Movimento dos Focolares
“Ser uma presença de Maria”

“Ser uma presença de Maria”

IMG_1295É um prazer cumprimentar todos os participantes nesta apresentação do livro Qui c’è il dito di Dio”. É o segundo volume da coleção “Estudos e Documentos” promovida pelo Centro Chiara Lubich. O título evoca uma frase conhecida pelos membros do Movimento dos Focolares: a primeira aprovação por parte do arcebispo de Trento, dom Carlo de Ferrari, de que aquele algo novo que, de maneira edificante e ao mesmo tempo controversa, estava nascendo na sua diocese, não provinha dos homens mas “do dedo de Deus”. Um olhar puro permitiu ao pastor não se deter diante de considerações ou julgamentos meramente “humanos”, mas penetrar mais profundamente na surpreendente ação de Deus, que se manifestava por meio da vida de um grupo de jovens moças, e isso 20 anos antes do Concílio Vaticano II. E a história lhe deu razão. Como membros do Movimento dos Focolares não podemos deixar de ser particularmente gratos ao bispo De Ferrari pelo seu sábio discernimento, que deu àquele pequeno fogo aceso, a possibilidade de aumentar e de se expandir no mundo inteiro. À distância de 70 anos, este trabalho de Lucia Abignente nos conscientiza de que a intuição do arcebispo estava profundamente enraizada na vida da Palavra de Deus, e a sua ação imbuída de humildade, de perseverança, de prontidão para pagar por si mesmo, de profecia. Na reconstrução dos eventos, oferecida nestas páginas usufruindo de uma vasta bagagem de fontes, descobrimos o fio de ouro. Circunstâncias propícias e adversas permitiram a trama de um relacionamento de comunhão vivo, real, entre Chiara Lubich e o “seu” bispo, dando sentido àquele alternar-se de “hosana” e de “crucifixão” – para citar as palavras que encontramos nas cartas de ambos – e oferecendo a Chiara a possibilidade de viver no amor a Deus e à Igreja. Estas páginas nos proporcionam um testemunho autêntico e envolvente. IMG_1285Também hoje esse testemunho constitui um convite a nos conscientizarmos novamente da dádiva do carisma recebido e da potencialidade de uma fundação, que, como é reconhecida hoje, abriu um caminho que pôde ser percorrido também por outras realidades eclesiais. Provo alegria ao constatar que a publicação deste livro acontece no ano em que o Movimento dos Focolares aprofunda a figura de Maria, um dos pontos da espiritualidade da Unidade. Foi durante o período de luz vivido no verão de 1949 (quando o Espírito permitiu que Chiara contemplasse a grandeza da Mãe de Deus, admirando-a na sua beleza única, toda revestida da Palavra de Deus), que se delineou também o desígnio de Deus para a Obra nascente: Obra de Maria, justamente. Nestas páginas emerge a vocação, o timbre “mariano” desta Obra, comprovado – diria – de modo evidente, graças à contínua renovação do sim de Chiara aos planos de Deus: sim ao chamado, sim ao anúncio daquele Ideal que permearia a sua vida; sim à disponibilidade da oferta e imolação do fruto gerado, durante os anos de estudo por parte da Igreja de Roma. No seu “fiat” na Anunciação, assim como no sim na desolação aos pés da cruz, Maria é o modelo, o molde, no qual Chiara Lubich vive a sua divina aventura. Na nossa época, na qual emerge «uma consciência nova e mais explícita do princípio mariano na Igreja como sacramento de unidade»[1], desejo que o testemunho e a mensagem transmitidas no livro que hoje apresentamos, possam ser um dom para todo o povo de Deus e ajudem a Obra de Maria a exprimir a sua vocação que a Igreja lhe confirmou nos Estatutos: ser «…na terra, na medida do possível, uma presença [de Maria] e, “de certo modo”, uma continuação».   [1] B. Leahy, O princípio mariano na Igreja, Cidade Nova, São Paulo 2005, pág. 45.

