Roberto e Patrícia vivem na província de Nápoles (Itália), e como muitas famílias italianas são duramente provados pela crise econômica. Dez anos atrás adotaram uma menina e agora a família deles cresceu com a adoção de A. X., de cinco anos, chinês, necessitado de tratamentos médicos e de uma cirurgia urgente. Esta experiência de acolhimento dá a eles muita alegria, mas exige também sacrifícios. Quando foram rever o balanço da família surgiu a pergunta se suspender ou não o “sustento à distância”, que, também há vários anos, fazem para a uma criança no Brasil.

“A vida não é fácil – escreveram para os amigos da Escola Santa Maria, em Igarassú, Pernambuco -. Também nós, italianos, estamos perdendo as nossas certezas econômicas e a tranquilidade de país industrial avançado. Muitos pais perdem o trabalho e os jovens não conseguem encontrar um, quem está com uma idade avançada não tem mais a garantia da pensão, a assistência médica não é mais completamente gratuita e o custo de vida subiu muitíssimo. Neste cenário, muitas famílias reduzem os consumos, retiram as férias, e nós também tivemos que fazer as nossas renúncias”.

Com o passar dos dias, dentro deles cresce a insatisfação. O pensamento voa sempre até a Escola Santa Maria, iniciada em 1967 numa das regiões mais pobres do nordeste do Brasil, marcada pela desocupação, o álcool, a droga e a violência. Muitas crianças, de famílias abaixo do nível da pobreza, nestes anos foram salvas pela generosidade e constância dos que mantém os “sustentos à distância”, e a comunidade inteira pôde fazer progressos importantes.

“Olhamo-nos profundamente, voltamos a conversar, e entendemos que cometíamos um erro olhando para nós mesmos, que devíamos dilatar o coração e continuar o ‘sustento à distância’ daquela menina brasileira. Ela e a Escola Santa Maria são a nossa família no Brasil: jamais seria justo abandoná-los”.

As circunstâncias impõem uma maior atenção na vida econômica, adquirir um estilo de vida essencial e principalmente “mudar o ponto de vista com o qual olhamos a nós mesmos e aos outros”, disseram.

Enquanto isso A. X. enfrentou a primeira cirurgia, que durou seis horas. “Superamos tudo com muita serenidade e coragem. Quem semeia amor recolhe amor. Desejamos para ele, a irmãzinha próxima e aquela ‘à distância” um futuro positivo, no qual o amor recebido, que eles emanarão, possa por sua vez ajudar outros próximos”.

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