2 Dez 2017 | Sem categoria
Sendo que o Natal é considerado, pela maioria, como uma grande festa, mais suntuosa do que sagrada, é bom retornar sobre alguns dos aspectos temáticos deste evento, pelo qual a história do mundo foi partida em duas seções, uma antes, a outra depois. Vista a importância infinita de tal evento, alguém poderia tê-lo esperado entre pompas, triunfos, sons e disparos, com manifestações de potência e o afluxo de milhões de curiosos. Há um abismo abissal entre o nascimento de um potente da terra, como sonhava e imaginava o mundo antigo, e o nascimento sombrio, ignorado de Jesus. Um contraste que já caracteriza a originalidade infinita de um Cristo-Rei, que nasce de uma pobre mulher, num estábulo. Não parece realmente um Deus, e nem mesmo o mais suntuoso dos homens, mas o último deles, colocado, imediatamente, no nível da degradação mais apavorante. Apresenta-se na camada mais baixa, para estar logo nas condições de poder ver, da terra, todos os seres humanos, de poder ver com os olhos dos miseráveis. O início da sua revolução não prevê a soberba, mas a humildade, para atrair ao céu os filhos de Deus, a começar daqueles que comiam e dormiam no chão: os escravos, os desempregados, os forasteiros: a escória. Nasce, com aquele infante, a liberdade e o amor: a sua liberdade é liberdade de amor. Esta é a imensa descoberta. O amor universal por ele ensinado busca dispersar um sistema de convivência feito em grande parte de prepotência política, de abuso de autoridade, de desgaste inútil, de desprezo pelo trabalho, de degradação da mulher, de inveja corrosiva. Logicamente, para as pessoas enxertadas em tal sistema, aquele anúncio é uma loucura: coisa de prisão e de patíbulo. Bem-aventurados os pobres e aqueles se fazem pobres para ajudar os miseráveis… Pode-se imaginar a fúria daqueles para quem o dinheiro era o bem supremo… «Foi dito aos antigos: não matarás. Mas eu vos digo: quem se irar contra o seu irmão será passível de julgamento…». A máxima pareceu, e parece ainda agora, lesiva à honra dos exércitos e das indústrias bélicas, enquanto que não irar-se contra o irmão equivale a colocar fim nas brigas, facções, violências. A máxima tornaria a sociedade uma coabitação pacífica, aonde, ao invés de gritar e disparar, o povo iria rir e comer. A vida, na paz, consentiria fazer de cada dia um Natal. E esta é a revolução de Cristo: fazer-nos renascer continuamente contra a maldição da morte. O máximo mandamento, portanto, é amar o homem, que é como amar Deus. Amar o outro até dar a vida por ele. Este, em breve, é o significado do Natal: revisão do passado, fim das guerras, das paixões torpes, da avareza; início do amor universal que não admite divisões de raça, casta, classe, política… com a sua vida e a sua morte Jesus prega e ensina a vida. Portanto, o Natal pode ser celebrado também com o panetone, se isso ajuda a suscitar o amor. Mas deve ser celebrado antes de tudo com a reconciliação que coloca um fim nas doenças do espírito e dá saúde. Celebra-se em gratidão ao Senhor e à Maria, que sofreram para ensinar-nos e ajudar-nos a por fim no nosso sofrimento. Igino Giordani, Il Natale come rivoluzione, Città Nuova, Roma 1974, n.24, p.18
1 Dez 2017 | Sem categoria
