Movimento dos Focolares
Refugiados na Hungria

Refugiados na Hungria

Ungheria_01«Um sofrimento que encontramos diante das nossas casas todos os dias, sob rostos diferentes», escrevem Viktoria Bakacsi e Laszlo Vizsolyi, responsáveis do Movimento dos Focolares na Hungria, para exprimir o que estão vivendo neste período. «Escutamos as palavras do Papa Francisco, e agora tentaremos entender como colocá-las em prática ainda mais». «Já são muitos meses – escrevem – que o fluxo de imigrantes é constante, todos os dias chegam à Hungria cerca de duas mil pessoas: famílias com crianças, extenuados, desesperados, doentes, sem documentos e sem nada, com a vontade decidida de prosseguir para a Alemanha, ou outro destino. Não obstante o caos generalizado, inúmeras pessoas se movimentam e ajudam: organizações eclesiais assim como associações civis». Nesta situação dramática também o Movimento dos Focolares na Hungria entrou em ação. «Colocamos em comum experiências e ideias – continuam Viktoria e Laszlo – e com o Núncio Apostólico, D. Alberto Bottari de Castello, procuramos unir as forças e agir de maneira coordenada, para sermos mais eficazes. Estamos trabalhando junto a algumas ordens religiosas, entre as quais os Jesuítas que já tem um programa elaborado, e grupos como a Comunidade de Sant’Egídio, que não possui somente organização e experiência, mas inclusive juristas especializados. As ações comuns já iniciadas tem também o objetivo de formação das consciências à acolhida, o que já começamos a fazer num acampamento de verão com 230 jovens». Ungheria_02Membros do Movimento que atuam nas paróquias vão todos os dias à Estação Keleti. Uma delas escreveu: «Estou no meio dos refugiados há quase dois meses. Somos muitos os que estão ajudando. Há muitas crianças, pessoas desesperadas… procuro ver em cada uma o semblante de Jesus, e isso me dá força. Eles são muito agradecidos por qualquer ajuda, as crianças se alegram pelo menor presente». E uma psicóloga: «Procuro colocar em comum a minha profissão para sustentar os muitos voluntários». Um sacerdote focolarino escreve: «Na quinta feira passada tivemos um encontro para sacerdotes. Depois de ter lido a Palavra de Vida do mês fomos à Estação, éramos seis, para ajudar os desabrigados». Uma jovem: «Depois do Acampamento dos JMU fomos encontrar os refugiados para nos ocupar principalmente das crianças. Éramos umas vinte pessoas. Colocamos as roupas do Pepê & Jotabê, e ao nosso redor se juntaram cerca de 70 jovens, crianças e famílias. Brincamos, desenhamos e à medida que o clima ia ficando mais descontraído eles também se exibiram com várias danças. Nós nos comunicamos de todos os modos – diversos não falam inglês – e muitos deles se divertiam tentando nos ensinar alguma palavra em árabe. Continuamos a ir até lá, uma vez por semana». Ungheria_05«Nos demos conta da dificuldade de nos comunicarmos e da falta de informação. Uma focolarina,  em colaboração com os voluntários da Ordem de Malta, ajuda a procurar pessoas que falem árabe, para fazer cartazes explicativos e ajudar como intérpretes. Em Szeged também continuamos a ajudar os imigrantes que chegam continuamente. Além das coletas de víveres, já regulares, chegam caixas extras de frutas. Uma de nós, que é policial, todos os dias, depois do trabalho, vai para o campo de refugiados para ajudar as mulheres e crianças». «Estamos conscientes – concluem – que tudo que podemos fazer é apenas uma gota no oceano… mas não queremos que falte!».