Living City completa 50 anos

Living City completa 50 anos

LC50years_invitationA revista na língua inglesa foi fundada em 1967, em Nova York, é uma das 32 edições do Movimento dos Focolares. Para comemorar os 50 anos de atividade foi organizado um simpósio com o título “Construir pontes: como a mídia pode facilitar o diálogo em uma sociedade polarizada?”. O evento, realizado na Fordham University de Nova York, no dia 24 de setembro, contou com a participação de professores e jornalistas especializados. Living City é lida e apreciada não somente nos Estados Unidos, mas, também, no Canadá, Austrália, Irlanda, Malta, Nova Zelândia e muitos outros países de língua inglesa. Os seus leitores são pessoas de todas as faixas etárias e de diferentes convicções religiosas. Recentemente a revista recebeu cinco prêmios conferidos pela Catholic Press Association da América do Norte.  

Da comunidade dos Focolares do México

Da comunidade dos Focolares do México

IMG-20170926-WA0005«Desde os primeiros momentos, muitos de nós, assim como a enorme maioria do povo mexicano, nos colocamos na linha de frente, apesar da apreensão e da emergência, para acolher a solicitação de ajuda que chegava de todos os bairros da Cidade do México e de outras localidades dos arredores atingidas pelo abalo sísmico. Um profundo sentido de solidariedade saltou por toda a parte. Os hotéis abriram as portas a todos os que perderam a casa, médicos e psicólogos prestam serviços gratuitos; nunca falta uma família que ofereça um prato de sopa quente. Centenas de voluntários trabalham duramente e sem descanso; são cidadãos que até poucas horas antes eram funcionários, vendedores ambulantes, donas de casa e operários. Mais uma vez se constata que, em seguida a uma tragédia, emerge a verdadeira natureza mexicana, que não perde a esperança, sabe se contagiar de alegria e entusiasmo até mesmo nos momentos mais escuros. Avalanches de pessoas ajudam das formas mais simples e criativas, dando a impressão de um povo vivo que se levanta, como um gigante, das ruínas. IMG-20170926-WA0007Vários membros da nossa comunidade ofereceram a própria ajuda, especialmente em Puebla, Morelos, Chiapas e Oaxaca, cidades nas quais os socorros chegaram com maior lentidão. Uma família da Cidade do México organizou um centro de coletas na própria casa e depois se transferiu para o estado de Morelos para distribuir alimentos e gêneros de primeira necessidade aos mais necessitados. Os jovens da cidadezinha El Diamante foram a Contla, uma localidade do estado de Puebla duramente atingida pelo terremoto. Removeram escombros, descarregaram e entregaram víveres e consolaram quem havia perdido tudo. Para chegar a esta comunidade, situada numa região de difícil acesso, atravessaram um rio e ultrapassaram um profundo precipício com uma ponte de corda improvisada. Ao mesmo tempo, o grupo de Economia de Comunhão de Puebla organizou atividades de socorro em Santo Antônio Alponocan, uma outra comunidade daquela região. Enfim, com o objetivo de coordenar as ajudas, criamos na Cidade do México um comitê de emergência que deu início a um levantamento dos danos e das necessidades, para organizar uma coleta de bens materiais e competências. IMG-20170926-WA0001Nestes momentos difíceis temos sempre em mente, e são para nós fonte de coragem e consolação, as palavras que Nossa Senhora de Guadalupe, sobre o monte Tepeyac, pediu a San Juan Diego que recordasse sempre: “Coloca isto no teu coração, meu filhinho: não temas. Não vês que estou aqui, eu que sou tua Mãe? Não vês que te encontras sob a minha sombra, sob a minha proteção? Não vês que sou eu a fonte da tua alegria? Não percebes que tu estás entre as dobras do meu manto, entre meus braços? Precisas de alguma outra coisa?”. Como Movimento dos Focolares reforçamos o nosso empenho de amor e fraternidade para a reconstrução material e espiritual do nosso amado país». Cidade do México, 25 de setembro de 2017

