Dez 25, 2018 | Sem categoria
Com uma celebração solene foi iniciada, no dia 10 de dezembro, na catedral de Teramo, na Itália, a fase diocesana do processo de beatificação do jovem dos Focolares. No ano em que a Igreja dedicou uma grande atenção aos jovens, o seu nome “de criança” ecoou como um modelo para todos, no dia 10 de dezembro, sob as abóbadas da catedral de Santa Maria Assunta, no coração da antiga cidade de Teramo, na região de Abruzzo. No mesmo dia do seu nascimento, a celebração solene e lotada, voltou a falar de Pietrino Di Natale, estudante do ensino médio de apenas 17 anos, que faleceu em 1984 com “fama de santidade”. Ele ainda não era maior de idade quando afogou-se entre as ondas diante de Silvi, cidade do litoral perto da sua casa. Desde então, todos os anos, no dia 20 de agosto, uma multidão cada vez mais numerosa reúne-se no pequeno cemitério de Colledara para recordar e perpetuar, como um testemunho que deve ser transmitido, o seu exemplo de “pequena pedra” angular e de cristão plenamente realizado. Jovem muito amigo de todos, tinha o mesmo nome do pai, Pietro, falecido num acidente de trabalho antes que ele nascesse. Cresceu na cidade de Ornano Piccolo, a qual se afeiçoou, como a crista protetora das montanhas circundantes, ao redor da jovem mãe Adelina, e aos 11 anos entrou em contato com a espiritualidade dos Focolares. O encontro, fundamental na vida do menino, acontece através de dois jovens párocos, padre Gianfranco De Luca, atualmente bispo de Termoli-Larino, e padre Giovanni D’Annunzio, atualmente responsável pelo Movimento Diocesano. Este encontro dá-lhe a certeza fulgurante do amor de Deus, que o estimula a procurar intensamente Jesus na vida de todos os dias. Recentemente, padre Giovanni D’Annunzio escreveu, referindo-se ao jovem: «O coração de Pietrino batia apenas por Deus. Uma etapa fundamental foi a sua participação no congresso dos jovens dos Focolares, em 1978. (…) Ao retorno observei que ele era completamente lançado em viver profundamente cada momento. Tinha começado uma corrida em direção à santidade». Nos proximos meses, serão ouvidas os testemunhos de quem o conheceu. Por enquanto, uma biografia breve (Teresa D’Orsogna, Pietrino Di Natale. … lancei-me em amar…, ed. Palumbi, 2018) aproxima-nos ainda mais de um jovem que continua a inspirar muitos outros jovens, e não só, a seguir Jesus na estrada da unidade.
Chiara Favotti
Dez 19, 2018 | Sem categoria
A cidadela dos Focolares na Argentina completa 50 anos. Pat Santoianni, Cecilia Gatti, Adriana Otero e Israele Coelho falam sobre a sua vocação: os jovens. A cidadela de O’Higgings na Argentina recentemente completou 50 anos de existência. Entre as 25 cidadelas do Movimento dos Focolare é aquela dedicada à formação dos jovens. E não poderia ter nascido sob uma estrela melhor, porque tudo começou em 1968, o ano da contestação juvenil. Hoje, O’Higgins é conhecida no mundo como “Mariápolis Lia”, em homenagem à Lia Brunet, jovem corajosa e de mentalidade aberta ao mundo, pioneira desta cidadela na terra sul-americana. Foi uma das primeiras que, desde os anos 40, em Trento, compartilhou ideais e vida com Chiara Lubich. Até agora mais de 3.500 jovens do mundo inteiro fizeram a “experiência”, isto é, a escolha de transcorrer alguns meses ou até dois anos trabalhando, estudando e fazendo uma experiência de convivência multicultural, baseada na espiritualidade da unidade, para depois voltar à propria vida, mas com uma bagagem humana e de pensamento que abre a mente e o coração a povos e culturas. “Nestes anos elaboramos um percurso formativo. – conta Pat Santoianni, antropóloga e corresponsável da Formação na Mariápolis Lia. Um dos principios desta proposta formativa reconhece que é o inteiro corpo social que forma: é um percurso existencial-antropológico sobre o modo de perceber a vida, o pensar e o agir. Adriana Otero, bióloga, uma das coordenadoras da equipe de formadores, explica que a experiência visa a uma formação integral da pessoa: “Procuramos estar constantemente sintonizados com os desafios e os riscos que a nossa sociedade apresenta aos jovens nos vários campos: relacionalidade, escolhas, liberdade, compromisso social e civil, diálogo intergeracional e intercultural, tecnologias. A experiência laborativa, que para muitos é a primeira, também é muito importante”.
