Movimento dos Focolares

Polônia: do conflito à unidade, passando pelo diálogo

Jun 9, 2016

A 20 anos da outorga a Chiara Lubich do doutorado h.c. em Ciências Sociais, um congresso interdisciplinar promovido pela Universidade Católica de Lublin João Paulo II, pelo Instituto Universitário Sophia, pelo Centro do diálogo com a Cultura dos Focolares.

fotoA espaçosa sala “Centro de Transferência do conhecimento” da Universidade Católica de Lublin João Paulo II, acolheu o congresso Conflicts, Dialogue and Culture of Unity (3-4 de junho de 2016). Realizou-se no rastro da “transmissão” de conhecimentos através do diálogo acadêmico entre os 180 participantes, professores e estudiosos de diversas disciplinas da área das ciências sociais, com 95 contribuições. Uma interação feita inclusive de perguntas e de solicitações no compartilhamento do esforço de uma pesquisa. Um dom entre especializações, mas também entre gerações e áreas geográficas da Europa na abertura aos desafios do mundo. O congresso, aberto pela conferência de Jesús Morán, copresidente dos Focolares, intitulada “A cultura da unidade e alguns grandes desafios da humanidade de hoje”, teve origem em função do 20º aniversário da outorga a Chiara Lubich do Doutorado honoris causa em Ciências Sociais, pela Universidade Católica de Lublin em junho de 1996. A Laudatio apresentada naquela época pelo prof. Adam Biela especificava a sua motivação: o carisma da unidade «é uma atualização concreta e prática de uma nova visão das estruturas sociais, econômicas, políticas, de educação, das relações religiosas, que aconselha, recomenda, sugere, educa e promove a unidade» entre as pessoas. E colhe, na inspiração revolucionária de Chiara Lubich, manifestada a partir dos anos 1940, os elementos de um novo paradigma das ciências sociais, a ponto de cunhar o inédito conceito de paradigma da unidade. Esse congresso em Lublin, 20 anos depois, foi «um congresso complexo e interessante», segundo o prof. Ítalo Fiorin, Presidente do curso de graduação em Ciências da Formação, Universidade Lumsa, Roma. «Antes de tudo pelo tema, construído sobre três palavras coligadas. Conflito: com a reflexão sobre a situação do mundo, não catastrófica, mas problemática, estimulando a responsabilidade. Diálogo: caminho para conduzir e traduzir o conflito em algo novo, com uma ação positiva. Unidade: resultado de um diálogo, que não é a manifestação de um pensamento único, mas a conquista de uma maior consciência da própria identidade». «De 200-300 anos para cá, o saber se dividiu em muitos campos», afirma a neuro cientista Catherine Belzung, Universidade de Tours, França. «Mas a atual fragmentação não permite que se faça progressos. Chegou o tempo do diálogo, também interdisciplinar, e aqui se viu que é possível, desejado e eficaz. No meu campo já existem descobertas que mostram que o progresso só é possível amplificando o saber através do diálogo interdisciplinar. O pensamento de Chiara Lubich me parece o paradigma que devo ter diante de mim quando me interesso pela pesquisa interdisciplinar porque é “paradigma trinitário”: cada disciplina permanece distinta, mas deve ter dentro de si os conhecimentos das outras disciplinas para ser, por sua vez, transformada e deste modo continuar o diálogo. Penso que o modelo de unidade e distinção, já proposto no campo espiritual, possa ser transferido para o campo do diálogo interdisciplinar muito facilmente». Confirma o prof. Marek Rembierz, pedagogo da Universidade de Silésia, Katowice, Polônia: «A mim se demonstrou muito interessante pensar numa dimensão interdisciplinar. E isso exigiu uma mudança de mentalidade considerável: modificar a linguagem da ciência, da cultura, com a linguagem do coração. Foi fonte de inspiração para os participantes e pode ser para a vida social das pessoas». Gianvittorio Caprara, ordinário de Psicologia e neurociências sociais, Universidade La Sapienza, Roma: «Chiara Lubich teve intuições particularmente felizes e fecundas. Fecundas porque inspiraram um trabalho, um movimento; agora inspiram este congresso e projetos de pesquisa. É uma reflexão que continua e que se torna inspiração. Uma descoberta especial para mim foi a densidade da categoria da fraternidade, justamente numa sociedade como a nossa, cujo grave risco é o de não ter mais irmãos. Encorajo os Focolares a insistir ainda mais na pesquisa sistemática do conhecimento para que a ação se torne mais transformadora e eficaz». «Em relação à fraternidade – retoma Fiorin – o prof. Stefano Zamagni elaborou no seu discurso uma leitura muito fascinante sobre a Economia de Comunhão e a relacionou também com a política. Acho que tal leitura seja transferível inclusive à educação para inspirar o vínculo educativo e didático e conduzir a soluções didáticas importantes. É um terreno que merece aprofundamento e ao qual tenho a intenção de dedicar a minha atenção». A conclusão do congresso é confiada ao prof. Biela, a Daniela Ropelato, vice reitora do IUS e a Renata Simon do Centro internacional dos Focolares. Para dar continuidade ao diálogo interdisciplinar, que permeou o congresso, uma indicação forte vem do pensamento citado de Chiara Lubich: «Para acolher em si o Tudo é preciso ser o nada como Jesus Abandonado (…). É preciso se colocar diante de todos na posição de aprender, porque realmente temos o que aprender. E só o nada recolhe tudo em si e estreita a si cada coisa em unidade». Um encorajamento concentrado em cooperar com competência, sabedoria e capacidade dialógica inclusive e justamente no plano acadêmico.

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

Sementes de paz e de esperança para o Cuidado da Criação

Sementes de paz e de esperança para o Cuidado da Criação

No dia 2 de julho de 2025 foi publicada a mensagem do Santo Padre Leão XIV para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que será celebrado dia 1º de setembro. Propomos uma reflexão de Maria De Gregorio, especialista em desenvolvimento sustentável, da Fundação Ecosistemas, especializada em estratégias e ações para reduzir os riscos e os impactos ambientais.