Movimento dos Focolares

Que todos sejam um

Set 2, 2017

Um texto de Chiara Lubich da década de 1960, sem dúvida contra a corrente, dirigido aos jovens dos Focolares. Um grande desafio e o segredo para viver por um mundo mais unido e fraterno.

20170902-01«Que todos sejam um». É uma palavra maravilhosa. Creio que não se poderá pensar em palavras tão grandiosas e esplêndidas como essas. Fazem-nos sonhar com um mundo diferente daquele que nos circunda, dão asas à fantasia, na imaginação daquilo que poderia ser a sociedade se estas maravilhosas palavras fossem colocadas em prática. Imaginemos… um mundo onde todos se amam, onde todos têm os mesmos sentimentos; onde os cárceres já não existem e a polícia não tem sentido; onde as notícias de crimes – então fora de moda – dão lugar a notícias de fatos impregnados de divino, profundamente humanos. Um mundo onde também se canta, se brinca, se joga, se estuda, se trabalha, mas tudo em harmonia, onde cada um pensa e age para agradar a Deus e aos outros. É um mundo, creio, que veremos só no Paraíso… No entanto, Jesus disse aquelas palavras para nós, quando viveu aqui na terra. […] Abri o Evangelho e encontrei outra frase, que me pareceu ter uma estranha afinidade com aquela, como se existisse entre ela e o lema uma ligação secreta. Diz: «E quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim» (cf. Jo 12,32). […] «Quando eu for levantado da terra…». Quer dizer que Jesus não fez de todos uma coisa só com as suas esplêndidas palavras ou com os seus extraordinários milagres… Foi a cruz o seu segredo. Foi a dor o meio que resolveu o problema de tornar-nos filhos de Deus e, portanto, todos um entre nós. Será então a dor o caminho, a chave, o segredo da unidade de todos? O segredo da transformação de um mundo monótono, e muitas vezes mau, num mundo alegre, brilhante de amor, paraíso antecipado? Sim, é isso mesmo. Pelo pouco que sabemos a esse respeito, os santos – os verdadeiros inteligentes – deram todos um grande valor à dor, à cruz. E foram eles que arrastaram atrás de si as multidões se muitas vezes caracterizaram a época em que viviam, influenciando positivamente também os séculos futuros. «Há um lugar vazio na cruz!», disse-me um sacerdote, quando eu era pequena; virando um crucifixo que tinha sobre a mesa e mostrando-me o outro lado. «Este lugar – continuou – deves ocupá-lo tu». Muito bem! Se é assim, estamos prontos! Para quê esperar? Além do mais, as dores, pequenas ou grandes, bem ou mal aceitas, existem sempre na vida… Mas nós não somos oportunistas! Somos cristãos. Jesus está na cruz? Eu também quero estar. Aceitarei todas as pequenas cruzes da minha vida com alegria. Sim, com alegria, mesmo que uma ou outra lágrima tiver que correr. Mas no fundo do coração direi a Ele, que sempre me escuta: «Estou contente, porque sofrendo contigo, te ajudo a atrair todos a Ti e se aproximará o dia em que se cumprirá o teu imenso desejo: «Que todos sejam um». Chiara Lubich De “Colóquios com os gen”. Anos 1966-1969, Cidade Nova, Braga (Portugal) 1975, pág. 28 – 30

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