Movimento dos Focolares
Novo curso no CEG: encarnar a sinodalidade nas realidades em que vivemos

Novo curso no CEG: encarnar a sinodalidade nas realidades em que vivemos

O Centro Evangelii Gaudium (CEG) iniciará em breve um novo curso sobre a Sinodalidade. Quais são as novidades para este ano?

Estamos em uma nova fase do processo sinodal. Depois dos primeiros 3 anos que culminaram na Assembleia de outubro de 2024, agora entramos na chamada fase de implementação. De fato, no dia 15 de março de 2025, o Papa Francisco aprovou o início de um processo de acompanhamento da fase de implementação por parte do Secretariado Geral do Sínodo. Esse processo envolve todos, desde as dioceses até as associações leigas, movimentos eclesiais e novas comunidade.

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É por esse motivo que decidimos lançar um novo curso, intitulado Práticas para uma Igreja sinodal como uma contribuição concreta para a implementação do processo sinodal. Temos a convicção de que a prática da sinodalidade é muito mais do que uma tentativa de tornar a Igreja mais participativa, é um novo paradigma da existência eclesial. Não apenas isso, nos parece que não se trata só de um fato religioso. Nossas sociedades estão mudando radicalmente e, todos estão vendo, a verdade, os valores fundamentais, o comprometimento recíproco estão cedendo espaço para a lei da selva. Por outro lado, a nível local e regional, estão emergindo novas ideias que revelam paralelismos com o processo sinodal na sociedade civil. Acreditamos que o processo sinodal no qual a Igreja está empenhada poderia também ser uma contribuição válida neste momento histórico para toda a sociedade.

Este ano, queremos nos identificar com esses aspectos, oferecendo um aprofundamento no processo corrente, procurando descobrir novas pistas e instrumentos para encarnar a sinodalidade nas realidades em que vivemos, como nos convida o Documento final do Sínodo e o documento seguinte da Secretaria de julho passado, Pistas para a fase de implementação do Sínodo. Temos certeza de que se trata de um caminho no qual o protagonista é o Espírito Santo e que antes de tudo devemos nos abrir a Ele e deixar que seja Ele a guiar a história, tanto a nossa pessoal, como aquela da Igreja e da humanidade.

O tema da “Sinodalidade” foi central durante os anos do pontificado de Francisco. De que modo estão prosseguindo nesse caminho com o Papa Leão XIV?

Maria do Sameiro Freitas

No último dia 08 de maio, em sua primeira mensagem ao povo de Deus, no dia de sua eleição, o Papa Leão desenhou um programa: A todos vocês, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, de todo o mundo: queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que procura sempre a paz, que procura sempre a caridade, que procura sempre estar perto especialmente daqueles que sofrem.

E em diversas circunstâncias, em particular no dia 26 de junho, aos membros do Conselho ordinário da Secretaria geral do Sínodo, reafirmou: E a herança que nos deixou (Papa Francisco) me parece que é sobretudo esta: que a sinodalidade é um estilo, um comportamento que nos ajuda a ser Igreja, promovendo experiências autênticas de participação e comunhão.

Parece claro que a linha seja aquela de seu predecessor, com a convicção de que a sinodalidade é intrínseca à Igreja. É significativo também o próximo Jubileu das equipes sinodais e organismos de participação que acontecerá de 24 a 26 de outubro no Vaticano. São esperados mais de 2.000 participantes aos quais o Papa dirigirá uma mensagem no dia 24 à tarde. Será mais um passo para ir decisivamente adiante, todos em grupo no mundo.

Qual é a estrutura desse curso? Para quem se dirige?

Desta vez, o curso será online, em italiano, com tradução para 3 línguas: inglês, português e espanhol. Como conteúdo, se partirá do Documento Final do Sínodo e das Pistas para sua implementação, procurando descobrir Novos Percursos para uma prática sinodal e como implementá-las nos diversos contextos em que cada um se encontra.

Depois, daremos instrumentos práticos para implementar o processo sinodal, como o método da facilitação, a prestação de contas, a avaliação e a verificação.

As boas práticas já em andamento serão destacadas, com uma partilha a nível internacional. Tudo com a convicção de que o processo sinodal não é uma técnica, mas sim uma experiência de abertura aos irmãos e irmãs, que abre a possibilidade da presença de Jesus entre os seus (Mt 18:20) e, à luz dessa presença, ficamos à altura de escutar o Espírito.

Em cada aula, haverá a possibilidade de uma partilha entre os estudantes, seja de boas práticas seja de reflexões ou sugestões.

Na conclusão, haverá um laboratório em abril no qual colocaremos em prática o que aprendemos durante o ano.

O curso começará no dia 03 de novembro com uma aula especial confiada à Secretaria geral do Sínodo e com a participação de Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, que esteve presente nas duas Assembleias sinodais. Esse momento é aberto a todos.

Pessoas de todas as vocações, tanto leigas como sacerdotes, religiosos e consagrados, pessoas empenhadas em nível eclesial e civil estão se inscrevendo. Há muitos estudantes dos anos anteriores, mas também temos muitas novas inscrições de diversos países.

Considerando os anos anteriores, o que vocês esperam?

Esperamos que seja uma contribuição para a implementação do processo sinodal nos vários ambientes em que os participantes vivem.

Nos anos anteriores, vimos que diversos estudantes se empenharam em nível de diocese, paróquia, associações, para colocar em prática o que aprenderam; outros foram multiplicadores de ideias em universidades, escolas…

Temos uma ampla gama de participantes de diversos países, das Filipinas ao Canadá, da África do Sul à Suécia. A troca de boas práticas poderá dar ideias novas, impulsos decisivos para levar adiante o processo sinodal, para o bem da Igreja e da sociedade.

