“Sempre para cima” e “sempre avante”, com o polegar e o indicador da mão. Este foi o último gesto de Roberto, quase símbolo da aventura, a última da sua vida nesta terra, antes de abandonar-se serenamente nos braços do Pai, quinta-feira, 24 de julho. Terça-feira, dia 6 de maio. Roberto e sua esposa, Federica, já compraram as passagens para uma viagem à Paris. Mas precisam correr ao Pronto Socorro, depois que algumas dores tornam-se mais fortes. Nada levava a pensar em algo mais grave. Mas no sábado, dia 10 de maio, o resultado dos exames fala de uma doença sem nenhuma esperança de cura. Há algum tempo Roberto compartilha uma experiência de fé, unidade e amor mútuo com os voluntários do Movimento dos Focolares, pessoas que livremente escolhem Deus, e comprometem-se a viver o Evangelho no social. O Ideal da unidade fez reluzir ainda mais aquilo que ele já era: um homem livre de amar, meticuloso, criativo, generoso. Peppe, seu amigo, também voluntário, estava com eles naquele dia. Foi quem recebeu do médico os resultados. Há duas maneiras de jogar esta partida: desesperar-se ou conseguir vê-la como um sinal do Amor do Pai. Recordando o que Chiara Lubich contava de Santa Teresinha – que quando começou a cuspir sangue não disse que era a tuberculose, mas que era o Esposo que chegava -, ele disse a Roberto: “Robi, chegou Jesus! Começa uma partida somente entre você e Ele!”. Roberto sabe bem o que uma doença comporta, especialmente esta. Conhece o sofrimento e a consumação, porque a viveu em família. Na volta para casa, consciente da situação, ele tem um momento de revolta que dura poucos minutos. Federica o encontra sereno, luminoso. Roberto diz a ela: “Sabe, eu estou pronto”. Embora no sofrimento, a adesão incondicional aos planos de Deus, por vezes misterioso, gera na casa deles uma realidade profunda, até mesmo alegre. Quem chega com a intenção de consolar sai de lá consolado. Tudo se transforma. Os planos, que humanamente “foram pelos ares”, e entre esses especialmente o de assumir a guarda de dois irmãos, transformam-se em incenso, oração e oferta. Durante a primeira sessão de quimioterapia, para dar coragem a Roberto, Federica cria um grupo no Whatsapp, e depois no Facebook, o grupo “Abraço planetário”, uma família de pessoas que além do apoio a Roberto, compartilha pequenos ou grandes fatos da vida cotidiana. Do Brasil, da África, da Suécia… são os amigos conhecidos durante as numerosas viagens que Roberto e Federica haviam feito para saciar uma sede de conhecimento, com espírito de verdadeira fraternidade. “Obrigado! Quanto sou amado por Deus, por vocês, e muitas outras pessoas! Não imaginava que pudesse acontecer essa explosão de unidade!”, Roberto exclama um dia. Nas últimas semanas começa o trecho mais difícil do caminho, como a subida de uma montanha. Os seus olhos são como uma nesga de céu e revelam o encanto e o abandono aos planos de Deus. Roberto exprime saúde, não a do corpo certamente, que ia se agravando, mas a do espírito que se elevava. Havia muita fadiga, sofrimento agudo, mas nunca a escuridão. Na noite da quarta-feira Roberto diz a Federica: “Esteja serena, porque eu estou sereno”. Um testemunho dado no funeral: “As suas últimas horas foram de uma extraordinária normalidade. Ao redor da sua cama, com Federica, rezamos, cantamos, escutamos os Nomades, e comemos um prato de massa. Chegaram os adolescentes do Movimento Juvenil pela Unidade, por quem Roberto tem um afeto especial. Vieram para agradecê-lo. A sua respiração torna-se mais lenta e, mesmo com o profundo sofrimento da separação, percebemos que a sua alma está para alçar o voo, e vemos com os nossos olhos que a morte é apenas uma passagem, da vida aqui à Vida que não termina mais. Viver “sempre para cima e sempre avante” agora é o nosso modo de dizer-lhe: obrigado”.
Promover a paz por meio do esporte
Promover a paz por meio do esporte
0 Comments