Uma Ong que atua há 13 anos na capital italiana recuperando alimentos que sobram ou que não foram vendidos, prepara todos os dias 250 refeições para os pobres e trabalha para favorecer sua inclusão social.

Acúmulo e desperdício são chagas do nosso tempo e de muitas de nossas sociedades, mas existe quem, silenciosamente, recolhe a comida que seria jogada fora e a doa a pessoas mais pobres. E faz isso não somente para dar assistência, mas como gesto concreto de acompanhamento em um caminho de resgate. É a história de Dino Impagliazzo e de Romaamor, a Ong que ele fundou nesta capital, em resposta ao convite feito por Chiara Lubich no ano 2000, ao receber a cidadania honorária de Roma, quando pediu a cooperação por uma “revolução de amor” na cidade.

São 13 anos que Romaamor serve 250 refeições por dia aos moradores de rua que estão nas estações Tuscolana e Ostiense, e na Praça de São Pedro. E hoje, já com 90 anos, Dino experimenta todo dia a mesma alegria de doar-se aos outros: “Ao ajudar estas pessoas, às vezes surgem muitas dificuldades – explica –, é preciso sacrificar-se, mas depois você sente uma grande alegria por ter feito o bem. Cristo ensinou-nos que a essência do cristianismo é amar Deus e o próximo, e Chiara Lubich nos convida a viver pela fraternidade universal: este é o fundamento do nosso serviço aos pobres”.

Pelo seu trabalho, Dino recebeu o Prêmio Internacional Cartago 2018, porque “a sua obra de sensibilização e formação restitui ética à cidade e cria concretamente alternativas válidas, que dão justo valor às pessoas e às coisas”. Nós o entrevistamos:

Como começou a experiência de Romaamor?
Eu comecei sozinho, por acaso, levando um sanduiche a uma pessoa pobre que encontrei na estação, e aos poucos pensei em envolver o maior número de pessoas possível. Começando pela minha esposa, as pessoas do condomínio, do bairro. Desde sempre nos dirigimos aos pobres com a consciência de que no próximo, seja ele rico, pobre, sadio ou doente, está o meu irmão, e quando o meu irmão está em dificuldades deve ser ajudado e considerado como tal.
Para o Dia da Alimentação 2019, o Papa salientou a necessidade de um retorno à sobriedade nos estilos de vida, para cultivar uma
relação sadia consigo mesmo, com os irmãos e com a criação…

É uma escolha essencial. Se você é cristão e sabe bem que cada pessoa é seu irmão, porque Jesus disse isso a você, se vive não apenas por si mesmo mas em relação com os outros, e sabe que entre nós há pessoas que estão bem e outras que estão mal, então, como pode pensar de outra forma? A sua disponibilidade deve ser sempre total e oferecida com alegria.

Diante do predomínio da “cultura do descarte”, vocês, que decidiram servir os pobres, caminham contracorrente…
Isso é importante, mas nós não nos limitamos a pegar os alimentos que estão para vencer, cozinhá-los e levá-los às pessoas em dificuldade. Buscamos estabelecer um relacionamento com elas para fazer algo a mais do que simplesmente matar a fome.

Procuramos adequar as refeições às pessoas que ajudamos: crianças, idosos, mulheres, doentes, têm exigências diferentes, e para os nossos hóspedes muçulmanos preparamos refeições sem usar carne de porco. O nosso objetivo é favorecer a inclusão: convido os voluntários a tentarem instaurar uma relação estreita ao menos com algumas dessas pessoas. Quando servem as refeições peço que levem duas bandejas, uma para o pobre e outra para eles, para sentar-se e comer juntos.

Qual é o valor do grupo?
É fundamental, estamos juntos em tudo: para decidir o cardápio, cozinhar, dividir as tarefas. Alguns se encarregam de ver se há pessoas doentes, outros ajudam quem precisa do contato com o serviço público, e um dá força ao outro. As horas que passamos juntos são muitas: começamos a cozinhar à tarde, terminamos às oito, saímos e ficamos na rua por duas horas. Tudo é compartilhado, inclusive alegrias e dificuldades.

Alguma das pessoas ajudadas em seguida tornou-se voluntária?
Sim! Entre os voluntários, por exemplo, um terço são estrangeiros que estão nos centros de acolhida e aguardam serem reconhecidos como refugiados políticos. Os juízes nos indicam alguns deles para fazerem serviços sociais, e há também seminaristas enviados pelas dioceses. Temos proveniências diferentes, mas agimos todos com a mesma finalidade.

Qual o motivo para um jovem vir a Romaamor?
Entre os voluntários há um mar de jovens, e o número cresce sempre. Fazem esta experiência com alegria, são felizes, e tentam trazer os seus amigos.

Claudia Di Lorenzi

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