SoyDiálogo, “Sou Diálogo”. Uma aposta, um compromisso assumido em primeira pessoa. Diante da difícil situação que se criou na Espanha, a proposta de rejeitar toda forma de violência e de viver para promover concretamente a cultura do diálogo, é um desafio ao mesmo tempo necessário e corajoso. São muitas as iniciativas nesta direção. No dia 26 de setembro, o Movimento dos Focolares na Espanha havia proposto um documento e uma coleta de assinaturas, amplamente difundidos nas redes sociais, com a intenção de promover ações de escuta, diálogo e respeito. Um apelo a encontrar soluções pacíficas de convivência serena na diversidade, reconhecendo a dignidade de todas as pessoas e das instituições que as representam. A proposta, indicada pelo hashtag #SoyDiálogo, em plena sintonia com o convite lançado logo depois pelos bispos a “avançar no caminho do diálogo e da compreensão recíproca”, soa ainda mais atual hoje, após os resultados da votação do referendum que abre grandes incógnitas sobre o futuro da Catalunha, da Espanha e da Europa. «O diálogo – escrevem os promotores da iniciativa – é um potente instrumento que torna possível o interesse pelos outros, entrando na realidade deles, para vivê-la, acolhê-la e, no quanto é possível, compreendê-la. Entre nós, membros dos Focolares em toda a Espanha, existem pessoas de identidade cultural, ideias políticas e sensibilidades diferentes. Mas consideramos a pluralidade como um desafio positivo e uma riqueza. Estamos empenhados em primeira pessoa a construir pontes, convencidos de que na visão e na escolha do outro exista uma parte da verdade». Os comentários dos signatários pululam no Twitter: “Uma assinatura não decide, mas é pior cruzar os braços e olhar o rio que corre”. “Somos como discutimos, enriquecidos pelo dom da diversidade”. “Creio no diálogo que pressupõe respeito, transparência e aceitação de que no outro haja alguma verdade que eu não possuo totalmente”. “Não é um mal pensar de forma diferente. É o modo com que tudo evolui. É o contrário da uniformidade e imobilidade”. Eis algumas considerações daqueles que creem no diálogo. De Girona: “São dias estranhos, um misto de tristeza, impotência, preocupação. Ao mesmo tempo é claro para mim o que devo fazer. Em cada circunstância me pergunto o que posso fazer eu, com as minhas possibilidades limitadas? Faço um esforço para não julgar. As oportunidades não faltam para ouvir, com mente aberta”. “Com uma amiga catalã – escreve um jovem de Sevilha – procuramos manter um diálogo aberto. Eu me interesso pela sua família. Quando se conhece em profundidade a realidade do outro, você pode mudar em parte a própria ideia e amar mais esta pessoa, mesmo se temos ideias diferentes”. De Barcelona: “Esta situação oferece muitas possibilidades para manter aberto um diálogo com quem pensa como eu e também com quem não pensa como eu”. “Até agora eu me limitava a rezar e a apagar as correntes de fotos, piadas ou notícias dúbias que circulam na rede e certamente não favorecem sentimentos positivos – escreve uma mulher de Toledo –. Depois, me perguntei: o que posso fazer ainda? Procurei comunicar às pessoas, que conheço na Catalunha, que podem contar comigo para construir e dialogar. Talvez era óbvio, mas pensei em fazer com que elas soubessem disso explicitamente”. “Segundo meu ponto de vista – é uma mensagem que chega de Girona –, quando não somos capazes de ver a parte de verdade que existe também no outro, já o demonizamos. Isto nos dá carta branca para escrever ou compartilhar qualquer comentário incendiário. Estamos imersos nesta situação, às vezes sem perceber, e esta é a coisa pior. Esquecemos que o nosso desafio é mais heroico e difícil do que fazer propaganda das nossas ideias denunciando as dos outros. É construir pontes”. De Sevilha: “Tenho muitos amigos e amigas na Catalunha, irmãos e irmãs com os quais decidimos trabalhar para construir uma humanidade nova. Compartilhamos reciprocamente anseios e dores. Por este motivo, quando nos escrevemos, se sentiram livres para me dizer: espero que na próxima vez, quando nos vermos, já seremos independentes. E por sua vez me ouviram quando respondi: faço votos de que, da próxima vez que nos vermos, terão vencido o bom senso e a razão”.
Deixar-se surpreender
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