Movimento dos Focolares

Uma pensão aberta aos imigrantes

Abr 10, 2015

Em Florença (Itália), um projeto de acolhida em uma pensão familiar. Uma das muitas iniciativas mantidas, no mundo inteiro, pelo Movimento Famílias Novas, dos Focolares, em favor dos necessitados.

https://vimeo.com/131853066 César, 18 anos, proveniente do Gana, foi salvo quando já estava se afogando: ele ingeriu água e óleo combustível. Daquela travessia foram resgatadas 72 pessoas, enquanto outras 32 não conseguiram sobreviver. Maria, nigeriana, grávida de sete meses, quando estava fora de casa com o marido e um filho pequeno, recebeu uma chamada do seu pai: ele dizia que não voltassem, porque a igreja local fora incendiada e a mãe dela, assassinada. A família de Maria fugiu naquele instante e, chegando à Líbia, tendo dinheiro somente para uma passagem para a Itália, ela embarcou sozinha. O marido e o filho pequeno ficaram na parte oposta do Mediterrâneo na espera da possibilidade de um próximo embarque. “São episódios de vida que cortam o coração. Lembrando das palavras de Jesus “era forasteiro e me acolhestes”, queremos ser coração e braços abertos para cada um desses refugiados”. É o depoimento de Carla e David, de Florença (Itália), uma família que se dispôs a acolher os imigrantes. “Em julho de 2013 nós participamos da Jornada Mundial da Juventude, no Brasil, com os nossos três filhos. Aproveitando a ocasião, passamos um período de missão em Salvador, Bahia. Foi uma experiência profunda, que dilatou o nosso coração à partilha com muitas pessoas necessitadas. Quando voltamos para casa, decidimos acolher os imigrantes na pensão que administramos. A partir daquele momento a missão foi até nós! Desde o início, passaram 756 pessoas provenientes da Síria, Paquistão, Nepal, Bangladesh e alguns países da África. Alguns se hospedam somente para retomar as forças e continuar em direção a outras metas europeias, outros permanecem por mais tempo. E assim os relacionamentos se estreitam a ponto de tornarem-se mais que fraternos. 20150410-02Uma família eritréia, que agora se encontra na Noruega, ficou conosco por dois meses: ele muçulmano, ela cristã, e aos seis filhos o pai deixou a liberdade para que escolhessem a religião. Assim que chegaram, a mãe e o filho menor foram levados ao hospital porque estavam desidratados, e depois o pai, por uma infecção. Lembramos da alegria deles quando lhes oferecemos o celular para que pudessem contatar os parentes e avisar que estavam vivos e bem. Em um domingo fomos à missa juntos e, justamente naquela minúscula igreja, na periferia de Florença, estava o cardeal Betori, em visita pastoral. O ponto central da sua homilia foi a acolhida. Na conclusão da celebração ele abraçou aquela família e os abençoou. Três jovens: uma do Mali e uma da Líbia, ambas muçulmanas, chegaram junto com outra jovem que fugira da Nigéria depois de ter presenciado o assassinato dos pais porque eram cristãos. Entre elas instaurou-se imediatamente uma relação de irmãs e, conosco, como pais e filhas. Um dia, estávamos passeando juntos e Mersi estava muito triste porque naquele mesmo dia haviam anunciado na televisão que acontecera um novo massacre na Nigéria. Depois ela recebeu um telefonema: a irmã menor conseguiu fugir e chegar à Líbia com um amigo da família. A jovem líbia imediatamente contatou a sua família e a criança nigeriana – cristã – foi hospedada por eles – muçulmanos. 20150410-01Outro fato: Joy e Lorenz, que também vira o pai ser assassinado porque era cristão. Eu, David, sou assistente social e posso entrar no ônibus quando os refugiados chegam. Eu faço isto arriscando contrair doenças, mas, sei que o primeiro contato é fundamental e é naquele momento que se consegue individuar os grupos que, nesse meio tempo, surgem entre eles. Eu vi que Joy estava grávida e os convidei a virem conosco. Também quando a autoridade competente transferiu este casal nós continuamos a visitá-los e, quando a criança nasceu, levamos um carrinho de bebê e roupinhas que Famílias Novas, dos Focolares, conseguiram para eles. Joy e Lorenz nos pediram para sermos padrinhos do pequeno John. Atualmente a família foi transferida para a Puglia. A separação não foi fácil, mas a relação continua. Eles nos chamam mamãe e papai. Quando receberem o visto definitivo de permanência desejam voltar a morar próximos de nós”.

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