O núcleo do percurso pedagógico da Mariápolis Lia é a relação – intervém Cecilia Gatti, pesquisadora em Pedagogia: “A educação é relação: este é um dos princípios da Pedagogia que se inspira na espiritualidade dos Focolares e que inspira o nosso percurso. Consequentemente é o relacionamento com o outro que me permite estreitar laços, repensar a minha vida, compartilhá-la e construir o tecido social. Ter como escola uma cidade faz com que toda a vida torne-se uma ocasião de aprendizagem: cada relacionamento, cada diálogo, cada encontro”. Enfim, na época do Web 4.0 perguntamo-nos se a escolha de O’Higgins – pequena aldeia no meio dos Pampas argentinos – funcione verdadeiramente como um lugar de formação para estes jovens millennials. Isaele Coelho, pedagogo brasileiro, corresponsável pela Formação e coordenador do percurso para os jovens, responde que é a propria experiência que demonstra esse valor: “Apesar deste lugar distante de tudo parecer um absurdo, continua a demostrar-se adequado aos jovens, para aprofundar a propria história, para fazer silêncio dentro de si e para questionar-se sobre o próprio relacionamento com Deus e com os outros. Para muitos deles a ‘experiência’ é um momento importante para fazer ou refazer escolhas fundamentais da vida”.
Stefania Tanesini
Dez 13, 2018 | Sem categoria
Entre o Centro Internacional de Loppiano e a cidade de Trento, aconteceu um laboratório islâmico-cristão que desmente as atuais histórias de ódio e desconfiança entre as duas religiões. Trento, 7 de dezembro de 2018 – Acabou de concluir-se a Week of Unity, uma semana da unidade, organizada pelo Instituto Universitário Sophia (IUS) de comum acordo com o Risalat International Institute em Qom (Irã) e o Centro do Diálogo Inter-Religioso do Movimento dos Focolares. Mas a data e o local não foram escolhidos por acaso assim como a formação do grupo de pesquisa. A data marca o 75° aniversário da escolha de Chiara Lubich em dedicar sua vida a Deus, deixando tudo para segui-lo. O grupo que celebrou esse aniversário é formado por umas cinquenta pessoas, a maioria jovens, muçulmanos xiitas e católicos. Eles são de vários lugares: Líbano, Egito, Irã, Emirados Árabes, EUA, Inglaterra, Canadá, Argentina, Itália. Todos protagonistas desta Week of Unity, último passo de um projeto que nasceu como uma profecia: Wings of Unity, as asas da unidade.
É uma iniciativa que tomou corpo há menos de três anos, mas que marca um caminho de duas décadas de amizade do professor Mohammad Shomali e sua esposa Mahnaz com o Movimento dos Focolares. De fato, entre o professor Shomali e o professor Piero Coda, presidente do IUS, nasceu uma amizade intelectual e de vida que levou um pequeno grupo acadêmico das duas religiões e das duas realidades acadêmicas a refletir sobre um tema crucial: a unidade de Deus e a unidade em Deus. Nessa perspectiva, a sensibilidade muçulmana ao monoteísmo absoluto se abre à dimensão dialógica do Deus cristão, em uma reflexão com mais vozes que trazem pensamento e tradições diversas não para demonstrar ou impor a Verdade, mas para caminhar juntos em direção a ela.
