Em outras regiões da Itália e do mundo isto já havia acontecido, mas foi uma novidade para a cidade de Udine, no nordeste daquele país, e houve uma ampla repercussão na imprensa local: no domingo, 19 de outubro encontraram-se no Centro Cultural Balducci 150 pessoas pertencentes ao Movimento dos Focolares e fiéis muçulmanos, para uma tarde de encontro, de diálogo, de oração e – por que não? – de festa, juntos! No momento da oração os fiéis muçulmanos dirigiram-se a outra sala para rezar segundo o próprio costume. Antes, o imã havia recitado uma oração, na língua árabe, e o sacerdote católico o Pai Nosso, no mais absoluto respeito e silêncio da parte de todos os presentes.
Dois mundos não tão distantes, além de terem em comum a “Regra de ouro”, presente em todas as grandes religiões – “Não faças aos outros aquilo que não desejarias fosse feito a ti” -, “Cristãos e muçulmanos creem em um único Deus – evidenciou Franco Vasta, um dos responsáveis do Movimento em Udine – ambos são filhos de Abraão, têm um amor desinteressado pelo próximo e um extraordinário sentido da família”.
Muçulmanos e cristãos têm muitas coisas em comum – confirmou o Presidente da Associação “Misericórdia e solidariedade”, do Centro Islâmico de Udine, Errachidi Abderrazak – e é importante que consigam unir as forças. Pensemos nos jovens. Conseguir alcançá-los, transmitir-lhes valores, é um empenho comum, para evitar que percorram caminhos errados. Os jovens constituem a nossa principal missão. Também por isso devemos trabalhar juntos”.
Esta é uma amizade que nasceu em Trieste, graças ao Imã Abdel Aziz El Barikhi, e que criou raízes em Udine. Na tarde em que se realizou o encontro, eles ouviram o discurso da fundadora do Movimento, Chiara Lubich, na Mesquita de Malcom Shabazz no Harlem, Nova Iorque, 1997, considerado o início deste caminho de diálogo. Seguiram depois experiências de vida, testemunhos, orações e músicas, unindo em uma única voz cristãos e muçulmanos, embora num momento delicado como o atual: “Os meios de comunicação emitem sinais errados, aproximando, por exemplo, imagens relativas ao Estado Islâmico com fotos das mesquitas – afirmou o padre Pierluigi Di Piazza, do Centro Balducci – uma equiparação extremamente errônea porque cria o perigo que o povo use a religião para justificar a violência.”
Mas em Udine a vontade de encontrar-se é muito grande, tanto que Errachidi Abderrazak fez a seguinte declaração à imprensa: “Se um italiano entrasse na nossa mesquita seria muito bem-vindo. A mesquita não deve causar medo. É um lugar de educação. Ensina a fazer o bem ao próximo. Educa os jovens à reta via que não é o caminho da dureza ou da intransigência”.
Este encontro, que aproximou tanto os participantes, não será o último. Respondendo a um jornalista que lhe perguntou se haveria outros, Errachidi Abderrazak respondeu: “Certamente. São encontros que se abrem ao diálogo, nos fazem conhecer uns aos outros. O caminho, eu admito, não é simples. Mas vale a pena prosseguir porque quando existe conhecimento e integração não existe medo”.
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