Era um “graphic artist”, Noel, com a marca inconfundível. Uma predileção por Michelangelo, Van Gogh, Gaudí. Um talento precoce para o desenho a mão livre. A criação de um estilo moderno, pessoal, baseado no conhecimento dos grandes mestres do passado. Emmanuel, para todos Noel, trabalhava lado a lado com os jovens da sua cidade, emprestando a radiosidade, inventiva e criatividade de que era dotado para a preparação do Genfest 2018 que reunirá em Manila 10.000 jovens de todas as partes do mundo. No dia 2 de setembro passado, por uma repentina complicação das apneias noturnas de que sofria, se adormentou e não acordou mais. Mais do que um adulto, era considerado um coetâneo pelos adolescentes e pelos jovens do Movimento dos Focolares nas Filipinas, que agora, recolhendo a sua herança, contam com a sua ajuda para continuar. Grace, Paul, Lela, Paula, Edith e outros amigos seus nos escreveram, contando quem era Noel para todos. «Doava si mesmo sem se poupar e sem esperar nada em troca. Em movimento desde pequeno: aos dois anos, chegando pela primeira vez na Mariápolis, corria e subia pelas paredes inclusive durante os encontros. De índole generosa, aos seis anos presenteou um par de sapatos recém adquiridos para uma coleta de roupas, organizada depois que um terrível incêndio tinha devastado a região. Ao pedido de explicações, responde: “Vi Jesus naquelas pessoas”. Durante os primeiros anos de escola, Noel encontra muitas dificuldades. Quando um médico descobre a causa, um problema na vista, confessa candidamente que nunca tinha falado antes aos pais para não os preocupar. A família, em seguida, se muda para outra cidade, e Noel com seu irmão cola um cartaz na porta principal, “Procura-se amigos”, e começa a bater à porta dos vizinhos, sem todavia obrigar ninguém. Ao se tornar adulto, Noel é muito apreciado pelos seus colegas e empregadores. Espontâneo e sociável, mas também confiável e preciso, respeitoso dos prazos de entrega. Ele é perdoado se, por causa do distúrbio de que sofre nas horas noturnas, às vezes adormece de repente, derramando o café no teclado do pc. Compartilha nas redes sociais as suas obras e uma destas está exposta no Café Mediterranean de Manila. Para as iniciativas dos jovens dos Focolares está sempre disponível. Todas as vezes que um desenho ou um projeto serve, põe o seu talento à disposição. Quando adolescente é o baterista de uma banda gen. Com certeza, não o melhor baterista da praça, mas quando ele está presente a banda não se preocupa demais em atingir a perfeição, mas em tocar com o coração. Agnes, uma componente da banda, lembra que para ele era importante “o conjunto”, não tanto se colocar à mostra. A mesma atenção dá também aos relacionamentos com as pessoas. Em 2004, Noel chega a Loppiano (Itália) para uma escola gen. É um dos poucos a ter a carteira de motorista e se lança em dirigir para todos, em caso de necessidade, inclusive à noite, após um dia de trabalho. Para muitos jovens, ao voltar ao seu país, se torna um ponto de referência, uma família. Conscientemente ou não, é para eles um estímulo a não ceder, a perseverar, a ter esperança, a seguir somente Deus. “No amor é preciso dar tudo, especialmente quando é dada a você a possibilidade de fazer isso”, afirma com frequência. Noel está sempre ao lado da mãe, protetor para com as irmãs, próximo ao irmão inclusive quando se muda para o exterior. Não quer que haja pessoas infelizes ao seu redor. Um amigo, um mestre, um gigante gentil. Uma pessoa que deixou a marca. Este é Noel para nós. Tinha 38 anos, mas não queria envelhecer. Agora será jovem para sempre».
