«É paradoxal que a nova Europa, que surgiu com a queda do Muro de Berlim, seja agora, tomada pelo medo, tentada a fechar-se, dentro de novas trincheiras, construindo outros muros, com a ilusão de conseguir deter a História, que, uma vez mais, bate às suas portas. O projeto da moeda única queria ter sido um grande passo novo para a união política, um novo grande momento de identidade, em que a solidariedade e a partilha da soberania deveriam representar os pilares fundamentais para o êxito dos objetivos comuns. De facto, há dois exemplos que nos mostram que isso não se realizou: por um lado, os graves atrasos e acalorados debates que se seguiram à crise da dívida na Grécia e que prejudicaram muito as bases da solidariedade entre os países membros da União, chegando até a pôr-se a hipótese da saída da Grécia do Euro; por outro lado, a questão do Brexit e outras tendências separatistas semelhantes, põem em crise a solidariedade. Porque sair da União não é o mesmo que deixar um clube, mas equivale a deixar muito mais, abandonando radicalmente os parceiros com os quais já não se partilha o mesmo interesse de viver juntos o pacto que originou a sua fundação. A Europa está a viver a noite dos seus princípios, a noite do seu papel no mundo, a crise dos seus sonhos. Concretamente, no nosso continente, reina uma grande confusão, pelo aparecimento de três crises simultâneas: uma crise migratória sem precedentes, juntamente com uma profunda crise económica, no contexto de uma crise demográfica. Deixando que outros façam a análise dos motivos dessas crises, eu penso que as mais profundas causas desta situação de fragilidade da Europa atual, podem provir da negação de Deus e do transcendente, que é consequência da afirmação e disseminação gradual da cultura laicista, que quer prescindir de qualquer relação com o sobrenatural. A Europa, na busca de uma total liberdade, esquece-se que a sua cultura se formou durante estes 2.000 anos de tradição cristã. Renegar essa realidade significa cortar as próprias raízes e encontrar-se como uma árvore sem vida. E então, tudo se desmorona? O sonho de unidade do continente está a desvanecer? Não. Nós, movimentos e comunidades cristãs da Europa, estamos aqui juntos porque acreditamos que existe qualquer coisa que não desmorona. É o Amor. É Deus Amor (Leia o discurso completo)».
Juntos somos fortes
Juntos somos fortes
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