Daisy: Conhecemos o Movimento dos Focolares numa Mariápolis e, desde então, a decisão de viver a espiritualidade da unidade deu um sentido à nossa vida.
Samir: Em 1989, durante a guerra do Líbano, a situação era dramática: o conflito semeava morte e destruição em toda parte e, de consequência, falta de trabalho, fechamento das escolas e repartições. Nós nos transferimos para os Estados Unidos, onde morava um de meus irmãos. Como professor universitário eu podia obter um ano de licença. Nos Estados Unidos, uma trama de culturas, fizemos a experiência de povos diferentes que vivem juntos.
Daisy: Foi um ano intenso e cheio de provações, que nos levaram a experimentar o amor de Deus, mantendo-nos cada vez mais unidos. Muitas vezes nos perguntamos qual era a decisão certa, se voltar ao Líbano ou ficar num país que nos oferecia tantas coisas. Cada um de nós tinha encontrado um trabalho e poderíamos obter a nacionalidade americana. E, além disso, o futuro para os nossos filhos estava garantido.
Samir: A decisão não era fácil, mas sentíamos que não podíamos abandonar o nosso país na difícil situação que atravessava. Conversamos com nossos filhos e com as pessoas do Movimento e decidimos voltar ao Líbano. Estávamos convencidos que amar o nosso povo era mais importante do que as garantias que os Estados Unidos nos dariam.
Daisy: Quando voltamos a nossa vida mudou. Compreendemos que a felicidade não existe em função de circunstâncias externas, mas é fruto do nosso relacionamento com Deus e com os irmãos. No nosso país, na verdade, convivemos com os muçulmanos, e com a espiritualidade da unidade construímos uma real fraternidade com muitos deles.
Uma vez devíamos ir a um encontro do Movimento na Síria, o país que tinha estado em guerra com o nosso. As relações ainda eram difíceis, cheias de desconfiança e preconceitos. Mesmo assim experimentamos que são nossos irmãos e que devemos dar a vida também por eles.
Samir: Entendemos ainda mais a nossa missão como testemunho de amor entre muçulmanos e cristãos, como aconteceu quando recebemos 150 pessoas no nosso Centro Mariápolis, na maioria muçulmanos. Juntos formamos uma família ligada pela fraternidade. Acreditamos que a nossa função como cristãos no Oriente Médio não é apenas a de estar aqui, mas ter também uma presença ativa na vida política e nas instituições governamentais.
Daisy: No momento atual, quando grande parte dos libaneses encontra-se angustiada pelo futuro e muitos tentam deixar o país, nós sentimos o amor de Deus que nos acompanha e nos enraíza dia após dia na nossa terra, e nos ajuda a transmitir esperança.
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