No dia 25 de novembro de 2023, Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, foi nomeada membro do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. O papa Francisco nomeou ad quinquennium 11 novos membros para o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e entre eles está também a presidente da Obra de Maria (Movimento dos Focolares), Margaret Karram. Com ela e entre aqueles que representarão e enriquecerão a face universal da Igreja ao lado das pessoas já encarregadas, homens e mulheres, solteiros e casados, envolvidos em diversas áreas de atividades e provenientes de diversas partes do mundo: S. Ex. Mons. Josep Ángel Saiz Meneses – Arcebispo de Sevilha (Espanha); Rev. Andrea D’Auria, F.S.C.B. – Diretor do Centro Internacional de Comunhão e Libertação; Rev. Luis Felipe Navarro Marfá – Magnífico Reitor da Pontifícia Universidade da Santa Cruz em Roma (Itália); Srs. Benoît e Véronique Rabourdin – Responsáveis Internacionais do Amor e Verdade da Communauté de l ‘Emmanuel; Dr. Joseph Teyu Chou e Sra. Clare Jiayann Yeh – respectivamente professor do Departamento de Finanças Públicas da Universidade Nacional Chengchi em Taipei (Taiwan) e Fundadora e Diretora do Marriage and Family Pastoral Center da Conferência Episcopal Regional Chinesa; Dra. Ana María Celis Brunet – Presidente do Consejo Nacional para la Prevención de abusos y acompañamiento de víctimas da Conferência Episcopal do Chile; Dra. Maria Luisa Di Pietro – Diretora do Centro de Pesquisa e Estudos sobre Saúde Procriativa da Universidade Católica do Sagrado Coração em Roma (Itália); Dra. Carmen Peña García – Professora de Direito Matrimonial da Faculdade de Direito Canônico da Universidade Pontifícia Comillas em Madri (Espanha) Os novos membros, cuja nomeação foi publicada no dia 25 de novembro de 2023 no Boletim da Santa Sé, juntam-se aos nomeados anteriormente e a todos os ainda em função, cujos nomes atualizados podem ser consultados no site do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida na página Membros e Consultores.
A partir de hoje, 20 de novembro de 2023, estão disponíveis as novas Diretrizes para a Formação sobre a Proteção de Crianças, Adolescentes e Pessoas em Situação de Vulnerabilidade desenvolvidas pelo Movimento dos Focolares. Margarita Gómez e Étienne Kenfack, Conselheiros do Centro Internacional do Movimento para o aspecto Vida Física e Natureza, oferecem-nos alguns esclarecimentos. Ilustrar as características necessárias para se comprometer concretamente com a proteção da vida e da dignidade de cada pessoa: é isso que distingue as novas Diretrizes para a Formação sobre a Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis (FPCV) no Movimento dos Focolares, lançada hoje, 20 de novembro de 2023, Dia Internacional da Criança e do Adolescente. O trabalho contou com a colaboração direta de 40 especialistas e pessoas envolvidas neste campo de todos os continentes e teve como objetivo fornecer os elementos necessários para que, em cada país onde o Movimento dos Focolares atua, possa-se desenvolver uma estratégia de formação adequada, orientada para prevenir e erradicar qualquer tipo de abuso, tanto dentro do Movimento como nos ambientes onde os seus membros se encontram (trabalho, bairro, escola). Desde 2013, o Movimento aposta na formação para a proteção de crianças e adolescentes, com um trabalho capilar em todos os países onde atua e com a realização de um curso de seis horas que continha os princípios fundamentais. Este esforço de formação atingiu 17.000 pessoas até dezembro de 2022 e, embora a formação fosse aberta a todos, foi realizada principalmente por pessoas que tinham responsabilidades ou contato direto em atividades com crianças. Depois da publicação do relatório sobre os graves casos de abusos sexuais registrados na