Movimento dos Focolares

Síria /2: Queremos virar a página

Mai 6, 2019

Sábado, 4 de maio, a presidente e o copresidente do Movimento dos Focolares se encontraram com a comunidade síria do movimento: nos testemunhos há dor, sensação de perda e luto, mas também riqueza de cultura, tradições e vontade de viver e reconstruir a própria pátria.

Sábado, 4 de maio, a presidente e o copresidente do Movimento dos Focolares se encontraram com a comunidade síria do movimento: nos testemunhos há dor, sensação de perda e luto, mas também riqueza de cultura, tradições e vontade de viver e reconstruir a própria pátria. Desde as primeiras horas, o dia de sábado, 4 de maio, dá indícios de que será forte. Trezentos membros da comunidade síria do Movimento dos Focolares se reuniram no mosteiro de Santo Efrém, o Sírio, em Saydnaya, a cerca de 40 quilômetros ao norte de Damasco. Começaram com a história do movimento, contada com as mesmas palavras que Chiara Lubich usou muitíssimas vezes e como é conhecida, quase de cor, pelas comunidades no mundo todo: “Eram tempos de guerra e tudo desmoronava…”. Mas a particularidade da narrativa de hoje é que depois de recitar cada episódio da vida de Chiara, a palavra era passada a alguém que o ilustrava com a própria experiência vivida recentemente nesta terra martirizada. Há aqueles que, ao voltar à própria cidade, não encontraram mais suas casas; aqueles que perderam o trabalho, a saúde física ou psíquica, os que viram seu futuro roubado, ou a fé em Deus e nos relacionamentos; aqueles que – e são muitos – perderam pessoas queridas. E até hoje essas perdas não foram compensadas. “Estamos mortos por dentro”, disse um deles, resumindo o estado de ânimo de muitos, talvez de todos. E no fundo do palco, lia-se em árabe a frase que Chiara Lubich e suas companheiras queriam que fosse escrita em suas tumbas desde aqueles primeiros tempos em que o movimento estava dando seus primeiros passos, em plena Segunda Guerra Mundial: “E nós acreditamos no amor”. Schermata 2019 05 05 alle 22.02.45Para destaca-la ainda mais, cantaram ao final a famosa “Arte de Amar”, explicada muitas vezes por Chiara Lubich: amar a todos, ser o primeiro a amar, ver Jesus no próximo, amar os inimigos. Os presentes se levantaram, começaram a dançar e expressar com todos os sentidos um desejo comum: aquele de virar a página. E diante dos nossos olhos, estão mais uma vez as duas realidades que distinguem a viagem da delegação do Centro Internacional do Movimento dos Focolares na Síria: de um lado, o encontro com a dor: feridas, traumas, desespero, preocupações com o futuro, sobretudo o dos próprios filhos; de outro, o desejo de continuar a ter esperança, de retomar a própria vida com liberdade. Para sustentar ambas realidades, há uma espiritualidade centrada em uma fé que pode dizer: e nós acreditamos no amor. 8679f12a 673e 487d b0af 7167d6324739Essa vida que se desdobra entre desespero e esperança, entre morte e ressureição, ressoa também na breve intervenção do núncio apostólico da Síria, cardeal Mario Zennari, e nas respostas de Maria Voce e Jesús Morán. O cardeal Zennari convida os presentes a acolher hoje a mensagem que o Crucificado dirigiu há 800 anos a São Francisco, ou seja, reparar a Igreja. “Mas aqui”, continua o cardeal, “não se trata somente de reparar a Igreja, mas de reparar a pátria de vocês. Trata-se de construir uma nova Síria”. Jesús Morán, copresidente do Movimento dos Focolares, apresenta à comunidade síria do movimento o exemplo de Maria, a mãe de Jesus, que no momento de maior desespero “acreditou no impossível”, ou seja, na força da ressurreição. 59836919 d942 41ba 86d9 b38909cf1a62Mas o que fazer hoje na Síria: ficar ou partir? Quem articulou a pergunta fundamental de muitos foi justamente Maria Voce: para além dessa escolha, com certeza nada fácil, a presidente convida os presentes a colher o momento, ou seja, a se fixar naquela que no momento presente parece ser a “vontade de Deus” e a vive-la com autenticidade e coerência, “mesmo que Deus, de vez em quando, permita que vivamos no mistério”. A jornada se conclui com uma grande festa em que as diversas regiões representadas e sobretudo um grande número de crianças e jovens suscitam um certo embaraço em quem, talvez, tenha vindo pensando que encontraria um povo pobre. Talvez não haja bens materiais, mas há riqueza de vida, tradições, costumes, danças, canções, expressões de alegria, vontade de viver. Que linda essa gente que, apesar de tudo, acreditou no amor!

Joachim Schwind

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