Jovens coreanos: uma voz de paz

Jovens coreanos: uma voz de paz

Book concertO Book Concert é um projeto apoiado pela Conferência Episcopal Coreana. Nasceu três anos atrás com o objetivo de difundir a fé por meio da cultura, e desde então, todos os meses, em Seul, reúnem-se escritores e artistas, conhecidos e estreantes. Em agosto o Book Concert aconteceu com uma edição especial para os jovens: “Tu, eu, nós acordamos”, a fim de reavivar a mensagem do Papa Francisco para a sociedade coreana de hoje. Com transmissão integral numa rede de televisão católica, o concerto foi realizado no início do mês, na histórica Catedral de Myungdong, onde, em 2014, o Papa celebrou a Missa pela paz e a reconciliação do país. Convidados especiais foram três escritores: Kong Ji-young, escritora muito amada pelos jovens, Pe. Jin Seul-ki, jovem sacerdote, e Cho Seung-yeon, um jovem especialista na cultura mundial. “Wake up”, “Acordar”, foi o coração da mensagem do Papa aos jovens asiáticos reunidos na Coreia ano passado, e foi a mesma mensagem desse ano: acordar e levantar-se, ou seja, colocar-se em ação na sociedade e com cada próximo, especialmente os mais sofredores. Os escritores falaram de suas experiências sobre o “acordar” pessoal, respondendo às perguntas dos jovens sobre como enfrentar e superar as dificuldades da vida e da fé, que se encontram na vida do dia a dia. Um concerto dos “Third Chair” e depois testemunhos e diálogo. Não podia faltar a oração pela paz, com as palavras de Francisco, num momento de profundo recolhimento. Vinte bandeiras de vários países asiáticos compuseram uma coreografia para exprimir a fraternidade, superando antigos rancores e hostilidades entre as nações. «Trabalhei em duas equipes, a da cenografia e na parte artística – conta um dos jovens dos Focolares -. Apresentamos uma performance preparada para o Dia da Juventude Asiática, ano passado, e que foi a conclusão do Book Concert. Não faltaram dificuldades e tensões durante a preparação, mas buscamos um clima de compreensão recíproca entre as gerações, sabendo que somente assim esse evento teria sido um presente para todos os convidados». «Também com o nosso serviço, muitas vezes escondido – comenta outro jovem voluntário – pudemos reviver a visita do Papa do ano passado, e transmitir essa experiência a muitos outros jovens».

Paulo VI e Chiara Lubich

Paulo VI e Chiara Lubich

lubichA apresentação deste volume, redigido com a coparticipação do Instituto Paulo VI e do Centro Chiara Lubich, e publicado por Edizioni Studium, acontecerá no Centro Mariápolis de Castelgandolfo (Roma, Itália), no próximo dia 27 de setembro. A data foi escolhida porque próxima à primeira memória do Beato Paulo VI (que é celebrada dia 26 de setembro). O programa constará de dois momentos. Após a saudação de Maria Voce – presidente do Movimento dos Focolares -, e do Pe. Angelo Maffeis – presidente do Instituto Paulo VI -, haverá uma mesa-redonda com D. Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica, a Dra. Giulia Paola Di Nicola e D. Marcello Semearo, bispo de Albano Laziale. Moderador, Alessandro De Carolis. Seguirá um concerto com obras de Frederic Chopin, interpretado ao piano por Pe. Carlo José Seno, com o título “Aberto sobre o mundo”. Meditações em música sobre a vida do beato Paulo VI.

A escolha de Vincenzo: cuidar dos pacientes menores

A escolha de Vincenzo: cuidar dos pacientes menores

Vincenzo«Há mais de três meses faço um estágio em oncologia pediátrica, um departamento onde nunca sabes se aquelas crianças que estás acompanhando hoje, irás encontrar amanhã. Não é nada fácil viver constantemente em contato com o sofrimento inocente, ao ponto de por à prova a escolha de estudar enfermagem pediátrica. No primeiro dia, sentia-me disposto a tudo. Mas, quando coloquei o pé no departamento, encontrei uma menina maravilhosa. Tem um tumor maligno dos piores, em estágio terminal. Não tenho a mínima ideia de como enfrentar a situação. Nunca, como naquele momento, senti-me inútil e incapaz, convencido de não poder fazer nada de bom por ela. No mesmo departamento, há ainda outras crianças, e o dia parece passar muito rápido, porém, cada vez que entro no quarto daquela menina experimento o mesmo senso de impotência e de incapacidade. Chegamos às 14h, horário do fim do turno. Não posso ir embora sem ter feito alguma coisa por ela. Mas, o que? Procurando por em prática a espiritualidade da unidade, tinha experimentado que no amor o que vale é amar e que não é necessário fazer coisas grandiosas, basta começar com um gesto simples, sem ter grandes pretensões. Mas tudo o que poderia fazer por aquela pequena paciente já tinha feito. Por que então sentia ainda o dever de fazer mais? Pela manhã, ao entrar no hospital, tinha passado por uma pequena capela. Penso: talvez amar aquela criança signifique rezar por ela. Vou até lá, entro e sento-me num dos últimos bancos, mas não sei como e o que pedir. Fico ali, em silêncio, com um aperto no coração, que me oprime. E pouco a pouco sinto que Jesus toma sobre si todo o meu sofrimento. Agora, com o coração livre, sinto que posso entregar aquela menina a Deus, e depois vou mais uma vez despedir-me dela, para demonstrar a minha solidariedade. Desde então, continuo a ir frequentemente àquela capela. É ali que encontro a luz para enfrentar, e também para compreender ao menos um pouco, o mistério do sofrimento inocente, aquele com o qual me confronto tão frequentemente. E é em Jesus crucificado e ressuscitado que encontro a força e a atitude certa para me aproximar das crianças e dos seus familiares. Muitas vezes não entendo o que fazer por eles, mas depois a resposta chega sempre pontualmente. Um dia, é hospitalizada uma menina de dez anos que já tinha passado por vários hospitais. Suspeitava-se de uma doença grave no sangue e tudo se confirma. De repente, desaba sobre ela e a sua mãe, como uma bomba, um diagnóstico sem esperança. Sinto a importância de estar perto delas e de participar completamente daquela situação, ajudando-as como posso. Fico no hospital depois que o meu turno termina. Durante o dia, não posso fazer quase nada por ela. Mas quando tenho um momento livre dos meus compromissos no departamento, vou até o seu quarto, para ouvir aquela mãe e dar-lhe confiança, e também para distrair a menina. E cada vez vejo nos seus olhos um véu de serenidade que antes não existia, uma nova força de esperança para enfrentar a difícil provação que as espera. É isso que acontece em muitas outras situações, aproveitando de cada ocasião para estar um pouco de tempo com as “minhas” crianças, não só para dar-lhes os medicamentos e administrar as terapias, mas para vê-las sorrir e enfrentar com um pouco mais de serenidade o seu difícil caminho».