França, publicado um ano depois da investigação da consultoria GCPS, surgiu a forte necessidade de oferecer uma formação mais específica a todos os membros do Movimento dos Focolares, de qualquer nação, idade, vocação ou função. Por esta razão, as Diretrizes representam uma ferramenta universal, deixando amplo espaço para uma inculturação adequada e uma implementação específica no contexto particular de origem. “A formação dirige-se a todos, e por ‘todos’ entendemos não só os pertencentes ao Movimento, mas também as pessoas que trabalham nas nossas estruturas – afirma Étienne Kenfack. As Diretrizes, no entanto, dirigem-se aos dirigentes do Movimento nas diversas geografias e às suas equipes que serão responsáveis pela sua implementação”. As Diretrizes entrarão em vigor em 1º de janeiro de 2024, por um período de 20 meses ad experimentum. Um período de checagem para poder perceber todas as mudanças e transformações que serão necessárias no futuro. “O documento – continua Margarita Gómez – baseia-se num recurso fundamental para nós, isto é, a comunhão: portanto, trabalharemos em rede. Haverá uma comissão internacional e várias equipes que realizarão o projeto localmente. Haverá momentos de troca, com links online para nos ajudar a tirar dúvidas, para partilhar boas práticas. Não é por acaso que decidimos intitular o nosso programa de formação como “Todos responsáveis por todos”. Espero que estas Diretrizes sejam muito bem acolhidas nas nossas comunidades e que, em poucos meses, tenhamos dado um impulso significativo à formação nesta matéria”.
Maria Grazia Berretta
Ver o vídeo (ativar legendas em português) https://youtu.be/OsZW-DC_E7U
Depois da agressão terrorista sofrida por Israel, do horror da violência desencadeada, da onda de medo que abalou os dois povos, da angústia pelos reféns e da suspensão pelo destino do povo de Gaza: notícias das comunidades dos Focolares na Terra Santa e um apelo mundial à oração e ao jejum pela paz, em 17 de outubro. “Deixamos as nossas casas e todos os cristãos se refugiaram nas igrejas”. Esta é a breve mensagem que recebemos esta manhã de alguns membros da comunidade dos Focolares em Gaza. São as últimas notícias que recebemos deles. Segundo o padre Gabriel Romanelli, pároco da paróquia católica da Sagrada Família em Gaza, ainda vivem na Faixa 1017 cristãos e entre eles há vários aderentes do Movimento dos Focolares com quem a comunicação é cada vez mais esporádica e difícil. E, apesar disso, nos últimos dias circulou uma mensagem de um deles para agradecer a todos pela proximidade e orações pela pequena comunidade de Gaza. “Vocês me deram a força para não me render ao mal”, escreve, “para não duvidar da misericórdia de Deus e acreditar que o bem existe. Em meio a todas as trevas, tem uma luz oculta. Se não pudermos rezar, rezem vocês. Nós oferecemos e assim é completo aquilo que fazemos. Queremos gritar ao mundo que desejamos a paz, que a violência gera violência e que a nossa confiança em Deus é grande. Mas se Deus nos chamasse para Si, tenham a certeza de que do céu continuaremos a rezar com vocês e a implorar com mais força para que tenha compaixão do seu povo e de vocês. Paz, segurança, unidade e fraternidade universal, é isso que desejamos e essa é a vontade de Deus e também nossa“. Margaret Karram: em meio ao ódio, notícias da fraternidade É preciso coragem para dizer isso hoje, quando o horror e a violência ocupam todo o espaço da mídia, mas estas não são as únicas notícias. Existem aquelas que são menos gritadas, mas que não podem ser silenciadas, como a rede mundial de oração que existe em todos os pontos da Terra, independentemente da crença religiosa e filiação, juntamente com gestos e palavras de fraternidade. Margaret Karram, presidente do Movimento dos Focolares, disse isso ontem no