20150513CentroAveSculturaMaria“Diante de Maria a Igreja Universal canta. Em meio à bruma e ao tédio, desponta seu nome e a atmosfera novamente clareia, ao acenderem-se luzes sem fim. Ela é o sol no qual Deus fez Sua morada”. Assim escreveu Igino Giordani (Maria, modelo perfeito de vida interior, Cidade Nova. São Paulo, 1988, p. 100) e, com a Igreja também ele canta, colocando-se entre os muitos artistas, teólogos e santos que, como em uma competição, ilustraram as virtudes da Mãe de Deus, a sua beleza, a grandeza da sua função na economia da redenção. No livro citado conclui-se um caminho: o que foi percorrido por Igino na compreensão do mistério de Maria, no seu comportamento de vida direcionada a ela.

Sobre Maria ela já havia escrito muito, especialmente em artigos e em muitas páginas dos seus livros. Havia já dedicado a ela um volume, “Maria de Nazaré”, em 1944. Mas, até aquele momento, o tema sempre tinha sido contemplar, louvar e invocar Maria.

No volume Maria, modelo perfeito de santidade, aparece uma diferença que reflete o processo de maturação que se realizara: o tema passou a ser, certamente, contemplar; mas, especialmente, imitar Maria.

Na relação intelectual e de vida de Igino com a Mãe de Jesus, teve início uma dimensão mais profunda depois de 1948, ano em que aconteceu o encontro com Chiara Lubich e com o Movimento que ela dera origem, conhecido como Movimento dos Focolares, e, cujo nome oficial é Obra de Maria.

A experiência de Chiara e das pessoas que entraram em contato com ela, centralizada na Palavra e, em especial, na oração de Jesus pela unidade, desde o início, adquiriu um “timbre mariano”. Tal fato torna-se mais claro e se desenvolve nas etapas sucessivas. São elas, entre outras, a total disponibilidade a dar origem à presença de Maria na vida espiritual pessoal e comunitária; o empenho a repetir, na medida do possível, a sua vida, percorrendo o seu caminho – a Via Mariae – tal como resulta dos Evangelhos e uma particularíssima escolha de Maria como mãe.

Deste contexto brota a essência do discurso de Igino. É feito com os enriquecimentos da sua cultura teológica e literária e com o ardor característico que o torna testemunha singular de amor entusiasmado pela Mãe de Deus.

“Maria encarna a força porque encarna o amor, e o amor é mais forte que a morte. E, somente no amor se desfaz, em uma nova vida, o desespero do mundo, deste calvário onde a culpa universal nos aduna, todos. (…) Poesia, ciência, sabedoria e amor se condensam em Maria, que é o refúgio na desolação, é a estrela na tempestade, é a beleza no horror; ela mostra o caminho para ir ao Filho, assim como, através dela, Ele mais amorosamente vem até nós. Não estamos sós porque existe a mãe: basta invocar, como luz, o seu nome na noite do deserto. (…) Todo santo, todo cristão circunspeto sente-se na cruz, como o Cristo, mas, tendo ao lado a Mãe; no momento mais horrendo vê os olhos implorantes dela, sente a sua unidade e, então, recoloca, confiante, o espírito nas mãos do Pai”.

“A imitação de Maria” é indicada como meta válida para mulheres e homens, para virgens, sacerdotes e leigos com aplicações tanto espirituais quanto sociais.

“Esta é a hora de Maria”, afirmou Igino, na qual ela quer reviver nas almas que, “feitas misticamente ela mesma”, consigam gerar, outra vez, Jesus em meio aos homens de hoje que, sempre mais, necessitam dele. E a vê, especialmente na profundidade abissal da sua desolação, tornar-se mãe dos redimidos, alma de quem sabe abrigá-la, caminho possível para a santificação de cada um de nós.

Tommaso Sorgi

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