Movimento dos Focolares
Trincheiras nunca mais, antes um grande desejo de paz

Trincheiras nunca mais, antes um grande desejo de paz

logo_definitivoNos passados dias 27 a 29 de outubro, realizou-se no Vaticano o “(Re)Thinking Europe. Um contributo cristão para o futuro do Projeto Europa”, um encontro organizado pela Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), em colaboração com a Secretaria de Estado. «O empenho dos cristão deve constituir uma promessa de paz» – disse o Papa Francisco, na conclusão dos trabalhos. Não é este «o tempo de construir trincheiras, mas antes de trabalhar para a plena concretização do sonho dos Pais fundadores duma Europa unida e harmoniosa, uma comunidade de povos desejosos de partilhar um destino de desenvolvimento e de paz».

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Ilona Toth

Entre os participantes encontrava-se também Ilona Toth, responsável do Movimentos dos Focolares para o projeto “Juntos pela Europa”, que testemunha a convergência de comunidades e movimentos cristãos de diferentes Igrejas – atualmente mais de 300, difundidos por todo o continente – para trabalhar em rede em projetos partilhados por todos, dando cada um o contributo do próprio carisma. Toth afirmou: «O projeto atraiu o interesse de todos. Fomos convidados a ir a Bruxelas para dar o nosso contributo, tendo em conta a importância de responsabilizar os povos da Europa na construção da própria história».   Ler o comunicado de imprensa

Escócia: Vigília de Paz e Esperança

Escócia: Vigília de Paz e Esperança

Refusing-to-hate-300x298Não obstante a chuva forte, um grupo compacto de pessoas continua firme, e, ao lado, uma árvore com ramos estilizados, de cujas folhas brotam muitas mensagens de paz. São os instantâneos mais recentes de uma antiga amizade, aquela entre a comunidade dos Focolares da Escócia e os muçulmanos da Ahl Al Bait Society, fundada em 1991 com o objetivo de promover o patrimônio cultural e a fé religiosa da minoria muçulmana no país, ajudando-a a integrar-se no contexto social. As duas comunidades promovem juntas, já há algum tempo, momentos de intercâmbio, encontro e oração comum, nos quais o diálogo inter-religioso é proposto como elemento chave para enfrentar e sanar as numerosas fraturas que atravessam perigosamente o tecido social, não somente na Europa. No dia 19 de setembro passado, os guarda-chuvas abertos sob o céu cinzento eram o sinal colorido deste compromisso. Entre os presentes na Vigília de Paz e Esperança, algumas personalidades civis e religiosas, dentre elas o Lord Provost, representante da Câmera de Vereadores da cidade, o arcebispo metropolita emérito de Glasgow, Mario Conti, e alguns expoentes do Conselho de Muçulmanos da Escócia. 20171030-05A inspiração para esta iniciativa, explicam os organizadores, nasceu do apelo à solidariedade com os povos da Síria lançado pelo Papa Francisco. Explica Liz Taite, do Movimento dos Focolares: «No momento em que várias circunstâncias semeiam divisão e conflitos, o Movimento dos Focolares, juntamente com pessoas provenientes de diferentes credos, deseja promover publicamente uma mensagem de paz. Este evento é o sinal de que Deus está trabalhando e que a paz é possível». Azzam Mohammada, diretor da Sociedade Ahl Al Bait: «Juntos queremos derrubar as barreiras, eliminar o temor e a desconfiança, e aumentar a compreensão e o respeito mútuo. Trabalhamos com sinceridade, com o coração. Trabalhamos em equipe e foi um sucesso. Este é um passo que marca a história do nosso trabalho comum e será um exemplo para todas as comunidades vizinhas. Agora devemos começar a pensar no próximo evento». 20171030-04Daniel, de Glasgow, participou, no final de agosto, da Escola de Verão intitulada “O compromisso inter-religioso, na teoria e na prática”, um curso dedicado ao diálogo inter-religioso, promovido pelo Instituto Universitário Sophia e pelo Instituto Risalat, de Qum (Irã), em Tonadico, no norte da Itália. Este ano os participantes eram provenientes do Canadá, Estados Unidos e da Europa. «Acredito que a minha cidade possa compreender os valores do multiculturalismo e da integração. Quando estamos unidos e solidários, quando reconhecemos nossos próprios valores em quem, a primeira vista, pode parecer diferente, podemos enfrentar de outra maneira as batalhas de cada dia. Este encontro com outros credos e culturas é um testemunho de que a unidade é possível, inclusive quando somos diferentes. Aliás, a diversidade nos torna fortes, lembra-nos de cumprimentar-nos como irmãos e irmãs, de acolher-nos com os braços abertos e com um sorriso. Todos podemos ser mensageiros de esperança e de paz, e motores de mudança».