habitual briefing na Sala de Imprensa do Vaticano, fora do âmbito do Sínodo da Igreja Católica em curso, do qual participa como convidada especial. “Amigos judeus que conheço em Israel “, diz ela, “ligaram para mim, uma árabe-palestina, dizendo que estão preocupados com aqueles que vivem em Gaza. Para mim, é uma coisa muito bela. Todos conhecem as histórias negativas entre esses dois povos, mas muitas pessoas, muitas organizações trabalham para construir pontes e ninguém fala sobre isso. Só se fala em ódio, divisão, terrorismo. Criam-se imagens coletivas desses dois povos que não correspondem à realidade. Não podemos esquecer que ainda hoje muitas pessoas trabalham para construir pontes. É uma semente plantada, mesmo nesta hora difícil.”Dos amigos judeus: formar uma comunidade de oração Para confirmar isso, de uma cidade no distrito de Tel Aviv, um amigo judeu nos escreve: “Se estiverem em contato com os amigos dos Focolares em Gaza, enviem para eles o meu amor e proximidade. Espero que estejam todos a salvo. Hoje estou em casa com a minha família, as escolas estão fechadas e ficamos perto dos refúgios. Nos bate-papos aparecem continuamente apelos e ofertas de ajuda para as famílias que fugiram, para os soldados e suas famílias. Chegam também pedidos de ajuda para os enterros, para homenagear os mortos como devem ser honrados. Parece que todos os jovens foram chamados às armas e tememos por amigos e parentes. Tememos o que vem pela frente. Tento proteger meus filhos do medo, mas o nosso horror é insignificante em comparação com o que aconteceu com os nossos irmãos e irmãs no Sul. Penso nos meus amigos árabes em Israel, que correm para os refúgios como nós. Procuro rezar na mesma hora do meu amigo muçulmano, para que possamos ser uma comunidade de oração, embora muitas coisas nos dividam. Aprecio o desejo de vocês de estarem conosco, juntos, e as suas orações muito além das minhas palavras“. O que podemos fazer? Na conferência de imprensa, Margaret Karram exprimiu a dor e a angústia que sente pelo seu povo, por ambos os lados: “Eu me perguntei, o que estou fazendo aqui? Neste momento não deveria unicamente agir para promover a paz? Mas depois disse a mim mesma: também aqui posso associar-me ao convite de Papa Francisco e às orações de todos. Com estes irmãos e irmãs de todas as partes do mundo, podemos pedir a Deus o dom da paz. Acredito no poder da oração“. Ela depois falou da ação: “Chega de guerras!! VAMOS CONSTRUIR A PAZ!” que as crianças, adolescentes e jovens dos Focolares lançaram juntamente com a associação Living Peace [Viver a Paz]. Reúnem os seus coetâneos para rezar pela paz às 12:00 [meio-dia], todos os dias e em todos os fusos horários; depois propõem-se preencher o dia com gestos que construam a paz no coração de cada um e à sua volta; convidam a enviar mensagens de apoio às crianças, adolescentes e jovens da Terra Santa e os encorajam a pedir aos governantes de seus países que façam tudo o que puderem para obter a paz. O Movimento dos Focolares também adere ao apelo do Patriarca Latino de Jerusalém, o Cardeal Pizzaballa, para um dia de jejum e oração pela paz, no dia 17 de outubro: “Que sejam organizados momentos de oração com adoração eucarística e o terço à Santíssima Virgem. As circunstâncias em muitas partes de nossas dioceses provavelmente não permitirão a reunião em grandes assembleias. Nas paróquias, comunidades religiosas e famílias, será possível se organizar com momentos simples e sóbrios de oração comum”.
Margaret Karram e Jesús Morán, Presidente e Co-presidente do Movimento dos Focolares, acabaram de concluir a etapa coreana da sua primeira viagem oficial à Ásia e Oceânia, que prosseguirá com visitas ao Japão, Ilhas Fiji, Austrália e Indonésia, até 25 de Maio. Eis um breve resumo do que aconteceu na Coreia.
