Enquanto estuda medicina na sua cidade natal (Pádua – Itália), Giorgio conhece uma estudante trentina que “desembarcou” na mesma escola dele. É uma das primeiras jovens que, com Chiara Lubich, deram início à aventura do Focolare. Giorgio é um dirigente diocesano da Ação Católica, mas não hesita em lhe confidenciar a sua contínua busca e as suas dúvidas no campo da fé e da doutrina. Um dia, enquanto com uma amiga lhe fala do Evangelho, Giorgio as contesta, dizendo que ele já sabe aquelas coisas. “Está bem – elas revidam –, mas o senhor faz estas coisas?”. Giorgio fica desorientado. Desde então, ele mesmo conta, a sua busca passa “dos livros à vida”. E após passar um dia sempre pensando “nos outros e nunca em mim”, experimenta “uma grande alegria”. Decide ir a Trento para conhecer, além das primeiras, também os primeiros focolarinos e vem a saber que Gino Bonadimani, ele também de Pádua e estudante na sua mesma faculdade, está se preparando para se tornar focolarino. Este é um chamado que também abre uma brecha no coração de Giorgio, mesmo se continua a nutrir dúvidas sobre a existência de Deus. No verão de 1952, durante uma das primeiras Mariápolis nas Dolomitas, abre a sua alma para Chiara. E ela, Evangelho na mão, lê para ele o que Jesus diz a Marta na narração da ressurreição de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. Crês nisto?” (Jo 11,25-26). «Aí está – lhe diz Chiara –, tome para você esta Palavra de Vida: “Crês nisto?”». E lhe sugere que se as dúvidas voltassem, ele deveria repetir, como Marta: “Sim, Senhor, eu creio”. Naquele colóquio com Chiara, tudo se torna claro, simples para Giorgio. Com surpresa descobre que tem a fé. E assim será depois chamado: Fêde (fé, em italiano, ndt). Assim que se formou – com nota máxima e louvor – Fêde passa a fazer parte do focolare de Trento. Começa trabalhando como dentista, atividade que continua inclusive quando se transfere para Roma. A convocação para o serviço militar o leva a Florença, onde pede para poder saltar o café da manhã para ir à Missa. Após alguns meses, são vários os colegas que participam da Missa todas as manhãs. Apesar de fazer o serviço militar, segue a comunidade que está se formando na Toscana. Faz o mesmo quando é transferido para Trápani. Além de estar no exército e ser o responsável do Movimento, começa a estudar Filosofia. Em 1961 chega a Recife (Brasil). Da janela do focolare se vê uma extensão de mocambos, barracos muito pobres feitos de madeira, lata e papelão. «Desejaria ir viver com aquelas pessoas – confidenciará em seguida –, fazer algo por eles, quem sabe como médico», ao invés, se encontra colocando as bases para o Movimento nascente, do qual, nas décadas futuras, surgiriam, no Brasil e no mundo, inúmeras obras sociais. Em abril de 1964, em Recife, é ordenado sacerdote. No Natal de 1964, Chiara o chama para a construção da cidadezinha de Loppiano, perto de Florença. Para Fêde, e para uns vinte jovens que lá chegaram de todas as partes do mundo para se preparar para a vida de focolare, é um tempo cheio «de imprevistos, progressos, contratempos, mas também de risadas, de grande alegria; e ainda de sabedoria, oração, contemplação». Já responsável da Seção dos focolarini desde 1957, o será novamente mais tarde até o ano 2000. Uma função que desempenha com grande dedicação, fazendo crescer como cristãos e como homens, gerações de jovens. Ele tem uma particular atenção também para os focolarini casados, na especificidade da vocação deles. Embora fortemente empenhado pelos outros, Fêde não deixa de aprofundar, na sua aguçada aptidão de estudioso, diversas disciplinas. A partir de 1995 faz parte da “Escola Abba”, o Centro de estudos interdisciplinar do Movimento, dando a sua contribuição de teólogo especialista em ética, mas também de filósofo e psicólogo. Nos últimos anos, com as dificuldades de saúde, começa o que Fede ama definir «um dos períodos mais bonitos da minha vida, tanto que frequentemente me encontro repetindo a Jesus: Não sabia que a velhice pudesse ser uma aventura tão bela!», caracterizada por um «relacionamento com Jesus cada vez mais íntimo e profundo». A quem lhe pergunta como se sente, responde: «fisicamente mal, mas espiritualmente muito, muito bem!». Fêde deixa como herança a sua fé inabalável em Deus e no carisma da unidade. Nele se pode identificar bem a figura de um sábio e eficaz construtor de uma obra de Deus – o Movimento dos Focolares –, que ele contribuiu para desenvolver e a tornar ativa e visível na Igreja e no mundo.
Valorizar o positivo de cada pessoa
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