Movimento dos Focolares

Reflexão de Chiara Lubich sobre a Palavra de vida do mês abril de 2005

Mar 31, 2005

"Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância." (Jo 10,10)

Freqüentemente Jesus falava em parábolas e usando imagens. Era um modo simples e eficaz de ensinar as verdades mais profundas, das quais ele era portador. Esta Palavra de Vida faz parte da história do pastor com o seu rebanho, uma alegoria que lembrava cenas do dia-a-dia, bem familiares aos ouvintes de Jesus. Ele chama a atenção para os ladrões e malfeitores que, como lobos vorazes, atacam e dispersam o rebanho. Enquanto que ele se compara a um bom pastor, que realmente se importa com as próprias ovelhas, guiando-as e defendendo-as até o ponto de enfrentar a morte, se necessário for!
Mas em Jesus, para além da parábola, isto se torna realidade: ele realmente morreu na cruz “para que tenhamos a vida”.

“Eu vim para que tenham vida…”

Ele veio porque o Pai o enviou para nos trazer a sua vida divina. De fato, Deus amou o mundo a tal ponto que deu o seu Filho para que todo o que nele crer não morra, mas tenha vida eterna.  
A vida que Jesus veio nos trazer não é a simples vida terrena que recebemos dos nossos pais. Com efeito, a vida que ele nos doa é “vida eterna”, ou seja, é participação na sua vida de Filho de Deus, é a acolhida na comunhão íntima com Deus: é a própria vida de Deus, que Jesus pode nos comunicar porque ele mesmo é a Vida. Foi o que ele disse: “Eu sou a Vida”, que “todos nós, de sua plenitude, recebemos”.
Mas nós sabemos que a vida de Deus é o amor.
Jesus, Filho de Deus que é Amor, vindo a esta terra, viveu por amor e nos trouxe o mesmo amor que arde nele. Ele doa a nós a mesma chama daquele incêndio infinito e nos quer cheios de “vida”, da vida que ele vive.

“e a tenham em abundância.”

Uma vez que Jesus não só possui a vida, mas “é” a Vida, ele pode doá-la com abundância, assim como doa a plenitude da alegria.
O dom de Deus é sempre desmedido, infinito e generoso como Deus. Desse modo ele vem ao encontro das aspirações mais profundas do coração humano, da sua fome por uma vida plena e sem fim. Somente ele pode saciar o desejo de infinito. Porque a sua vida é “vida eterna”, um dom não somente para o futuro, mas para o presente. A vida de Deus em nós já começa desde agora e nunca mais morre.
Como se pode não lembrar aqueles cristãos realizados que são os santos? Eles se apresentam tão ricos de vida que chegam a transbordá-la ao seu redor.
De onde vinha o abraço universal de Francisco de Assis, capaz de acolher os pobres, de encontrar-se com o Sultão, de reconhecer irmãos e irmãs em cada criatura? De onde nascia o amor concreto de Madre Teresa de Calcutá, que se fez mãe para cada criança abandonada e irmã de toda pessoa marginalizada? Eles possuíam uma vida extraordinária, a vida que Jesus lhes havia doado.

“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.”

Como podemos viver esta Palavra de Vida?
Acolhendo a Vida que Jesus nos doa e que já vive em nós por meio do batismo que recebemos e pela nossa fé. Essa Vida pode sempre crescer à medida que amamos. É o amor que faz viver. Quem permanece no amor – escreve são João – permanece em Deus, participa da sua mesma vida. Sim, porque se o amor é a vida e o ser de Deus, o amor é também a vida e o ser do homem. E o inverso também é verdade: todas as vezes que não amamos, nós não vivemos.
Disso é testemunha eloqüente a partida para o céu de Renata Borlone, uma focolarina para a qual foi iniciado há poucos meses o processo de beatificação. Ao receber a notícia da morte iminente, ela a aceitou de todo o coração, como vontade de Deus, e disse que desejava testemunhar que “a morte é vida”, é ressurreição, e se propôs, com a ajuda de Deus, a dar esta demonstração até o fim. E ela o conseguiu, transformando assim um evento de luto num tempo de Páscoa, de Vida.

 

Chiara Lubich

 

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