“Ensina-nos, Senhor, a caminhar juntos, olhando na mesma direção, unidos pelo mesmo objetivo, buscando os mesmos valores rumo Àquele que nos ama e nos espera: é a base de toda nova amizade”.
Essa oração, que abriu o encontro de 160 focolarinos e focolarinas da região Ásia Leste no dia 22 de abril (com vários deles conectados online), expressa bem o significado da primeira viagem oficial de Margaret Karram e Jesús Morán à Ásia e à Oceania. A primeira etapa foi na Coreia, a seguir eles vão visitar o Japão, as Ilhas Fiji, a Austrália e, no fim, a Indonésia. Eles estão acompanhados por Rita Moussallem e Antonio Salimbeni, conselheiros da região e corresponsáveis pelo diálogo inter-religioso do Movimento dos Focolares. No Leste Asiático (a região inclui a Coreia, o Japão e a área geográfica de língua chinesa), o Movimento está presente desde o final dos anos 1960. O padre Francesco Shim levou a espiritualidade da unidade à Coreia em 1967 e o primeiro focolare de Hong Kong foi inaugurado em 1970. Entre membros internos e aderentes, cerca de 10.000 pessoas vivem a Espiritualidade da Unidade nesta parte da Ásia.
Margaret Karram: recomeçar a partir do diálogo
“Por que você escolheu a Ásia para sua primeira viagem?”, perguntou a Margaret o repórter do “Catholic Chinmoon”, principal jornal católico da Coreia. Ela respondeu: “Estou aqui para escutar, conhecer, aprender, mas sobretudo para amar o ‘continente da esperança’”. A riqueza espiritual desses povos será um dom para todos. Sinto que é muito importante reavivar o caminho do diálogo no Movimento, instrumento por excelência para construir a paz, bem de que o mundo mais precisa hoje”.
Coreia: entre contradições e esperança de paz
Com seus quase 10 milhões de habitantes, a capital Seul mostra a fisionomia de um país que vem acelerando há 50 anos e se transformou em um dos lugares mais avançados e tecnológicos do planeta. “Rapidez, eficiência e competitividade são os traços distintivos da sociedade coreana moderna – explica Matteo Choi, jornalista e focolarino coreano –, tanto do ponto de vista econômico quanto cultural, mas isso traz consigo muitas contradições”. “Aqui há grande ênfase nos resultados – acrescenta Kil Jeong Woo, responsável pelo Movimento Político pela Unidade na Coreia –, com um sistema acadêmico altamente competitivo e uma forte ética do trabalho. Temos problemas ligados às desigualdades sociais, mas existe o esforço para resolver isso por meio de reformas sociais e políticas, porém o progresso é lento.”
A Igreja coreana, ponte em uma sociedade dividida
O Arcebispo de Seul, dom Pietro Chung Soon-taek, destaca entre os desafios sociais os conflitos intergeracionais e o envelhecimento da população. “Na Igreja – explica –, existe o risco de nos fecharmos em nossas comunidades. É preciso se abrir, e essa é a contribuição que o Movimento dos Focolares pode dar”. Margaret Karram e Jesús Morán se encontraram com dom Taddeo Cho, arcebispo de Daegu, dom Augustino Kim, bispo de Daejeon, e dom Simon Kim, bispo de Cheng-ju. No clima social e político de forte polarização entre progressistas e conservadores, a Igreja procura ser uma ponte e um antídoto contra a secularização que atinge particularmente os jovens.