As aulas dos professores tocaram pontos nevrálgicos seja da cultura do mundo globalizado seja das verdades fundamentais propostas pelas duas fés, mas a Semana da Unidade foi, sobretudo, uma experiência de encontro de corações e de mentes que levou os participantes a fazer uma verdadeira experiência de shekinah, a presença da paz de Deus entre os fieis. A experiência não ficou restrita aos participantes, pois havia o desejo de abrir-se em dois preciosos momentos de partilha. Primeiro, na cidadela de Loppiano e em segundo no Centro Mariápolis Chiara Lubich em Cadine (Trento). Quem estava presente não só pode escutar uma experiência que parece desmentir clamorosamente a história atual nos relacionamentos entre cristãos e muçulmanos que fala de medo, repulsa, invasão; puderam fazer uma profunda experiência de enriquecimento recíproco, o testemunho em um clima de paz dentro do qual é possível viver e construir aquilo que o papa Francisco define como uma ‘cultura do encontro’.
Roberto Catalano
Dez 12, 2018 | Sem categoria
A mensagem mais importante da beatificação? A fidelidade destes cristãos ao ‘seu’ povo até o fim.
“O que ensinam estes 19 mártires cristãos a nós argelinos, hoje? A dar a vida uns pelos outros sem distinções de raça ou religião. Eles, estrangeiros, sacrificaram a vida por nós, por todo o povo argelino, cristãos e muçulmanos. Morreram também por aqueles que lhes faziam a guerra, por isso não nos fizemos perguntas, nos colocamos imediatamente à disposição e trabalhamos juntos na beatificação.” – Assim responde Karima Kerzabi, muçulmana, da comunidade dos Focolares na Argélia que chamamos ao telefone junto com Giorgio Triulzi, focolarino da primeira hora, no focolare de Tlemcen desde 1983, para fazer com que nos contassem, a partir de dentro, a beatificação dos mártires Cristãos em Orã no dia 8 de dezembro passado.
Uma beatificação única no seu gênero, porque o máximo reconhecimento da Igreja Católica aos seus filhos acontece numa terra, a Argélia, 99% muçulmana. Um país que de 1991 a 2001, a “década negra”, viu morte e destruição por obra do fundamentalismo de matriz islâmica. “Agora é reconhecida a heroicidade da vida destes cristãos – explica Giorgio – mas é importante dizer que, além deles, houve também milhares de vítimas muçulmanas entre a população civil: imãs, intelectuais, artistas, jornalistas, médicos, advogados, juízes e professores, mas também mulheres e crianças. Creio que a mensagem mais importante que esta beatificação na terra do Islã dê ao mundo é que estes mártires permaneceram fiéis ao ‘seu’ povo até o fim”.

Ir. Christian De Chergé (à esquerda) em 1989 em Tlemcen com o bispo C. Rouault e Giorgio Triulzi
Giorgio lembra os numerosos encontros com alguns dos monges de Tibhirine que sábado passado foram elevados às honras dos altares, e em especial com o prior deles, fr. Christian De Chergé. “Conheci Christian porque frequentemente vinha estar conosco, em Tlemcen, durante as suas viagens ao Marrocos. O relacionamento era simples, como pessoas que deram a sua vida a Deus e por isto se reconhecem irmãos. Sem dúvida, era um homem de Deus, como confirma aquilo que escreve no seu testamento espiritual: ‘Se me acontecesse um dia – e poderia ser hoje – de ser vítima do terrorismo que parece querer envolver agora todos os estrangeiros que vivem na Argélia, gostaria que a minha comunidade, a minha Igreja, a minha família, se lembrassem que a minha vida era ‘doada’ a Deus e a este país”.
“Christian e os outros – acrescenta Giorgio – são santos pela escolha que fizeram de permanecer entre aquela que, a esse ponto, era a ‘sua’ gente: Deus nos coloca num lugar e nós lhe permanecemos fiéis. Devo dizer que a beatificação confirma inclusive a escolha de vida e de fé dos muitos que permaneceram durante esta década, é a Igreja na Argélia que é beatificada, justamente pela escolha de permanecer fiel a este povo”. “O que fica para mim desta experiência? – conclui Karima – Que podemos dar a nossa vida por todos os nossos irmãos e esta é uma coisa magnífica. É com o passar do tempo que entenderemos o valor do dom destas vidas”.
