemente ela torna-se uma criança de seis ou sete anos e pede notícias das suas amiguinhas,

Vez ou outra ela chora, porque deseja encontrar a sua mãe ou o seu pai;

mas, sorri ingenuamente alternando a entrada e a saída do caminho florido!

Algumas vezes, seguindo a mamãe, eu também passeio pelo caminho florido

e os pesos angustiantes do mundo tornam-se nuvens do céu,

eu também me torno somente uma flor, no campo tranquilo de minha mãe!”

A entrega do prêmio foi realizada no dia 16 de outubro na Sala de Conferências de Coex, em Seul

Assim começa o prefácio de “O caminho florido de minha mãe”, um livro que recolhe alguns episódios que enternecem o coração, da autora coreana Maria Goretti Jeung Ae Jang, poetisa e enfermeira. Esta obra narra o tempo vivido ao lado da própria mãe que contraíra Alzheimer.

O livro-testemunho recebeu o Prêmio Nacional 2013: um reconhecimento conferido pelo Ministério da Saúde e do Bem-estar da Coréia do Sul pela boa práxis no acompanhamento de pessoas com a doença de Alzheimer. A entrega do prêmio foi realizada no dia 16 de outubro na Sala de Conferências de Coex, em Seul, pelo próprio ministro.

“Quando eu escrevia os episódios vividos com minha mãe – nos conta a autora, demonstrando certa surpresa – eu nem sabia da existência de um prêmio deste gênero. A única coisa que eu desejava é que pudesse tornar-se uma pequena contribuição para as famílias nas quais algum membro tenha esta mesma grave doença. Foi uma dádiva que jamais imaginara recebê-la. A única coisa que eu fiz foi amar a minha mãe que contraiu a doença de Alzheimer e, depois, eu pensei em partilhar esta experiência com outras pessoas. Mas eu estou muito feliz porque esta é uma ocasião para que este livro seja conhecido pelo maior número possível de pessoas as quais poderão refletir sobre o fato de que nenhuma doença pode excluir a dignidade humana.”

À direita: autora coreana Maria Goretti Jeung Ae Jang

“A doença de Alzheimer – continua a autora coreana – é um caminho cansativo tanto para a pessoa que o vive quanto para a família. Mas, eu tenho a convicção de que o sofrimento nos purifica. Eu gostaria de sugerir que não se tenha medo do Alzheimer, mas, aceitá-lo como uma doença a qual toda e qualquer pessoa está sujeita a contraí-la, encará-la e procurar o tratamento adequado e olhar esta situação com os olhos das pessoas que estão doentes.” E conclui, com a força e a convicção que resultam de uma experiência vivida: “Tiremos do nosso coração os pensamentos negativos e cuidemos destes doentes com amor. Deste modo o Alzheimer torna-se um aspecto da vida com o qual é possível conviver!”

“Agradeço com todo coração a Chiara Lubich, que considero a minha mãe espiritual – declara Maria Goretti – porque ela me ensinou como amar. A espiritualidade da unidade, de fato, ajudou-me a treinar para ver o semblante de Jesus que sofre na minha mãe, olhando para além da doença que, aos poucos, a debilitou. Foi o segredo que me fez reconhecer nela uma pessoa realmente preciosa e que conservava a sua plena dignidade. Ressoavam em mim as palavras fortes de Chiara, que ouvi há anos: ‘Vocês devem ser mães da vossa própria mãe…’: para mim foi um real e verdadeiro mandato.”

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