Diálogos e Inundações: um caminho que já começou
O Movimento dos Focolares na Coreia oferece sua contribuição ao diálogo ecumênico e inter-religioso, assim como aos diversos âmbitos culturais. Um exemplo foi o evento de 14 de abril em Seul, intitulado: “O diálogo se torna a cultura da família humana“. Houve a participação e a contribuição de representantes de várias Igrejas Cristãs, de várias Religiões, expoentes da esfera social, animados por um espírito construtivo de colaboração para a reconciliação social e a paz. “É muito importante que todos possam gerar ambientes que abram as portas para o ‘diálogo da vida’ – disse Margaret Karram em seu discurso –, colocando em prática os ensinamentos da própria fé religiosa”. Jesús Morán encorajou a continuar nesse caminho comum: “Não importa quão grandes ou pequenas sejam as coisas que fazemos. O importante é levar a semente de algo novo. Os testemunhos que vocês apresentaram têm essa marca”. Sa Young-in, Diretora do Departamento ONU para o Budismo Won, disse que, quando jovem, sonhava com uma “aldeia religiosa”, onde fiéis de várias religiões pudessem compartilhar amor, graça e misericórdia. “Parece que estou vendo realizado aqui – disse –, hoje, aquilo que imaginei”.
Gen 2: “Coragem, vão em frente!”
No dia 15 de abril, no Centro Mariápolis, estavam presentes 80 pessoas: 70 gen da Coreia, 9 de Hong Kong e outros conectados do Japão e de áreas de língua chinesa. Trouxeram para Margaret e Jesús o fruto do trabalho realizado em quatro oficinas sobre como encarnar a Espiritualidade da Unidade na vida cotidiana; as relações dentro e fora do Movimento; as dificuldades em encontrar a própria identidade humana e espiritual e como “sonham” o Movimento. “A nossa identidade é uma só – disse-lhes Margaret. Não somos primeiramente gen e depois nos tornamos outra coisa quando, por exemplo, vamos para a universidade. O dom da espiritualidade que recebemos nos torna pessoas livres; dá coragem e força para proclamar quem somos e em que acreditamos. Gostaria de dizer a vocês o que me disse o Papa quando fui eleita presidente: ‘coragem e vá em frente’”. “Depois da morte de Chiara – conta um gen –, houve momentos em que senti saudade e escuridão. Hoje a proximidade, a confiança e a escuta de Margaret e Jesús me incentivaram muito. Eles me fizeram entender mais uma vez que o legado de Chiara é um dom de Deus adequado para todas as épocas”.
Mariápolis permanente Harmonia
No dia 16 de abril, Margaret Karram e Jesús Morán foram ao terreno que o Movimento recebeu de presente, a cerca de setenta quilômetros ao sul de Seul, para realizar um sonho já expresso por Chiara em sua visita à Coreia em 1982: o nascimento de uma mariápolis permanente, de uma cidadezinha de formação e testemunho da vida evangélica e da Espiritualidade da Unidade para esta parte da Ásia. Na presença de cerca de 200 pessoas – membros do Movimento dos Focolares, benfeitores e amigos que contribuíram das mais diversas formas –, o terreno foi abençoado e confirmado com a colocação de uma medalha de Nossa Senhora. “Confiemos a ela esta Obra – concluiu Margaret Karram – pedindo-lhe que nos ajude a aderir aos desígnios de Deus, que talvez não conheçamos, mas Ele é maior do que nós e se lhe dermos a nossa disponibilidade e generosidade, Ele poderá agir.”
Visita a Sungsimdang
Tudo começou em 1956, com dois sacos de farinha para fazer pão cozido no vapor e vender em frente à estação de Daejeon. Hoje Sungsimdang se tornou a empresa mais famosa de restaurantes da cidade e, com seus 848 funcionários, vive em todos os aspectos o espírito da Economia de Comunhão (EdC) desde 1999. Margaret Karram e Jesús Morán o visitaram, encontrando com alegria Fedes Im e sua esposa Amata Kim, proprietários e voluntários do Movimento. “Não estudei administração nem gestão – diz Fedes –, mas segui Chiara”. “Procurar fazer o bem diante de todos os homens”, é o lema que ela deu à empresa, que atende 10.000 clientes por dia e desde o início vive a partilha, levando pão a mais de 80 centros de assistência social todos os dias. Mas o que chama a atenção é o estilo de relacionamento e de trabalho: “Para nós – diz sua filha Sole, responsável pelo setor de distribuição aos centros de assistência social –, todas as pessoas têm o mesmo valor: homens e mulheres, ricos e pobres, gerentes e funcionários, fornecedores e clientes. Procuramos colocar a pessoa no centro de todas as nossas decisões”. Jesús enfatizou a importância do impacto da empresa no território, prerrogativa das empresas que atuam segundo o estilo da EdC, e Margaret comparou o testemunho dessa empresa ao de uma mariápolis permanente, da qual se pode dizer “venham e vejam”. “Esse – disse – é o maior remédio que o mundo espera”.
