É um prazer cumprimentar todos os participantes nesta apresentação do livro “Qui c’è il dito di Dio”. É o segundo volume da coleção “Estudos e Documentos” promovida pelo Centro Chiara Lubich. O título evoca uma frase conhecida pelos membros do Movimento dos Focolares: a primeira aprovação por parte do arcebispo de Trento, dom Carlo de Ferrari, de que aquele algo novo que, de maneira edificante e ao mesmo tempo controversa, estava nascendo na sua diocese, não provinha dos homens mas “do dedo de Deus”. Um olhar puro permitiu ao pastor não se deter diante de considerações ou julgamentos meramente “humanos”, mas penetrar mais profundamente na surpreendente ação de Deus, que se manifestava por meio da vida de um grupo de jovens moças, e isso 20 anos antes do Concílio Vaticano II. E a história lhe deu razão. Como membros do Movimento dos Focolares não podemos deixar de ser particularmente gratos ao bispo De Ferrari pelo seu sábio discernimento, que deu àquele pequeno fogo aceso, a possibilidade de aumentar e de se expandir no mundo inteiro. À distância de 70 anos, este trabalho de Lucia Abignente nos conscientiza de que a intuição do arcebispo estava profundamente enraizada na vida da Palavra de Deus, e a sua ação imbuída de humildade, de perseverança, de prontidão para pagar por si mesmo, de profecia. Na reconstrução dos eventos, oferecida nestas páginas usufruindo de uma vasta bagagem de fontes, descobrimos o fio de ouro. Circunstâncias propícias e adversas permitiram a trama de um relacionamento de comunhão vivo, real, entre Chiara Lubich e o “seu” bispo, dando sentido àquele alternar-se de “hosana” e de “crucifixão” – para citar as palavras que encontramos nas cartas de ambos – e oferecendo a Chiara a possibilidade de viver no amor a Deus e à Igreja. Estas páginas nos proporcionam um testemunho autêntico e envolvente. Também hoje esse testemunho constitui um convite a nos conscientizarmos novamente da dádiva do carisma recebido e da potencialidade de uma fundação, que, como é reconhecida hoje, abriu um caminho que pôde ser percorrido também por outras realidades eclesiais. Provo alegria ao constatar que a publicação deste livro acontece no ano em que o Movimento dos Focolares aprofunda a figura de Maria, um dos pontos da espiritualidade da Unidade. Foi durante o período de luz vivido no verão de 1949 (quando o Espírito permitiu que Chiara contemplasse a grandeza da Mãe de Deus, admirando-a na sua beleza única, toda revestida da Palavra de Deus), que se delineou também o desígnio de Deus para a Obra nascente: Obra de Maria, justamente. Nestas páginas emerge a vocação, o timbre “mariano” desta Obra, comprovado – diria – de modo evidente, graças à contínua renovação do sim de Chiara aos planos de Deus: sim ao chamado, sim ao anúncio daquele Ideal que permearia a sua vida; sim à disponibilidade da oferta e imolação do fruto gerado, durante os anos de estudo por parte da Igreja de Roma. No seu “fiat” na Anunciação, assim como no sim na desolação aos pés da cruz, Maria é o modelo, o molde, no qual Chiara Lubich vive a sua divina aventura. Na nossa época, na qual emerge «uma consciência nova e mais explícita do princípio mariano na Igreja como sacramento de unidade»[1], desejo que o testemunho e a mensagem transmitidas no livro que hoje apresentamos, possam ser um dom para todo o povo de Deus e ajudem a Obra de Maria a exprimir a sua vocação que a Igreja lhe confirmou nos Estatutos: ser «…na terra, na medida do possível, uma presença [de Maria] e, “de certo modo”, uma continuação». [1] B. Leahy, O princípio mariano na Igreja, Cidade Nova, São Paulo 2005, pág. 45.
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