30 Nov 2017 | Sem categoria
Na capital austríaca se reuniram, no dia 9 de novembro passado, para o seu Congresso anual, 130 participantes de 44 Movimentos, Comunidades e Associações pertencentes à rede ecumênica Juntos pela Europa (JpE). Discursos e intensas trocas de ideias, com momentos de oração, caracterizaram o programa do Congresso. Pe. Heinrich Walter (Schönstatt), Gérard Testard (Comunidade Efesia, França), Gerhard Pross (CVJM/YMCA, Esslingen) falaram da história de Juntos pela Europa, da situação atual e dos próximos desafios: “Nós dizemos SIM a uma Europa à qual, no decorrer da história, Deus confiou uma vocação: a junção de céu e terra, a junção de fé e projeto para o mundo, porque no Crucificado o céu e a terra se encontram”. Pál Toth (Movimento dos Focolares, Hungria), especialista em ciências da comunicação, evidenciou algumas diferenças entre os países do Leste e do Oeste, lançando na conclusão um desafio: “Juntos pela Europa poderia se desenvolver cada vez mais como uma plataforma de diálogo e até mesmo como uma escola de diálogo intraeuropeu”. Entre as propostas, a de evidenciar o dia 9 de maio, considerado em muitos países como o Dia da Europa, para difundir com ações locais a mensagem de Juntos. www.together4europe.org twitter: com/together4europe
30 Nov 2017 | Focolare Worldwide
Chega inesperada a bênção do papa Francisco aos habitantes da Mariápolis Victoria, um pequeno oásis de paz na cidade de Man, na Costa do Marfim, que nos dias passados celebrou o Jubileu de prata. Com um “obrigado pela obra de Evangelização realizada neste lugar” Francisco convida a “perseverar corajosamente no serviço da unidade e da concórdia entre os homens”, e a prosseguir “no caminho de uma fraternidade cada vez mais universal”. De episódios de fraternidade, este lugar é constelado, a partir dos dias da guerra civil (2002-2003) quando os habitantes decidiram permanecer. Inclusive os focolarinos europeus, não obstante as autoridades terem convidado os estrangeiros a deixar o país. O testemunho foi o de amar até o fim, de abrir as portas para proteger as pessoas – passaram 3500 naqueles meses – muçulmanos e cristãos. Pessoas que arriscaram a vida, como Salvatore, Rino, Charles, encostados no paredão, prontos para serem mortos: “Não lhes resta senão rezar!”, lhes disseram. Mas se livraram. Agora a cidade e o país viraram a página, mesmo se não há uma plena reconciliação política.
Mas a Mariápolis Victoria não é somente o oásis de paz no tempo da guerra. É um laboratório social. Com os três dias de festa (17 a 19 de novembro) para celebrar os 25 anos, se quis dar espaço aos fatos. Com efeito, a visita às atividades da cidadezinha foi o primeiro dos encontros marcados no programa: os hóspedes visitaram o Centro Médico Social – renovado e ampliado, com serviços ambulatoriais em hospital-dia, um dentista, um fisioterapeuta –, o centro nutricional – onde se combate a chaga da má nutrição infantil e são ensinados às mães os princípios da correta alimentação –, o centro informático – que de simples internet point se tornou ponto de alfabetização informática e de cursos cada vez mais especializados na área da comunicação – e outras atividades empresariais como a marcenaria e a tipografia. Em preparação ao 25º aniversário, se realizou nos meses precedentes um campeonato de futebol no rastro da fraternidade e do fair play. Domingo, 19, finalmente a premiação do time vencedor, não só pelos gols marcados, mas pelos pontos fair-play adquiridos.
Simbólica, depois, a inauguração de um monumento na “Praça da Fraternidade Universal” com um grande dado da paz que sintetiza a identidade da cidadezinha, onde a dimensão do respeito e do amor pelo outro quer ser transferido a todos os aspectos da vida: do trabalho ao esporte, da religião à família. Celebrações oficiais, depois, na paróquia de S. Maria de Doyagouiné – Maria Rainha da África – confiada aos Focolares desde os anos 1970. Presentes, além do núncio apostólico d. Joseph Spiteri e do bispo de Man, Gaspar Bebi Gneba, também numerosas autoridades civis: o vice-prefeito de Man, madame Djerehe Claude e o ex ministro Mabri Toikeusse, que é também presidente da câmara regional e o Rei dos Chefes tradicionais do Tonpki, Gué Pascal. Expressaram o reconhecimento das autoridades costa-marfinenses pela assistência à população durante a crise e em geral pela ação dos Focolares para com as populações vulneráveis. E também o embaixador italiano Stefano Lo Savio quis estar presente com uma calorosa mensagem. Agora se olha para a frente. Três são as palavras chave a servir de guia no percurso: acolhida, formação, atenção aos pobres. Enquanto a cidadezinha se encaminha a se tornar um centro de formação global. Maria Chiara De Lorenzo