Stefania Tanesini
Dez 10, 2018 | Sem categoria
Na atual crise da representatividade política, as ideias e as práxis de Igino Giordani e Tommaso Sorgi encorajam a trabalhar em todos os níveis para reconduzir a democracia à sua essência que é o “nós”.

Dois recentes simpósios sobre Igino Giordani e sobre Tommaso Sorgi que se realizaram na Itália, respectivamente em Cremona e em Téramo, repropuseram a figura do político como aquele que põe no centro o bem comum, não só da própria comunidade e nação, mas da humanidade inteira. Um conceito e uma prática pouco populares hoje, numa época de reivindicações nacionalistas e de localismos exasperados. Sobre a atualidade do pensamento dos dois políticos, dirigimos duas perguntas a Alberto Lo Presti, docente de Doutrina Social da Igreja na LUMSA e presidente do Centro Igino Giordani e a Letizia De Torre, ex deputada no Parlamento italiano e coordenadora internacional do Movimento Político pela unidade. O que têm a nos dizer hoje duas figuras como Giordani e Sorgi, numa época em que o bem comum parece que seja redefinido segundo os princípios dos vários nacionalismos e protecionismos regionais? Alberto Lo Presti: Temos uma grande necessidade de nos sintonizarmos com figuras como Igino Giordani e Tommaso Sorgi. Viveram em épocas marcadas por divisões dilacerantes, aparentemente insanáveis. Mas acreditaram na amizade entre os povos quando toda a história parecia se dirigir para o pior, fortes por uma visão do mundo autenticamente cristã. Giordani viveu pessoalmente a tragédia das duas guerras mundiais, alinhado entre os partidários da paz e da justiça social, pagando pessoalmente pelas escolhas de liberdade e solidariedade. Sorgi foi artífice da reconstrução da Itália no segundo pós-guerra, pondo-se como elemento de diálogo construtivo entre as forças políticas antagonistas no clima ideológico marcado pela Guerra Fria. Hoje nos ensinam que cada esforço empregado para a paz e a cooperação é uma pedrinha de mosaico, decisiva para edificar uma ordem civil fundamentada no bem comum e ficariam por demais surpresos de como se pode, no século XXI, avançar teses neossoberanistas e nacionalistas, tendo experimentado pessoalmente a destruição que tais perspectivas políticas trazem. Obviamente, cabe a nós não tornar vão o testemunho deles. Ambos deram grande peso à qualidade da relação entre cidadãos e quem é chamado a governar, tanto que Sorgi formulou o assim chamado “pacto político”. É ainda atual e praticável?
Letizia De Torre: Igino Giordani, para quem “a política é caridade em ação, serva e não patroa”, não poderia nem pretender nem praticar a política como prepotência e engano para com os cidadãos para obter deles consenso e riqueza pessoal. Os cidadãos, para ele, eram os ‘patrões’, que era chamado a servir. Assim também para o deputado Tommaso Sorgi, a quem coube assistir aos escândalos da corrupção e dos seus efeitos devastadores, e até agora presentes, na Itália. Foi então que, após muitos confrontos com políticos e administradores públicos, redigiu as linhas de um pacto vinculante entre eleitos e eleitores, de natureza ética, programática e participativa. Foi uma genial intuição, de extrema atualidade na crise democrática mundial. Vivemos uma época ‘pós-representativa’ onde os políticos não representam as nossas sociedades supercomplexas e os cidadãos querem e sabem influir coletiva e diretamente. É preciso superar a longa deriva individualista e reconduzir a democracia à sua essência que é o “nós”. Por isso, durante o próximo simpósio internacional ‘Co-Governance, corresponsabilidade na cidade hoje’ (17-20 de janeiro de 2019, Castelgandolfo – Roma, Itália) construiremos, em modalidade participativa, as linhas de um ‘Pacto pela Cidade’, que não é outra coisa senão a atualização da política entendida como caridade de Giordani e da visão profética do ‘pacto’ de Sorgi.
Stefania Tanesini