Palavra de Vida – Novembro de 2017

Dirigindo-se à multidão que o seguia, Jesus anunciava a novidade do estilo de vida daqueles que querem ser seus discípulos, um estilo “contracorrente” diante da mentalidade mais difundida . Naquele tempo, como também hoje, era fácil fazer discursos moralistas e depois não viver coerentemente, procurando para si, em vez disso, posições de prestígio no contexto social, maneiras de ficar em relevo e de servir-se dos outros para obter vantagens pessoais. Mas aos seus discípulos Jesus pede uma lógica totalmente diferente nas relações com os outros, aquela que Ele mesmo viveu: “O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.” Em um encontro com pessoas desejosas de descobrir como se vive o Evangelho, Chiara Lubich partilhou deste modo a sua experiência espiritual: “Deve-se sempre fixar o olhar no único Pai de muitos filhos. Depois, olhar para todas as criaturas como filhas de um único Pai. (…) Jesus, nosso modelo, ensinou-nos apenas duas coisas que são uma: a sermos filhos de um só Pai e a sermos irmãos uns dos outros. (…) Portanto, Deus nos chamava à fraternidade universal”. É essa a novidade: amar a todos, como fez Jesus, porque todos – como eu, como você, como qualquer pessoa na terra – são filhos de Deus, amados e esperados desde sempre por Ele. Desse modo descobrimos que o irmão a ser amado concretamente, “também com os músculos”, é cada uma daquelas pessoas que encontramos diariamente. É o papai, a sogra, o filho pequeno, o filho revoltado. É o detento, o mendigo e o deficiente. É o chefe da repartição e é a faxineira. É o companheiro de partido e é aquele que tem ideias políticas diferentes das nossas. É quem tem a nossa mesma fé e cultura, mas também o estrangeiro. A atitude tipicamente cristã para amar o irmão é colocar-se a seu serviço: “O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.” Diz ainda Chiara: “Aspirar constantemente ao primado evangélico, colocando-se o mais possível a serviço do próximo. (…) E qual é o modo melhor de servir? Fazer-se “um” com cada pessoa que encontramos, sentindo em nós os seus sentimentos: assumi-los como coisa nossa, que se tornou nossa pelo amor. (…) Ou seja: não mais viver fechados em nós mesmos; procurar carregar os seus pesos, compartilhar as suas alegrias”. Toda e qualquer capacidade e qualidade positiva que tenhamos, tudo aquilo que nos possa fazer sentir “grandes” é uma ocasião imperdível de serviço: a experiência profissional, a sensibilidade artística, a cultura, como também a capacidade de sorrir e de fazer sorrir; o tempo que podemos oferecer para escutar a quem tem dúvidas ou está sofrendo; as energias da juventude, como também a força da oração, quando a força física se desvanece. “O maior dentre vós deve ser aquele que vos serve.” E esse amor evangélico, desinteressado, mais cedo ou mais tarde acende no coração do irmão o mesmo desejo de partilha, renovando os relacionamentos na família, na paróquia, nos lugares de trabalho ou de lazer e colocando as bases para uma nova sociedade. Hermez, um adolescente do Oriente Médio, conta: “Era domingo. Assim que acordei pedi a Jesus que me iluminasse o dia todo no meu modo de amar. Percebi que meus pais tinham ido à Missa e me veio a ideia de limpar e arrumar a casa. Procurei caprichar em todos os detalhes, até mesmo com flores em cima da mesa! Depois preparei o café da manhã, arrumando tudo. Quando voltaram, meus pais ficaram surpresos e muito felizes com o que encontraram. Naquele domingo tomamos café mais felizes do que nunca, conversando sobre muitas coisas, e consegui contar para eles as muitas experiências que tinha vivido durante a semana. Aquele pequeno ato de amor tinha dado o toque para um dia maravilhoso!” Letizia Magri