29 Nov 2017 | Palavra de Vida, Sem categoria, Spiritualità
Na Palestina, em uma periferia desconhecida do poderoso Império Romano, uma jovem mulher recebe em casa uma visita inesperada e desconcertante: um mensageiro de Deus lhe traz um convite e espera dela uma resposta. “Alegra-te!”, lhe diz o Anjo, com a sua saudação; depois lhe revela o amor gratuito de Deus para com ela e lhe pede que colabore na realização do Seu desígnio para a humanidade. Surpresa, Maria acolhe com alegria o dom desse encontro pessoal com o Senhor e, por sua vez, se doa inteiramente a esse projeto ainda desconhecido, pois Ela confia plenamente no amor de Deus. Com o seu “Eis-me aqui!” generoso e total, Maria se coloca decididamente a serviço Dele e dos outros. Com seu exemplo Ela mostra um modo luminoso de aderir à vontade de Deus. “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Meditando essa frase do Evangelho, Chiara Lubich escreveu: Para realizar seus planos, Deus precisa unicamente de pessoas que se entreguem a Ele com toda a humildade e a disponibilidade de uma serva. Maria – autêntica representante da humanidade, cujo destino é por ela assumido – com sua atitude abre completamente o caminho para a atividade criadora de Deus. Mas o termo “servo do Senhor” não era só uma expressão que indicava humildade; era também o título de nobreza atribuído aos que prestavam grandes serviços à história da salvação, como Abraão, Moisés, Davi e os profetas. Assim, utilizando essa mesma expressão, Maria afirma também toda a própria grandeza. “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Também nós podemos descobrir a presença de Deus em nossa vida e escutar aquela “palavra” que Ele dirige a nós, para convidar-nos a realizar na história, aqui e agora, a nossa pequena parte do seu grande desígnio de amor. É verdade que a nossa fragilidade, somada a uma impressão de não sermos adequados, pode nos paralisar. Então, lembremos da palavra do Anjo: “Para Deus nada é impossível” e confiemos no Seu poder, mais do que nas nossas forças. É uma experiência que nos liberta dos condicionamentos, mas também da presunção de sermos autossuficientes; ela faz despontar as nossas melhores energias e muitos recursos que nem imaginávamos possuir, e nos torna finalmente capazes de amar. Um casal nos conta: “Desde o início do nosso casamento, acolhemos em nossa casa os familiares de crianças internadas nos hospitais da nossa cidade. Mais de cem famílias passaram pela nossa casa, e procuramos sempre ter, com cada uma, um verdadeiro clima de família. Muitas vezes a Providência nos ajudou a manter essa acolhida inclusive do ponto de vista econômico, mas primeiro tínhamos de demonstrar a nossa disponibilidade. Recentemente recebemos uma certa quantia em dinheiro, e pensamos em reservá-la, na certeza de que alguém precisaria dela. De fato: pouco depois chegou outra solicitação. É tudo um jogo de amor com Deus. Nós devemos somente ser dóceis e aceitar o desafio. “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Para vivermos essa frase do Evangelho, pode nos ajudar uma sugestão de Chiara sobre como acolher a Palavra de Deus assim como Maria fez: … com toda a disponibilidade, sabendo que não é de origem humana. Sendo Palavra de Deus, contém em si uma presença de Cristo. Receba, então, Cristo em você, na Palavra Dele. E com ativíssima prontidão coloque-a em prática, momento por momento. Se você agir dessa forma, o mundo verá novamente Cristo passar pelas ruas de nossas cidades modernas, Cristo em você, sem nenhum distintivo, trabalhando nos escritórios, nas escolas, nos mais variados ambientes, junto a todos. Neste período de preparação para o Natal, procuremos também nós, imitando Maria, um pouco de tempo para nos determos “a quatro olhos” com o Senhor, lendo, quem sabe, uma página do Evangelho. Procuremos reconhecer a sua voz na nossa consciência, que assim será iluminada pela Palavra e ficará sensível diante das necessidades dos irmãos que encontrarmos. Perguntemo-nos: de que modo posso ser uma presença de Jesus hoje, para contribuir, lá onde estou, a fazer da convivência humana uma família? Diante da nossa resposta “Eis-me aqui!”, Deus poderá semear paz ao nosso redor e fazer aumentar a alegria no nosso coração. Letizia Magri