Movimento dos Focolares

«Uma revolução copernicana para as ciências sociais»

Jun 3, 2016

Entrevista ao prof. Adam Biela, por ocasião do 20º aniversário da atribuição do Doutorado “honoris causa” a Chiara Lubich, pela Universidade Católica de Lublin (Polônia).

Prof AdamBielaAdam Biela – naquela época presidente da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Lublin – foi quem tomou a iniciativa de conferir o primeiro doutorado “honoris causa” à fundadora dos Focolares, Chiara Lubich (1920-2008). A este primeiro, em Lublin (Polônia), seguir-se-iam outros 15, um pouco por todo o mundo e nas mais diversas disciplinas. Na Laudatio, o prof. Biela falou de “revolução copernicana”, introduzindo a ideia de um novo paradigma para as ciências sociais. Perguntamos-lhe, então, que motivações o levaram a promover este doutorado. «Na minha Laudatio expliquei os principais motivos da atribuição do doutorado “honoris causa” em Ciências Sociais à fundadora do Movimento dos Focolares, Chiara Lubich, por parte da Universidade Católica de Lublin, em junho de 1996. Um filósofo americano da ciência, Thomas Kuhn (1962), via a revolução copernicana como aquela que, em toda a história da ciência, melhor ilustra a natureza da revolução científica. Na visão de Kuhn, a essência do paradigma é uma mudança de mentalidade na sua própria natureza. Copérnico teve que mudar o sistema geocêntrico consolidado e arraigado, não apenas no espírito científico da sua época, mas também na cultura, na tradição, na percepção social e até na mentalidade das autoridades religiosas e políticas. E fê-lo por um caminho bem preparado, empírico, metodológico e psicológico. Do mesmo modo, Chiara Lubich, através da sua atividade social, gerou uma inspiração revolucionária para a construção de um novo paradigma nas ciências sociais. Numa situação extremamente difícil e de grande risco, em 1943, em Trento, decidiu não só superar o risco iminente da própria vida, como também, juntamente com os amigos, ajudar outras pessoas que se encontravam em condições muito mais difíceis de sobrevivência. Decidiu enfrentar o risco dos bombardeios da guerra para estar com as crianças abandonadas e com os idosos necessitados de ajuda. Esta experiência fez com que se redescobrisse a comunidade como modelo de vida real, permitindo realizar e clarificar o carisma da unidade. E depois, o desenvolvimento do carisma demonstra que ele é uma atualização concreta e prática de uma nova visão das estruturas sociais, econômicas, políticas, educativas, bem como das relações religiosas, que aconselha, recomenda, sugere, educa e promove a unidade com outras pessoas. Na minha laudatio usei o conceito de paradigma da unidade, para sublinhar a atividade social de Chiara Lubich e do Movimento dos Focolares, na construção de estruturas psicossociais para a unidade, em diversos âmbitos. Por exemplo, na Economia de Comunhão, na política (Movimento Político para a Unidade), nos mass-media (jornalistas para a unidade – Net One ndr), nas relações ecumênicas e interreligiosas (Centros para o ecumenismo e para o diálogo interreligioso)». Nos dias 3 e 4 de junho, em Lublin, na Universidade hoje dedicada a João Paulo II, realiza-se um congresso acadêmico com o título “Conflito, Diálogo e Cultura da Unidade”. Qual  a sua finalidade? «A Universidade Católica João Paulo II de Lublin, em junho de 1996, descobriu um caminho metodológico para exprimir a novidade, a originalidade, o valor eurístico e aplicado do carisma da unidade, não só nas ciências sociais, mas também noutras disciplinas. Estamos muito contentes de que a nossa mensagem sobre o valor metodológico do carisma da unidade tenha sido compreendida em tantos outros centros acadêmicos do mundo, que conferiram a Chiara Lubich títulos acadêmicos honoris causa. O conceito do paradigma da unidade é uma grande inspiração que incitará as ciências sociais a construir um paradigma próprio de pesquisa, com uma força e potencialidade mental metodológica que permitirá dar uma nova visão do mundo social. Por isso, o Congresso Conflicts, Dialogue and Culture of Unity analisará em que medida a pesquisa e a prática, inspiradas pelo paradigma da unidade fundado sobre a espiritualidade da unidade, podem resolver as questões conceituais e aplicadas que dizem respeito à construção da integração social, econômica e política, na Europa contemporânea e no mundo».

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

A que serve a guerra?

A que serve a guerra?

Neste momento, em que o mundo está dividido por conflitos hediondos, compartilhamos um trecho do célebre livro escrito por Igino Giordani em 1953, com nova publicação em 2003: A inutilidade da guerra. «Se queres a paz, prepara a paz»: o ensinamento político oferecido por Giordani neste livro poderia ser resumido neste aforisma. A paz é o resultado de um projeto: um projeto de fraternidade entre os povos, de solidariedade com os mais frágeis, de respeito recíproco. Constrói-se, assim, um mundo mais justo; assim deixa-se de lado a guerra como prática bárbara, que pertence à fase mais obscura da história do gênero humano.

Pasquale Foresi: os anos de trabalho pela encarnação do carisma

Pasquale Foresi: os anos de trabalho pela encarnação do carisma

Há 10 anos, no dia 14 de junho de 2015, faleceu o teólogo padre Pasquale Foresi (1929-2015), que Chiara Lubich considerou como cofundador do Movimento. Foi o primeiro focolarino sacerdote e o primeiro copresidente do Movimento dos Focolares. Há alguns meses, saiu o segundo volume da biografia de Foresi, escrito por Michele Zanzucchi. Falamos com o professor Marco Luppi, pesquisador de História Contemporânea no Instituto Universitário Sophia de Loppiano (Itália).