O Movimento dos Focolares em movimento

O Movimento dos Focolares em movimento

VietnamSão assim chamados os “Focolares temporários”, grupos de pessoas, pertencentes às várias vocações do Movimento que se disponibilizam, deixando suas casas por semanas e até mesmo alguns meses para visitar comunidades distantes, em áreas isoladas de algumas regiões. Nestes últimos meses, foram realizadas cerca de quarenta viagens em diferentes partes do mundo, do Siri Lanka aos Açores, do Vietnã para Santo Domingo, do Brasil para a Tanzânia.Todas essas viagens “autofinanciadas” com as mais diversas iniciativas e muitas vezes com grandes sacrifícios. A igreja e a comunidade local abrem suas portas para acolher essas pessoas tão generosas, cada uma dessas viagens tem uma história diferente, mas com um único denominador comum: formar lares temporários e com o fogo do amor reciproco entre eles iluminam novas vidas. Idalina e Toni são uma família de Portugal, com outras sete pessoas, incluindo dois jovens, em agosto partiram para Saurimo, Angola. “Estávamos alojados na casa do arcebispo, transcorríamos com ele grande parte do dia, conhecendo as comunidades locais, compartilhando as refeições e trocas de experiências em muitos momentos do dia. Durante as duas semanas de permanência ali, entrelaçamos muitos relacionamentos com adultos, jovens e  adolescentes na comunidade: “No final dos quinze dias que ali estivemos, nos perguntávamos quando seria possível retornar, devido a forte experiência e a descoberta da arte de amar de Chiara Lubich que foi para muitos uma grande surpresa. Canada_03Outra experiência muito positiva foi a permanência de um mês entre os povos indígenas dos territórios do Noroeste do Canadá, o Padre Harry Clarke (sacerdote da Colúmbia Britânica, parte ocidental do Canadá), Marilena e Mike Murray (um casal de Washington) Maria Santana (Montreal) e Ljubica Dekic (Toronto) relatam: “Em Yellowknife, capital da região e lar da diocese, fomos recebidos pelo Bispo emérito que passou toda a sua vida entre os povos indígenas do norte. De lá, partimos para Wha Ti, uma das quatro aldeias da tribo Tlicho, a 40 minutos de avião.Fomos hospedados na casa paroquial. As pessoas dessa região são muito simples e reservadas. Um dos problemas dessas aldeias é a falta de comunicação entre os idosos, que são muito enraizados na cultura e na língua indigena e é difícil o relacionamento com esses jovens do local porque  já não falam mais a língua da tribo. O alcoolismo, o jogo e as drogas complicam a situação. Apresentamos a espiritualidade da unidade, nos dedicamos às várias atividades da pequena comunidade católica para crianças e adultos. As circunstâncias colocaram-nos em contato com dois luteranos e um casal de  menonitas que estavam ali em missão, nasceu entre nós um espirito de colaboração e conhecimento. Para nos deslocarmos de um local ao outro nos movíamos com canoas ao longo do rio, participamos de várias festividades das várias tribos ali presentes, que justamente naquele periodo estavam reunidas para a Assembléia anual das aldeias. Desta viagem permaneceu em cada um de nós as historias de vidas com as suas vitórias e dores, relacionamentos de confiança e confidências construidos. Uma outra viagem cheia de surpresas foi em Bambio a 300 quilometros de Bangui na Republica Centro Africana, o” focolare temporário”foi ao encontro de um grupo de pigmeus que a mais de 20 anos conhece e vive o Ideal da unidade. Fidelia uma das jovens que participava dessa experiência nos escreveu: “É impressionante entrar nesse território e sentir a saudação calorosa das pessoas que vivem ali. Em contato com esse povo nos deparamos com tantos valores que condividimos plenamente: a fidelidade, a monogamia, a pureza, a sacralidade. Eles nos contaram suas experiências sobre a arte de amar e sobre a Palavra de vida. Cada vilarejo escolheu um dia  da semana para se encontrarem, das 6 às 8 da manhã, antes de ir para o trabalho. Nos contaram que as pessoas do focolare os ensinaram a viver, a amar, a fazer-se um com os outros. Não existe mais vocês e nós, mas somos todos “nós”. Angola_02Continuaram a contar que é dificil se misturar com outras pessoas do vilarejo, porque eles não são aceitos, mas os focolarinos nos consideram iguais, vieram viver conosco, compartilhar as nossas alegrias e dores. Eles nunca nos propuseram de nos tornarmos católicos, mas nos ensinaram o amor. “Nós pigmeus temos tantas práticas culturais que fazem parte de uma tradição, mas quando começamos a fazer parte dos “focolares” deixei alguns costumes de lado, por exemplo quando o meu filho ficou doente, eu não o levei para o curandeiro como eu sempre fazia, mas entendi que devia levá-lo para o hospital. Somente os focolarinos ficaram sabendo disso e vieram me ajudar até que o meu filho ficou curado. Gratidão e reconhecimento são duas palavras que permanecem em quem fica e em quem retorna,  à medida que aumenta a consciência de ser uma unica familia