Movimento dos Focolares

Um olhar que cura

Jul 1, 2025

Ideia do Mês - Julho 2025

Todos os dias observamos tanto sofrimento ao nosso redor, e podemos nos sentir
incapazes, se não nos abrirem um vislumbre de humanidade.
Às vezes, porém, a resposta viaja pelo WhatsApp, como aconteceu com uma pequena
comunidade na Itália que quer viver a unidade: “… no hospital onde trabalho, há um jovem,
um estrangeiro, que está completamente sozinho e está morrendo. Talvez alguém possa passar
alguns minutos com ele, para dar um pouco de dignidade a esta situação?”
É um choque: as
respostas surgem rapidamente. A mensagem de alguém que esteve presente nas últimas
horas diz: “Estando ali ao seu lado, vimos imediatamente que a assistência foi pontual,
atenciosa e amorosa e que, portanto, não tínhamos nada de concreto a fazer a não ser ficar
ali. Ele, agora em coma, também não poderia se beneficiar da nossa presença”
.
Algo inútil? Naquelas poucas horas, uma pequena comunidade, dentro e fora do
hospital, acompanhou e deu sentido a isso. Quem sabe se uma mãe poderá chorar por ele
no seu país. Certamente a sua “passagem” não foi em vão para aqueles que puderam amar
aquele jovem, não mais desconhecido.
A compaixão é um sentimento que vem de dentro, do profundo do coração humano.
Ela nos dá a possibilidade de interromper o ritmo do nosso dia, cheio de tantos
compromissos frenéticos, e tomar a iniciativa de nos aproximarmos do outro, oferecendo
um olhar atencioso, sem medo de “tocar” nas feridas.
Chiara Lubich explica isso com uma simplicidade incisiva: «Imaginemos estar na sua situação e tratemo-lo como gostaríamos de ser tratados em seu lugar.
[…] Ele está com fome? Estou com fome eu – pensemos. E demos a ele de comer. Sofre injustiça?
Sou eu que a sofro! […] E lhe digamos palavras de conforto, e dividamos com ele suas angústias, e
não nos demos sossego enquanto ele não se sentir iluminado e aliviado. […] Veremos, lentamente,
o mundo mudar ao nosso redori»
1.
A sabedoria africana também confirma isso com um provérbio marfinense: “Quem
acolhe um estrangeiro hospeda um mensageiro”.

Esta Ideia nos oferece a chave para realizar o humanismo mais autêntico: ela nos
torna conscientes da humanidade que temos em comum, na qual se reflete a dignidade de
cada homem e mulher; ela nos ensina a superar com coragem os esquemas da
“proximidade” física e cultural.
A partir dessa perspectiva, é possível expandir os limites do “nós” até o horizonte do
“todos” e descobrir os próprios fundamentos da vida em sociedade. E é importante
cuidarmos de nós mesmos, com a ajuda dos amigos com quem caminhamos juntos, quando
sentimos que estamos sucumbindo ao sofrimento que nos cerca. Lembrando que – como diz
o psiquiatra e psicoterapeuta Roberto Almada – “se os bons abandonarem a batalha por
cansaço, a humanidade que temos em comum correrá o maior dos riscos: o empobrecimento dos
valores”
2.


1. Chiara Lubich, A arte de amar, Città Nuova, p. 60
2. R. Almada, O Cansaço dos Bons, Editora Cidade Nova

Foto: © Alexandra_Koch en Pixabay


A IDEIA DO MÊS, é preparada pelo “Centro do Diálogo com pessoas de convicções não religiosas” do Movimento dos Focolares. É uma iniciativa que nasceu no Uruguai em 2014 para compartilhar com os amigos que não creem em Deus os valores da Palavra de Vida, uma frase da Escritura que os membros do Movimento se comprometem a colocar em prática. Atualmente, A IDEIA DO MÊS é traduzida em doze idiomas e distribuída em mais de 25 países, adaptada em alguns deles segundo as exigências culturais. dialogue4unity.focolare.org

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