Entrevista feita por Maria Grazia Berretta

Um laboratório de sinodalidade

Um laboratório de sinodalidade

Falta pouco para iniciar-se a terceira edição do curso de formação sobre a sinodalidade organizado pelo Centro Evangelii Gaudium do Instituto Universitário Sophia. Qual é o balanço que se pode fazer?

Estamos na terceira edição e até agora este curso contou com uma centena de participantes de todo o mundo e dezenas de docentes de várias disciplinas. É um curso intercultural, interlinguístico e interdisciplinar. As aulas são um minilaboratório porque os encontros em grupo são uma parte integrante do curso.

Graças às plataformas online, é possível acompanhar o curso de todas as partes do mundo. O horário na Europa é no fim da tarde (das 18h às 21h, em Roma), mas há pessoas que se conectam às 3h da manhã em Cingapura e Malásia; e outras, no horário do almoço nas Américas.

Tivemos uma boa participação. Ao todo, 380 inscritos. Os estudantes podem somente acompanhar as aulas ou fazer trabalhos finais para obter créditos acadêmicos do Instituto Universitário Sophia. Trabalhamos em sintonia com a Secretaria geral do Sínodo, que está entre os promotores do curso.

E’ stato interessante per noi ed è stato un bell’incoraggiamento che durante la conferenza stampa di presentazione dell’Instrumentum Laboris per la fase dell’Assemblea del Sinodo appena incominciata il 1 ottobre 2024, il cardinale Hollerich abbia affermato: “Vorrei ricordare le numerose iniziative di formazione sulla sinodalità (…) A livello internazionale ricordiamo il MOOC del Boston College che ha visto la collaborazione di molti esperti del Sinodo o ancora il corso universitario proposto dal Centro Evangelii Gaudium dell’Università Sophia qui in Italia”. (Conferenza stampa del 09-07-20249)

Depois de dois anos, quais são as perspectivas que se abrem para esta terceira edição?

Acreditamos que o curso tenha dado uma pequena contribuição para ajudar a criar comunidades de pessoas comprometidas em viver e difundir a sinodalidade lá onde estão. Há pessoas que a propõem na própria diocese, organizando ações de formação; há quem vive na própria paróquia ou comunidade religiosa… É muito importante o efeito multiplicador do curso e as redes que estão sendo criadas. Redes essas que se entrelaçam com muitas outras de diversos movimentos eclesiais, universidades ou da Igreja mesmo.

São particularmente interessantes os laboratórios que se realizam durante o curso e que podem ser acompanhados via zoom ou presencialmente.

Depois do primeiro ano, uma estudante dos Estados Unidos propôs na sua paróquia que frequentassem o curso do ano seguinte: 12 pessoas se inscreveram. No fim do ano, pediram para fazer o laboratório presencialmente em San Antonio. Quarenta pessoas de várias dioceses e da Oblate School of Theology de San Antonio participaram.

As ações de formação realizadas são inúmeras porque são feitas pelos estudantes mesmos, usando o conteúdo e o método das aulas: uma paróquia inteira na Irlanda, diversas dioceses na Itália, assim como na Austrália, em Sidney; enquanto na República Democrática do Congo, recentemente, foi feita uma ação para mais de uma centena de sacerdotes de 8 dioceses, e, na Angola, para todo o clero da diocese de Viana.

Quais serão os temas do curso que se iniciará logo mais?

O próximo curso começará no dia 04 de novembro de 2024, no dia seguinte da Assembleia, com participações do Secretário geral do Sínodo, monsenhor Mario Grech e dos subsecretários, monsenhor Luis Marin e irmã Nathalie Becquart, do teólogo Piero Coda e de Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares e convidada especial da Assembleia sinodal.

Os temas do curso serão aqueles que surgiram na Assembleia mesmo: linhas abertas pela XVI Assembleia ordinária do Sínodo: novas práticas em uma Igreja Sinodal e missionária; iniciações cristãs e transmissões da fé no estilo sinodal. Será concluída com um laboratório presencial.

Por que há esse comprometimento do Centro Evangelii Gaudium com a sinodalidade? No passado, vocês se dedicaram a outros temas, como a formação sobre abusos ou a formação de operadores pastorais.

Parece-nos que a sinodalidade não é um slogan destinado a passar. A sinodalidade faz parte do ser da Igreja desde sempre, como bem se compreende lendo os Atos dos Apóstolos. Por outro lado, é também a atualização daquelas reformas que o Concílio Vaticano II indicou para a Igreja, mas que, como pode-se entender, eram e são difíceis de colocar em prática.

O papa Francisco mesmo afirmou na celebração do Quinquagésimo da instituição do Sínodo dos bispos, no dia 17 de outubro de 2015: “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”. E, no dia 09 de outubro de 2021, ele mesmo deu início ao processo sinodal que hoje procura abrir caminho em toda a Igreja.

A partir daquele momento, nos comprometemos a formar e promover a sinodalidade por meio de bolsas de pesquisa, seminários, cursos de formação e criação de redes no mundo com outras faculdades e associações.

A sinodalidade é também um estilo que soma muito à espiritualidade de comunhão na qual se inspiram o Centro e o Instituto Universitário Sophia. O cardeal Petrocchi, presidente do Conselho científico do Centro Evangelii Gaudium, afirma que devemos chegar a “sinodalizar” a nossa mente, seja como indivíduos seja como um grupo eclesial, mas também como grupo da sociedade civil. Procuramos fazer a nossa parte, pequena, mas, esperamos, efetiva.

Carlos Mana

Informações: ceg@sophiauniversity.org

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