Escutar, conhecer, compartilhar
Os dias de Margaret Karram e Jesús Morán na Coreia foram intensos e variados: também houve tempo para uma parada turística no antigo local de Bulguksa, para conhecer as raízes da cultura budista nacional. Com seus templos milenares, imersos no frescor da natureza, foi um dia realmente revigorante! Seguiram-se os numerosos encontros com os membros do Movimento desta vasta região, como a tarde alegre com os focolarinos e alguns membros de língua chinesa da região. O momento com os 80 sacerdotes, religiosos e religiosas foi uma experiência de “cenáculo”, com testemunhos de fidelidade e de vida evangélica autêntica, em uma conversa íntima com Margaret Karram e Jesús Morán. No dia 23 de abril, foi a vez do tão esperado encontro com todos os membros do Movimento; estavam presentes 1.200 pessoas, com cerca de 200 conectadas online de vários países. Uma celebração extraordinária, que reuniu povos e culturas que dificilmente veríamos dançando e cantando no mesmo palco e se alegrando com a beleza e riqueza de cada um. Talvez seja por isso que alguns chamaram o evento de “um milagre” e de semente de uma sociedade renovada pela unidade. No momento de diálogo, Margaret Karram e Jesús Morán responderam sobre vários assuntos, com os conselheiros Rita Moussallem e Antonio Salimbeni: o “desígnio” do continente asiático, a atualidade do diálogo entre as religiões. Respondendo à pergunta sobre como ter uma relação mais profunda com Jesus Eucaristia, Jesús explicou que não se trata de “sentir” a relação com Ele, mas de vivê-la, “porque a Eucaristia alimenta toda a nossa pessoa e nos faz viver como um corpo, no amor pelos outros”. Sobre a diminuição das vocações no Movimento, Margaret afirmou que as relações pessoais e o testemunho autêntico dos adultos são importantes para os jovens. “Se a nossa vida for fruto da união com Deus e se for coerente com o Evangelho, eles serão atraídos, porque se inspiram naqueles que ‘ousam’ viver por Deus e assim compreenderão para onde Ele os chama”. A última pergunta foi sobre como devem ser as nossas relações para poder dialogar com todos, e Margaret respondeu com uma experiência: “Este ano aprofundamos nossa vida de oração e nosso amor a Deus, um amor ‘vertical’, poderíamos dizer, como aqueles dos pinheiros cujos ramos se estendem para cima. Outro dia, enquanto caminhava, gostei muito de uma árvore que vi pelo caminho: seus ramos eram abertos, se estendiam para fora e se entrelaçavam com outras árvores. Assim devem ser as nossas relações: os nossos braços devem estar sempre abertos, voltados para os outros; devemos ter o coração bem aberto para compartilhar as alegrias, as tristezas e a vida de todas as pessoas que passam ao nosso lado”. É a vez da Ásia”, escreveu Chiara Lubich em 1986, durante sua primeira viagem a estas terras; são palavras que demonstram hoje toda a sua atualidade e valor profético.
