Mais de mil pessoas estiveram presentes no Teatro Social de Trento para a jornada ecumênica internacional dedicada a Chiara Lubich, três anos após o seu falecimento. “Chiara Lubich. Uma vida, um carisma pela unidade dos cristãos” foi o título do evento que reuniu, no dia 12 de março, representantes de mais de 20 Igrejas, entre eles cardeais e bispos, metropolitas e pastores, além de políticos e expoentes do mundo da cultura.
Nas galerias, na plateia e em cena misturavam-se rostos da ortodoxia russa e grega, com o testemunho de anglicanos, sírio-ortodoxos, católicos, membros da Igreja reformada; as músicas do extremo oriente entrelaçavam-se com as cantigas do mundo árabe, sem nenhum sincretismo, pelo contrário, as identidades eram bem delineadas, mas a paixão proposta há mais de 50 anos por Chiara Lubich, pelo “que todos sejam um”, era partilhada para além das diferenças. “A Palavra de Deus vivida – recordou Maria Voce, presidente do Movimento dos Focolares – unia cristãos de igrejas diferentes, nos primeiros tempos. Vivendo juntos o Evangelho aproximavam-se uns dos outros”. E reafirmou a forte validade ecumênica de algumas frases do Evangelho que, com o passar do anos, justamente porque «traduzidas em vida, injetaram uma linfa nova no caminho ecumênico».
Autoridades religiosas de várias Igrejas enviaram mensagens, algumas com um tom muito familiar, como a de Bartolomeu I, patriarca de Constantinopla, em cuja saudação, cheia de afeto, nota-se a longa amizade que liga o Patriarcado ao Movimento: «Chiara nos ensinou um método para recompor a fraternidade, relacionamentos de partilha genuína que sabem afastar as desconfianças».
«As relações no dia a dia, a difusão capilar do diálogo, foram uma contribuição fundamental para o movimento ecumênico», salientou o cardeal Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, que desejou externar uma sua preocupação: «a contraposição que por vezes se manifesta entre o ecumenismo do alto e o ecumenismo da base». Um ponto crítico, que foi retomado por Maria Voce: «É necessário que ecumenismo de base e ecumenismo de vértice caminhem juntos. Se os passos teológicos não são acompanhados por relações de base verdadeiras e recíprocas, esses passos não terão grande eficácia, enquanto que, se existe um ecumenismo de base, os efeitos serão duradouros e importantes».
O diálogo pode ter efeitos inclusive na vida dos políticos, como evidenciou o prefeito de Trento, Alessandro Andreatta: «Não podemos deixar de aprender desta experiência – ele disse –, Chiara soube confrontar-se com todos e este é um convite para nós, administradores». Alguns efeitos políticos e sociais da experiência ecumênica foram explicados por Eli Folonari (que por muitos anos esteve próxima de Chiara) e por Gerard Pross, do Movimento ACM, ao apresentar a iniciativa “Juntos por…”, na qual todos os cristãos, qualquer que seja a Igreja a qual pertencem, há cerca de 10 anos estão dando uma contribuição espiritual e de testemunho, em favor de uma Europa mais unida.
Teve início em seguida, no Centro Mariápolis de Cadine (Trento), uma escola ecumênica com 400 pessoas, que aprofundará a vida da Palavra e os temas da jornada. Um momento de celebração pelos 50 anos de atividade ecumênica do Centro Uno, e uma ocasião para reforçar o diálogo da vida.
Sempre em Trento, o jornalista Franco Battaglia apresentou o seu livro “Em Trento com Chiara Lubich”, dedicado aos lugares onde o Movimento dos Focolares nasceu. Uma espécie de guia para conhecer os ângulos talvez insignificantes da cidade, mas que foram o berço da espiritualidade da unidade.
de Maddalena Maltese
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