Movimento dos Focolares

Por uma Igreja Comunhão

Mar 9, 2013

A Presidente dos Focolares, Maria Voce, concedeu a Zenit uma sua reflexão sobre o importante momento que vive a Igreja católica. Transcrevemos o texto integral

A decisão que o papa Ratzinger tomou no último dia 11 de fevereiro a meu ver ofereceu um concentrado da sua reflexão teológica e espiritual. Primeiramente, evidenciou o primado de Deus,  que a história é guiada por Ele. E ainda, orientando-nos para acolher os sinais dos tempos e  satisfazê-los, tendo a coragem de fazer escolhas sofridas, mas inovadoras. Com um claro timbre de esperança em virtude da «certeza de que a Igreja é de Cristo».

Mas para qual Igreja Bento XVI olhava? Por amor de qual Igreja tomou uma decisão de tamanha dimensão? Acho que não erro se apontar para «a Igreja comunhão», fruto do Vaticano II e que deve se realizar sendo «cada vez mais a expressão da essência da Igreja», como ressaltou papa Ratzinger inclusive no final do seu pontificado.

Esse «cada vez mais», significa que ainda não a realizamos plenamente. Que direção tomar?

A Igreja, como sabemos, é para o mundo. Por isso, diante das exigências de reforma ad intra, eu acho que é preciso privilegiar o olhar para fora de si, intensificar o diálogo com a sociedade. Um contato vital com ela permitiria que a Igreja fizesse ouvir a sua voz clara, sempre fiel ao Evangelho, e ao mesmo tempo conhecesse os anseios dos homens e mulheres do nosso tempo. Assim poderia encontrar novos recursos e insuspeitável vitalidade também no seu interior.

Será preciso insistir, certamente, no dialogo ecumênico, no grande tema da união visível entre as Igrejas, procurando chegar a definições da fé e da prática eclesiais aceitáveis por todos os cristãos.

Eu desejaria uma Igreja mais sóbria, tanto em relação aos bens que possui como nas expressões  litúrgicas e nas suas manifestações; proporia uma comunicação mais fluida e direta com a sociedade contemporânea, permitindo que as pessoas tenham um relacionamento mais fácil com ela, e uma atitude de maior receptividade também daqueles que pensam diferente.

Universalidade e abertura aos diálogos serão duas características que o novo papa deverá possuir. Para que possa responder a estes enormes desafios, nós o imaginamos um homem de profunda espiritualidade, unido a Deus para acolher do Espírito Santo as soluções dos problemas, no exercício constante da colegialidade, envolvendo também os leigos, homens e mulheres, no pensar e no agir da Igreja.

A nós, cabe trabalhar com novo senso de responsabilidade. Trata-se de suscitar estímulos criativos em vários níveis. Penso na economia, que sairá da crise somente colocando-se a serviço do homem; na política, que deve recuperar a sua credibilidade, voltando a ser “vida comum na polis”; na comunicação, que deve ser um fator de unidade no corpo social; penso também na justiça, na abertura a quem erra, a quem sofre pela chaga da exploração, em quem sofreu pelos erros de outros homens e mulheres inclusive da Igreja. Penso naqueles que se sentem excluídos da comunhão  eclesial, como os que vivem as “novas uniões”. Isso também é Igreja, porque Cristo, que a fundou, morreu na cruz para sanar toda a divisão.

Trata-se de fazer brilhar a sua verdadeira fisionomia. Por isso convidei aqueles que aderem ao espírito do Movimento no mundo a fazer um novo “pacto”: que em toda a parte cresça a escuta, a confiança, o amor recíproco neste momento de expectativa, para que na unidade e na colegialidade a Igreja possa escolher o papa de que a humanidade hoje precisa».

Fonte: Zenit

Radio vaticana

Imprensa

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

O dia 24 de maio marca os 10 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco. Um momento de celebração, de verificação do que foi feito e de a retomar e dar a conhecer a quem ainda desconhece o seu conteúdo. Conscientes de que “não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. Não ha ecologia sem una adequada antropologia” (LS, 118) apresentamos o “Projeto Amazónia”, contado por dois jovens brasileiros durante o Genfest 2024 realizado em Aparecida, Brasil.

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Para acompanhar a Europa na realização de sua vocação – após 75 anos da Declaração Schuman – na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, em um painel de especialistas, expoentes de vários Movimentos cristãos e jovens ativistas deram voz à visão da unidade europeia como instrumento de paz. Foi um encontro promovido por Juntos pela Europa e parlamentares europeus.

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

No dia 20 de maio de 1700 anos atrás – data indicada pela maioria dos historiadores –, tinha início o primeiro Concílio ecumênico da Igreja. Era o ano de 325, em Niceia, a atual Iznik, na Turquia, hoje uma pequena cidade situada 140 km ao sul de Istambul, cercada pelas ruínas de uma fortaleza que ainda fala daqueles tempos.