Acompanhando o Santo Padre em Portugal, na cidade de Fátima, queremos recordar alguns trechos de um artigo de Chiara Lubich publicado em 1984 no Osservatore Romano, por ocasião do Jubileu das Famílias. O evento de Fátima, afirma Chiara, é um chamado à conversão e à fidelidade ao Evangelho, também na família. «[…] Quando o Papa (João Paulo II, ndr) leu o ato de entrega da humanidade a Maria começou com estas palavras: «A família é o coração da Igreja. Deste coração eleva-se hoje um ato de particular entrega ao coração da Mãe de Jesus». E assim, de coração a Coração, nesta intensa comunhão, que se criou com a celebração da Eucaristia, elevou-se, do coração do Pai universal um grito pleno de solicitude pelas necessidades da humanidade, a oração de consagração à Virgem Maria, a fim de que cuide de modo especial de toda a família humana. O Papa estava ali, ajoelhado diante da estátua branca de Nossa Senhora de Fátima. Naquele momento, o pensamento de muitos de nós ali presentes, dirigiu-se ao dia 13 de maio de 1981, dia do atentado. […] Agora, na Praça de São Pedro, completamente lotada, ao lado dele, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, como uma flor desabrochada do seu sofrimento e do seu sangue, estavam reunidas, simbolicamente, todas as famílias da Igreja, expressão de todas as famílias do mundo. O Santo Padre podia contar, no momento em que entregou o mundo a Maria, não só com a comunhão de todos os pastores da Igreja, «constituindo um corpo e um colégio», mas também com a plena adesão dos filhos da Igreja, representados por tantas famílias de muitas nações. […] E na oração conclusiva da sua homilia pediu esta graça: «Que o amor, fortalecido pela graça do sacramento do matrimônio, se manifeste mais forte do que todas as fraquezas e crises que, às vezes, afligem as nossas famílias». Todas estas significativas coincidências e expressões nos permitem perceber […] o sentido profundo desta consagração que não pode deixar de levar todas as famílias cristãs a viverem – com a ajuda e o exemplo de Maria – o luminoso e fascinante projeto de Deus para a família em todas as suas expressões: o amor conjugal, segundo o plano divino, sinal do amor de Cristo pela Igreja até o total dom de si, a paternidade e a maternidade, como participação ao amor fecundo do Criador; a paz e a harmonia na superação de todas as tensões e dificuldades, como fruto de uma caridade sempre viva e incansável, propensa a manter a presença espiritual de Cristo na família e, com Ele, a unidade de pensamento e de ação; uma abertura de comunhão e de serviço a outras famílias. […] A mensagem de Fátima, que chama todos nós à conversão e à fidelidade ao Evangelho, torna-se assim a resposta da consagração da família, um empenho de renovação para que resplandeça sempre mais a fisionomia da Igreja que tem, de certa forma, na família cristã, a marca do seu ser «família de Deus», morada acolhedora para todos os filhos dispersos, chamados novamente à casa do Pai e convidados a entrarem nela por meio do Coração materno da Mãe de Jesus».
Chiara Lubich
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