Propomos a entrevista realizada por Adriana Masotti de Vatican News com Joachim Schwind, focolarino e membro do Conselho Geral do Centro Internacional dos Focolares. Foi publicado recentemente no site internacional do Movimento dos Focolares o primeiro relatório sobre os casos de abusos sexuais de crianças, adolescentes e adultos vulneráveis, e de natureza espiritual e autoritária ocorridos dentro da instituição. Além dos dados das notificações, apresenta as medidas remediadoras, os novos procedimentos de investigação e as atividades de capacitação para a proteção integral da pessoa. Na entrevista, Joachim Schwind, sacerdote focolarino e membro do Conselho Geral, explica o caminho percorrido. “Escrevemos para informar publicamente sobre os dados das comunicações que chegaram e sobre as medidas que tomamos como Movimento dos Focolares, devido ao flagelo do abuso sexual de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis e abuso de consciência, espirituais e de autoridade sobre adultos, o que também nos atingiu.” Com estas palavras, em carta aberta publicada no site do Movimento, a presidente Margaret Karram e o copresidente Jésus Morán apresentam o primeiro relatório sobre a gestão de casos de abuso ocorridos dentro do Movimento. O documento, que será emitido anualmente, surge um ano depois da missão confiada à GCPS Consulting em 2020 para investigar os graves casos de abuso sexual perpetrados por um antigo focolarino francês, J.M.M., caso que deu origem a uma sensibilização para o problema e, portanto, à decisão de iniciar um processo, em várias frentes, para garantir a prevenção e a proteção integral da pessoa em todos os âmbitos e ambientes em que se desenvolvem as atividades dos Focolares e para combater este crime. A centralidade das vítimas: o pedido de perdão Na carta, a presidente e o copresidente pedem, antes de tudo, perdão a cada vítima em nome de todo o Movimento. Eles também expressam profunda gratidão às vítimas e sobreviventes, bem como às famílias e comunidades envolvidas, não apenas na França, mas em todos os países onde surgiram casos de abuso, porque graças à sua colaboração e, acima de tudo, à coragem de enfrentar, trazendo à luz esses crimes, hoje o Movimento cumpre com maior consciência novos compromissos e procedimentos em relação à proteção das pessoas. As pessoas abusadas ocupam um lugar central e prioritário neste processo. A escuta, o pedido de perdão, a oferta de ajuda e o caminho reparador são o ponto de partida. A nova Comissão Central Independente O relatório é composto por várias partes e apresenta os dados relativos aos abusos recebidos pela Comissão para o Bem-estar e Proteção da Pessoa (CO.BE.TU.) desde 2014, ano de sua constituição e, portanto, a coleta sistemática de relatórios, até dezembro de 2022. Outra seção é dedicada às medidas implementadas ou em implementação, em resposta às recomendações da investigação independente da GCPS Consulting. O texto anuncia que, a partir de 1º de maio de 2023, entrará em funções a Comissão Central Independente para a gestão dos casos e as atribuições da CO.BE.TU. O relatório também apresenta o “Protocolo para o tratamento de casos de abuso no Movimento dos Focolares” e as “Linhas de apoio e reparação financeira em caso de abuso sexual de crianças e adolescentes/adultos vulneráveis”. Por fim, é prevista a existência de um Órgão de Fiscalização nomeado pela presidente e composto por, no mínimo, cinco membros externos ao Movimento. Alguns dados apresentados no relatório De acordo com os dados apresentados no texto publicado, o número total de denúncias de abusos chega a 61. Quanto às vítimas: 17 denúncias referem-se a adultos vulneráveis, 28 a jovens entre 14 e 18 anos, 13 a adolescentes de 14 anos. Duas comunicações dizem respeito à posse de pornografia infantil. 