“A atualização do próprio Carisma” – disseram-se os representantes de Regnum Christi e dos Focolares após o encontro entre Movimentos e Novas Comunidades, em fevereiro de 2016, em Paray Le Monial (França) – “é uma tarefa necessária, essencial. Um compromisso para poder responder aos desafios da contemporaneidade”. Depois o diálogo ampliou-se sobre a urgência de individualizar abordagens novas e mais eficazes com a cultura, diante das contínuas mudanças dos nossos dias. A intensidade com as quais estas solicitações foram advertidas por parte de ambos os Movimentos foi tão forte ao ponto de fixarem um dia inteiro de encontro para partilharem as próprias experiências e pedir juntos uma proteção particular do Espírito Santo para individualizarem os caminhos certos. Os objetivos que levaram até ao encontro do dia 26 de novembro em Rocca di Papa (Roma) entre 22 representantes de Regnum Christi e 29 dos Focolares não foram, portanto, nem o estudo de novas estratégias, nem o desejo de recorrer a peritos. Foi simplesmente o desejo de uma troca entre irmãos, uma comunhão de coração a coração na sinodalidade, porque quanto mais nos abrimos uns aos outros, mais se intensifica a presença do Espírito. Uma união feita de oração, de diálogos fraternos, de comunicações, também estas oferecidas como uma dádiva. A D. Vincenzo Zani, Secretário da Congregação para a Educação Católica, foi confiado o pronunciamento principal. A partir de textos magistrais, traçou um percurso de evangelização da cultura baseado na “mística da fraternidade” (cf. E.G.) e na força transformadora dos carismas. “A coessencialidade deles com o carisma petrino” – explicou – “faz com que sejam capazes de reforçarem o convite da Igreja a uma visão positiva da cultura, pois “a graça supões a cultura” (E.G.115). Outros pontos luminosos foram os dois discursos sobre a atualização do Carisma. Jesús Moran, copresidente dos Focolares, falou de “fidelidade criativa”: “O Espírito é sempre novidade e continua a fazer a história”. É preciso estar perfeitamente enraizados na tradição, asseverou Moran, mas “sê-lo no hoje”. Jorge López, membro do Comitê Geral e Responsável pelos leigos consagrados de Regnum Christi, lembrou que “o sujeito autorizado para a atualização do Carisma é a Igreja. E nós o somos enquanto somos Igreja”. Confessou que, “paradoxalmente, é precisamente a nossa pobreza que nos faz mais aptos para cumprir a nossa missão, segundo o modelo da Virgem”. Também foram muito interessantes as experiências de evangelização da cultura: quatro projetos – dois apresentados pelo Regnum Christi e dois pelos Focolares – para responder a desafios cruciais de hoje no campo da educação. Duas notas constantes: trabalhar juntos em rede e o relacionamento entre cultura e vida. Muito plástica e eficaz a imagem partilhada por Marta Rodriguez, diretora do Instituto da Mulher (Ateneu Pontifício Regina Apostolorum): “A ponte entre Jesus Cristo e a cultura secularizada é o coração das pessoas. Devemos ver os outros com o coração de Cristo, na oferta a Deus da nossa vida”. O diálogo continuou também durante o almoço, aumentando o conhecimento fraterno. Ao fim da tarde, houve uma plenária. Nada de pré estabelecido. Talvez tenha sido por isso que Alguém pode assumir a direção, fazendo experimentar aos presentes aquela “mística da fraternidade” da qual o Papa Francisco fala na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Exprimindo-se com pontualidade, essencialidade e abertura total, um por um foram ao microfone. Naquele momento até o encargo de cada um desabrochava iluminado por aquilo que o Espírito Santo tinha revelado. Era impossível distinguir quem pertencia a um ou ao outro Movimento. Provavelmente era isso que os primeiros cristãos experimentavam quando afirmavam sentirem-se “um só coração e uma só alma” (At 2,42-48). Tudo era de todos, na gratidão e na alegria de uma reciprocidade que exalava o Evangelho. Até mesmo os questionamentos e os temores que se percebiam (de que modo educar na era digital; como conseguir manter vivas a identidade e a missão; etc.) tinham respostas nas intervenções que se seguiam. Confiantes e conscientes de que os carismas existem para a história, portanto, confiantes também no próprio futuro tecnológico, num constante diálogo com o Eterno e totalmente abertos a quem não tem fé e possui convicções diferentes. “Juntos” é a condição essencial para “sair”, onde Deus o quiser. Cada um precisa do outro, deixando-se surpreender por Ele. Por Anna Friso
Confiar em Deus
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