Chiara Lubich: Maria, celeste plano inclinado

Chiara Lubich: Maria, celeste plano inclinado

scultura Mater Cristi_AveCerquetti_CentreArt_Loppiano«Maria não é facilmente entendida pelos homens, apesar de ser muito amada. De fato, é mais fácil encontrar em um coração afastado de Deus a devoção a ela, do que a devoção a Jesus. É amada universalmente. E o motivo é este: Maria é Mãe. As mães, em geral, não são “compreendidas”, especialmente pelos filhos pequenos; elas são amadas, e não é raro — aliás é bastante frequente — que até um homem de oitenta anos morra pronunciando como última palavra: “Mamãe”. A mãe é mais objeto de intuição do coração do que de especulação intelectual, é mais poesia do que filosofia, pois é real e profunda demais, achegada ao coração humano. Assim é com Maria, a Mãe das mães, que a soma de todos os afetos, bondades, misericórdias das mães do mundo não consegue igualar. De certo modo, Jesus está mais diante de nós. Suas palavras divinas e fulgurantes são diferentes demais das nossas para se confundirem com elas; são, aliás, sinal de contradição. Maria é pacífica como a natureza, pura, serena, tersa, suave, bela; aquela natureza longe do mundo, na montanha, na campina, no mar, no céu azul ou estrelado. E é também forte, vigorosa, ordenada, contínua, inflexível, rica de esperança, porque na natureza é a vida que refloresce perenemente benéfica, ornada pela beleza vaporosa das flores, generosa na rica abundância dos frutos. Maria é simples demais, próxima demais de nós para ser “contemplada”. Ela é “enaltecida” por corações puros e enamorados que assim exprimem o que neles há de melhor. Traz o divino à terra, suavemente, qual celeste plano inclinado que, da vertiginosa altura dos Céus, desce até a infinita pequenez das criaturas. É a Mãe de todos e de cada um, a única que sabe balbuciar e sorrir para o seu filho de um modo único e tal que, embora pequeno, cada um já sabe apreciar aquela carícia e responder com o seu amor àquele amor. Não compreendemos Maria porque está demasiadamente próxima a nós. Ela, destinada pelo Eterno a levar aos homens as graças, joias divinas do Filho, está ali do nosso lado e aguarda, sempre com esperança, que percebamos o seu olhar e aceitemos a sua dádiva. E se alguém, por sorte sua, a compreende, ela o arrebata para o seu Reino de paz, onde Jesus é rei e o Espírito Santo é o hálito daquele Céu. Lá, purificados de nossas escórias e iluminados em nossas trevas, haveremos de contemplá-la e dela fruir, paraíso adjunto, paraíso à parte. Aqui, mereçamos que ela nos conduza pelo “seu caminho”, para não permanecermos mesquinhos no espírito, com um amor que só é súplica, imploração, pedido, interesse, mas, conhecendo-a um pouco, para podermos glorificá-la». Chiara Lubich, in Ideal e Luz, Editoras Cidade Nova e Brasiliense, São Paulo 2003, págs. 181-182

Bendita economia!

Bendita economia!

BenedettaEconomia_TV2000Que relação pode existir entre a Bíblia, o trabalho, a empresa e a finança? A partir de amanhã, 29 de outubro, uma transmissão em oito capítulos da TV2000, terá Luigino Bruni, focolarino economista e biblista apaixonado, docente na Universidade Lumsa (Roma) e no Instituto Universitário Sophia (Loppiano, Florença), em entrevistas com conhecidos expoentes do mundo da política, do sindicalismo, das finanças, e com trabalhadores, managers, empresários, recolhendo testemunhos em favor de uma economia orientada ao homem. Partindo de uma abordagem, a da Economia de Comunhão – que considera como atores da economia todas as pessoas que não se contentam apenas em alcançar o próprio lucro, mas se abrem às necessidades das pessoas mais pobres, envolvendo empresários, dirigentes e trabalhadores, estudantes e cidadãos comuns na atuação de uma cultura econômica marcada pela comunhão e a reciprocidade – em cada programa será proposto um paralelismo inédito entre um trecho da Bíblia e um aspecto da economia. Uma ocasião para refletir sobre motivações originárias, mas sempre atuais, que estão na base das iniquidades presentes no tecido social do nosso tempo: precariedade, lógicas especulativas, injustiças, desigualdades, invasão do mercado na esfera privada. Mas, ao mesmo tempo, para chamar a atenção sobre pequenas ou médias empresas, empresários ou trabalhadores, presentes pessoalmente no estúdio ou por meio de reportagens, que já experimentaram com sucesso conjugar justiça e mercado, lucro e bem comum, ocupação e solidariedade. Começará pela narrativa dos Judeus escravos no Egito, contida no Êxodo, a reflexão sobre os trabalhadores e sobre a defesa de seus direitos. No segundo programa se continuará com uma leitura “econômica” da parábola do “Filho pródigo” e um confronto sobre os temas da misericórdia e do perdão, com histórias de empresários que alicerçaram na acolhida e na partilha o próprio modelo de empresa. Sobre sacrifício no âmbito pessoal e competição se falará partindo de um trecho de Isaías, no programa dedicado ao “modelo sacrifical”, assumido por muitos managers de carreira, e rejeitado por outros em favor de uma opção de liberdade. A releitura da história de Jó, que caiu em desgraça e por isso foi considerado culpado, será a ocasião para refletir sobre os riscos escondidos por trás do culto à meritocracia. Da página do livro de Jeremias dedicada aos falsos ídolos sairá a análise sobre os motivos que impulsionam muitos homens e mulheres, hoje, à compra e ao consumo, inclusive nos dias livres, sucumbindo à lógica do mercado. E ainda. Pobreza e riqueza serão o tema do sexto programa, quando a provocação das “bem-aventuranças” será confrontada com a tendência a esconder o valor e o sentido da pobreza, da sobriedade e da acolhida. A releitura da Torre de Babel, mãe de todas as empresas que terminam mal, trará o estímulo para compreender os erros que podem levar as empresas à falência ou a escolhas eticamente ou socialmente erradas, e para falar das consequências sociais e econômicas da criminalidade organizada. E, enfim, no último programa, a leitura bíblica da Arca de Noé será uma ocasião para refletir sobre “construtores de arcas de esperança” presentes ainda no nosso tempo, com algumas histórias de quem soube virar o timão, inclusive depois de experiências muito dolorosas, rumo a um futuro positivo para si e para os outros.