Viver a Igreja em sua dimensão comunitária por meio do método sinodal. Esta foi uma das mensagens deixada pela Conferência eclesial organizada pelo Movimento dos Focolares da Itália e da Albânia que ocorreu no início de novembro no Centro Mariápolis de Castel Gandolfo, na Itália. O evento contou com a participação de centenas de pessoas, de diversas idades e vocações, que aderiram à espiritualidade do Movimento dos Focolares, além de pessoas de outras associações.
Cristiana Formosa e Gabriele Bardo, responsáveis do Movimento dos Focolares na Itália e na Albânia, evidenciaram o caminho percorrido até agora juntamente com outras realidades da Igreja italiana. Tudo nasceu de “um diálogo profundo que cresceu no decorrer do tempo entre sacerdotes e leigos; um trabalho conjunto, com pessoas de todos os setores da Obra de Maria (ou Movimento dos Focolares); uma valorização crescente de todos aqueles que participam nas igrejas locais e nos órgãos diocesanos e nacionais. (…) Sentimos que nesses últimos anos cresceu demais essa sensibilidade no interior do Movimento, e tanto a nível nacional quanto local colabora-se muito com outros Movimentos e Associações eclesiais”.
No primeiro dia, o professor Vincenzo Di Pilato, docente de Teologia fundamental e coordenador acadêmico do Centro Evangelii Gaudium destacou (texto) a figura de Maria como Mãe de Deus e Mãe da humanidade, evidenciando a raíz trinitária da encarnação e a dimensão social de Maria.
A seguir, o Cardeal Giuseppe Petrocchi aprofundou a realidade de ser Igreja hoje, destacando como é necessário ter uma bússola de valores para entender como se mover, qual igreja ser e como ser igreja. É preciso estudar e amar o contexto sócio-cultural do território em que se age e olhar os sinais dos tempos: o que o Senhor nos pede hoje.
Portanto, foi um espaço aberto a várias experiências sobre projetos educativos voltados às pessoas marginalizadas, às novas gerações, à fraternidade universal, à opção dos “pobres” para uma sinodalidade inclusiva.
O segundo dia foi enriquecido pela presença da dra. Linda Ghisoni, subsecretária do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que levou a saudação e o encorajamento do prefeito do Dicastério, o cardeal Kevin Joseph Farrell. A dra. Ghisoni fez uma reflexão meditativa intitulada “Dimensão mariana: uma Igreja com um vulto sinodal”. Percorrendo a vida de Maria, afirmou que também nós devemos “confiar em Deus, que é fiel. Cabe a nós, longe de todo triunfalismo, permanecer de pé diante das situações mais difíceis da nossa sociedade, da nossa família, do nosso movimento. Cabe a nós nos envergonharmos se parecemos pertencentes a um grupo de perdedores, se temos entre nós covardes, e acolher o chamado a uma sempre nova generatividade, anunciando com a proximidade, o cuidado, a escuta, com inteligência, atenção e diálogo, que Deus é fiel, é próximo, é misericordioso”.
E recordou as palavras que o cardeal Farrel endereçou ao Movimento dos Focolares no seu aniversário de 80 anos: “O ideal que Chiara (Lubich) lhes transmitiu permanece sempre atual, mesmo no mundo secularizado de hoje, tão diferente daquele do início da Obra. O carisma de vocês contém em si uma grande carga vital, mas como o Santo Padre diz frequentemente: ‘não é um museu… precisa que entre em contato com a realidade, com as pessoas, com a inquietude e os problemas delas. E assim, neste encontro fecundo com a realidade, o carisma cresce, se renova e a realidade também se transforma, se transfigura por meio da força espiritual que tal carisma leva consigo’”.
Com Marina Castellitto e Carlo Fusco aprofundou-se o tema sobre a vocação universal à santidade, através da figura de alguns membros do Movimento dos Focolares, cujas causas de beatificação já foram abertas.
Depois, a experiência da Semana Social dos católicos italianos que ocorreu em Trento em julho de 2024. “Aqueles dias foram uma experiência de escuta e aprofundamento do aqui e agora do nosso tempo: interrogar-nos sobre o nosso ser comunidade de crentes na mais vasta comunidade eclesial e, portanto, política como história e trama de relações humanas”, afirmou Argia Albanese, presidente do Movimento político pela unidade (MPPU) da Itália.
O dia continuou com a experiência da Consulta Nacional das Congregações Leigas (Consulta Nazionale delle Aggregazioni Laicali (CNAL)) na presença da secretária dra. Maddalena Pievaioli. A Consulta é o local em que eles vivem de forma unitária o relacionamento com o episcopado italiano, oferecendo a riqueza de suas associações e acolhendo ativamente os programas e indicações pastorais. Os votos são de que se possa sempre mais difundir essa realidade no interior das associações.
Para fechar, houve a partilha de algumas boas práticas como o Centro Evangelii Gaudium, as experiências do Movimento Diocesano de Pesaro e Fermo e aprofundamentos sobre o diálogo ecumênico e sobre o inter-religioso, sobre o diálogo com pessoas de convicções não-religiosas e sobre aquele com o mundo da cultura.
O último dia contou com a participação de Margaret Karram e Jesús Morán, presidente e copresidente do Movimento dos Focolares. Margaret contou sua recente experiência no Sínodo para o qual foi convocada entre as nove personalidades que foram como convidados especiais. “O Sínodo, com seus 368 participantes, entre bispos e leigos, dentre os quais 16 delegados fraternos de outras Igrejas cristãs, nos ofereceu um exemplo perfeito da dimensão universal desta experiência”, afirmou Margaret. “Vínhamos de 129 nações e cada um de nós era portador da própria realidade: de paz, de guerra, de pobreza, de bem-estar, de imigração, de alegrias e dores de todos os tipos. Por isso, eu diria que a primeira mensagem, talvez a mais importante, é a dimensão profundamente missionária do Sínodo. (…) E a primeira lição que aprendemos é: caminhar juntos, testemunhar juntos, precisamos uns dos outros. A segunda lição foi a prática espiritual do discernimento que pede liberdade interior, humildade, confiança recíproca, abertura à novidade.” (…) A nossa responsabilidade é “tornarmo-nos portadores da sinodalidade em todos os âmbitos: o eclesial in primis, basta pensar em quantos dentre nós, e aqui serão muitíssimos, se empenham na própria igreja local. Mas nós, membros da Obra de Maria, não podemos nos limitar somente neste âmbito, somos um Movimento leigo e este secularismo é essencial, vem do carisma e não podemos perdê-lo. O Sínodo evidenciou em muitas ocasiões que devemos ‘alargar a nossa tenda’ para incluir todos, de fato, especialmente aqueles que se sentem fora”.
Jesús Morán fez uma meditação-reflexão sobre ser hoje Igreja de esperança. “A esperança”, afirmou, “nos faz superar o medo. A esperança anda unida com a fé e o amor, as três irmãs da vida teológica. A esperança é uma virtude comunitária, nos liberta do isolamento da angústia e nos lança no ‘nós’; um ‘nós’ que se transforma em amor concreto para com o irmão”.
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Lorenzo Russo
Photo: FocolarItalia
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