«Sou professora do ensino fundamental e muitas vezes sou enviada para dar aulas nos povoados de montanha. Lá, escondidos em lugares remotos e rudes, vivem também grupos de terroristas que se proclamam libertadores do povo. Já tinha acontecido de me encontrar com aqueles bandos, mas tinha fugido, escondendo-me no meio das rochas.

Uma vez, porém, não consegui esconder-me a tempo. Eles me capturaram e arrastaram para o seu campo. Durante aqueles dias intermináveis em que estive segregada, várias vezes fui submetida a longos interrogatórios.

Apesar do medo procurei responder com muito respeito, dizendo sempre a verdade. Um deles ficou horas procurando doutrinar-me sobre as suas ideologias, queria convencer-me a abraçar aquela causa. Quando ele me perguntou o que eu achava, não quis comentar. No dia seguinte, quando repetiu o seu discurso, eu objetei que antes é preciso mudar a nós mesmos, se queremos transformar as estruturas de poder que nos parecem injustas.

“O que nos transforma é o amor que cada um tem pelo outro”, procurei explicar-lhe. Talvez as minhas palavras o tenham tocado, talvez o tenham feito recordar os princípios nos quais havia acreditado. O fato é que depois deste interrogatório ele deixou que eu fosse embora.

Depois daquele dia eu sempre rezei por aquele homem e os seus companheiros. Recentemente, para a minha surpresa, eu o reconheci na televisão, quando davam a notícia de um terrorista que tinha entregue as armas aos militares, deixando o seu grupo».

Nelda, Filipinas

Retirado de “Uma boa notícia” (“Una buona notizia”, Ed. “Città Nuova”, Roma).

O volume deseja ser uma contribuição propositiva para a Nova Evangelização, em vista do Sínodo dos Bispos que se realizará em outubro. Contém 94 breves histórias provenientes do mundo inteiro.

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