Movimento dos Focolares

“Abba, Pai!”

Mai 4, 2020

O seguinte escrito de Chiara Lubich nos leva ao coração da fé cristã. “Acreditamos no amor de Deus – deste modo o cristão pode expressar a escolha fundamental de sua vida”[1]. É uma escolha que atualmente se revela muito ousada, mas não menos verdadeira.

O seguinte escrito de Chiara Lubich nos leva ao coração da fé cristã. “Acreditamos no amor de Deus – deste modo o cristão pode expressar a escolha fundamental de sua vida”[1]. É uma escolha que atualmente se revela muito ousada, mas não menos verdadeira. Hoje, falaremos mais uma vez sobre a oração. Ela é o respiro da alma, oxigênio para toda nossa vida espiritual, expressão do nosso amor a Deus, combustível para cada uma de nossas atividades. Mas de que oração trataremos? Da oração que, encerrando infinitas e divinas riquezas, está toda contida numa palavra, numa única palavra ensinada por Jesus e colocada pelo Espírito Santo em nossos lábios. Mas vamos à sua origem: Jesus rezava, rezava a seu Pai. Para Ele, o Pai era «Abba», isto é, papai, paizinho, a quem Ele se dirigia com palavras de infinita confidência e amor sem fim. Jesus rezava ao Pai, permanecendo no seio da Trindade da qual Ele é a segunda Pessoa divina. Foi justamente através dessa oração muito especial que Jesus revelou ao mundo quem realmente Ele é: o Filho de Deus. Entretanto, uma vez que veio à terra por nossa causa, não lhe satisfazia permanecer sozinho nesta condição privilegiada de oração. Morrendo por nós e nos redimindo, tornou-nos filhos de Deus, seus irmãos, e nos deu também, através do Espírito Santo, a possibilidade de sermos introduzidos no seio da Trindade, n’Ele, junto com Ele, por meio d’Ele. Deste modo, Ele tornou possível também para nós aquela sua divina invocação: «Abba, Pai»[2]: «Papai, paizinho meu!», nosso pai, com tudo o que isto implica: certeza da sua proteção, segurança, abandono cego ao seu amor, consolo divino, força, ardor; ardor que brota do coração de quem está certo de ser amado… É esta a oração cristã, oração extraordinária. Não a encontramos em outros lugares, nem em outras religiões. No máximo, quando se acredita numa divindade, esta é venerada, adorada, suplicada, mas se permanece, por assim dizer, fora dela. No nosso caso, ao invés, penetramos diretamente no Coração de Deus. E então o que fazer? Lembremo-nos, antes de tudo, da vocação sublime e altíssima a que fomos chamados como filhos de Deus e, consequentemente, da nossa extraordinária possibilidade de rezar. Naturalmente só podemos dizer «Abba, Pai!» com todo o significado que essa palavra encerra, se for pronunciada pelo Espírito Santo em nós. E para que isto aconteça é preciso ser Jesus, nada mais, nada menos que Jesus. De que modo? Nós sabemos: Ele já vive em nós pela graça, mas é preciso fazer a nossa parte, que consiste em amar, em permanecer no amor para com Deus e para com o próximo. E, com maior plenitude ainda o Espírito Santo a colocará nos nossos lábios se estivermos em perfeita unidade com os nossos irmãos, mantendo a presença de Jesus entre nós. «Abba, Pai!» Que esta seja a nossa oração. (…) Rezando assim, corresponderemos perfeitamente ao apelo que nos é feito para acreditar no Amor, para ter fé no Amor, neste Amor do qual se originou o nosso carisma. Sim, o Amor, o Pai nos ama. É o nosso papai. O que devemos temer? E ainda, diante do desígnio de Amor que Ele tem sobre cada um de nós, que nos é revelado dia após dia, como é possível deixar de reconhecer a mais extraordinária aventura para a qual poderíamos ser chamados? «Abba» é a oração característica do cristão, e de modo particular a nossa, como membros da Obra de Maria. Se temos então certeza de estarmos vivendo o nosso Ideal, ou melhor, se estivermos no amor, dirijamo-nos ao Pai como Jesus o fazia. E experimentaremos no coração as imensas consequências disso.

Chiara Lubich

 (em uma conexão telefônica, Rocca di Papa, 9 de março de 1989) Tirado de: “Abbà, Padre!”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 355. Città Nuova Ed., Roma 2019. [1]                      Bento XVI, Deus Caritas est, 1. [2]                      Mc 14,36; Rm 8,15.

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