Guatemala: eleições às portas

Mês de abril passado foi descoberta uma enorme fraude contra o Estado por parte de funcionários do Serviço de Administração Tributária (SAT), com a conivência da alta cúpula política. A colaboração estreita entre o Ministério Público e a Comissão internacional contra a Impunidade na Guatemala (CICIG) permitiu que dezenas de implicados fossem levados à julgamento por corrupção. Entre os mais conhecidos, a Vice-presidente. Os fatos provocaram nos cidadãos uma onde de indignação nunca vista nos últimos 60 anos, e que continuou a crescer. Em coincidência com esses acontecimentos, Raúl e Cecilia Di Lascio, argentinos, encontraram a comunidade dos Focolares, dias 22 e 23 de agosto passado. Ele, arquiteto e empresário da Economia de Comunhão, ela, membro da comissão internacional do Movimento Político pela Unidade. Neste encontro foram aprofundados os grandes temas da economia e da política, à luz do carisma da unidade. Estar reunidos durante esta efervescência social inédita, fez com que os momentos de diálogo entre cidadãos de todas as idades sobre assuntos relacionados à política fossem uma ocasião de abertura a esse mundo, em geral visto muito mal. Evidenciou-se a visão de Chiara Lubich quando fundou o Movimento Político pela Unidade: os grandes valores que a ação política manifesta quando é vivida como serviço e dedicação ao bem comum. Seja assumindo um cargo político, seja no agir cotidiano de cada cidadão. Olhar para a política a partir da ótica da fraternidade, que libera atitudes corajosas e comprometidas nas relações sociais, encheu os participantes de esperança, reforçada pelo intercâmbio de experiências que se vivem em várias partes do mundo. Nos dias sucessivos a sociedade guatemalteca se autoconvocou para novos protestos populares. Pedia-se a renúncia do presidente – solicitada também pela Igreja católica e por várias igrejas cristãs – após terem emergido as ligações com a corrupção. Muitas empresas, escolas e universidades interromperam as atividades para favorecer a participação, e assim também o Centro Mariápolis e a Escola Fiore. A concentração das pessoas no Parque Central de Guatemala foi maciça: durante o dia, mais de 100 mil pessoas. «Sente-se que no coração da Guatemala existe um vazio que não foi preenchido. Devemos unir-nos para que aconteça uma mudança», diz Willy. É louvável que tanta gente consiga manifestar-se de maneira pacífica: «É muito bonito que as empresas tenham fechado para que as pessoas pudessem participar – explica Saturnino -. Como guatemalteco eu vibrava quando se gritava: “Guatemala! Guatemala!”, ou se cantava o hino nacional». «Parecia ver uma nova consciência de responsabilidade – afirma a professora Lina -. Não queremos deixar passar a oportunidade de mudar as coisas, sabendo que dessa vez é possível». Para muitos foi encorajador ver famílias inteiras que não tiveram medo de levar as crianças. «Famílias, ricos junto com pobres – comentou Sandra – população indígena, jovens com adultos e crianças, estudantes dispostos a superar a violência para alcançar o objetivo de todos!». O objetivo que Alex define como «um país melhor». As últimas notícias atestam que o Presidente da República perdeu a imunidade, demitiu-se “pelo bem da sociedade”, e agora está preso. No dia seis de setembro os cidadãos serão chamados às urnas e tudo leva a supor que esta passagem acontecerá de maneira pacífica e democrática. De Filippo Casabianca, Cidade da Guatemala