66 o total de perpetradores de abuso dos quais 63 homens e 3 mulheres. Vinte dos autores de abusos confirmados foram dispensados, 9 sujeitos a sanções, outros casos ainda estão pendentes. Finalmente, 39 casos ocorreram na Europa, 15 nas Américas, 3 na Ásia/Oceania e 4 na África. No capítulo dos abusos sexuais, de consciência, espirituais e de autoridade contra adultos, registaram-se 22 denúncias, 31 agressores mais alguns ainda não identificados, 12 homens e 19 mulheres. A distribuição das comunicações por área geográfica observa: 16 casos na Europa, 3 nas Américas, 2 na África e 1 entre a Ásia e a Oceania. Uma rede de acolhimento e a escuta das vítimas Dentro do Movimento dos Focolares, serão fortalecidas ou constituídas as Comissões locais de assistência e proteção de crianças e adolescentes e vulneráveis, com a presença de profissionais das áreas de apoio psicológico, jurídico, pedagógico e formativo, com a tarefa de acolher denúncias, testemunhos e para iniciar o processo investigativo. As comissões locais também poderão oferecer um ponto de escuta para quem quiser compartilhar sua experiência de abuso, violência, desconforto de vários tipos, valendo-se também – se solicitado – de conselhos para um caminho posterior. Em alguns países, como França, Alemanha e outros países, esses pontos de escuta já estão ativos. Além disso, será criada uma comissão disciplinar central, composta principalmente por profissionais externos, para avaliar a responsabilidade dos líderes do Movimento dos Focolares na gestão de abusos de vários tipos. Schwind: uma vergonha que exige uma grande mudançaJoachim Schwind é um sacerdote do Movimento dos Focolares, teólogo e jornalista de origem alemã. É membro do Conselho Geral do Movimento e corresponsável da Comissão encarregada de implementar as recomendações do relatório elaborado pela GCPS Consulting. Aos nossos microfones, ele relata o que foi feito sobre a questão dos abusos, a partir dessa investigação, e descreve como as lideranças e comunidades do Movimento vivenciaram o que emergiu: Qual foi o ponto de partida desse novo caminho para a proteção da pessoa? Por onde se iniciou? Não sei se falo de um ponto de partida, mas sim de um ponto decisivo. E foi sem dúvida, há um ano, a publicação do relatório da empresa inglesa GCPS que investigou o caso de abuso na França. Não foi o ponto de partida, porque as medidas já existiam desde 2011, mas absolutamente eram insuficientes, insatisfatórias. Pelo contrário, este relatório causou um grande choque e uma grande vergonha em todo o Movimento, pela extensão, pela duração deste caso, pelo número de vítimas, mas também pela falha na gestão desta situação, na coordenação das nossas estruturas organizacionais e governamentais. E a decisão de publicar este relatório “sem ses e mas” foi importante, mesmo que alguém quisesse discutir algumas partes, mas para nós significou aceitar a humilhação contida neste relatório, aceitar o fato de que não somos melhores que ninguém. Mas é preciso dizer que a base disso não foi uma escolha nossa, mas sim a coragem das vítimas que falaram e denunciaram o ocorrido. Deve ter sido muito doloroso saber de casos de abuso sexual perpetrados dentro do Movimento. Quais foram as primeiras reações? Quais são, em particular, as reações dos responsáveis do Movimento em nível central? Claro, como eu disse, foi profundamente doloroso, chocante e vergonhoso. As primeiras reações foram reconhecer os fatos, pedir perdão. A então presidente, Maria Voce, já havia feito isso em 2019 e a atual presidente, Margaret Karam e nosso copresidente Jésus Morán o fizeram novamente. Não é fácil dizer quais foram naquele momento as reações de um Movimento global, porque estamos espalhados por todo o mundo, em todos os contextos culturais, e por isso experimentamos toda a gama de reações que podem existir: choque, descrença, vergonha, mas também busca de justificativas. Houve quem tentasse explicar a situação como um caso singular, dizendo que os perpetradores estavam doentes, que estas coisas não nos dizem respeito, ou que não diziam respeito ao seu próprio país, etc. os pais que confiaram seus filhos e filhas ao Movimento. Houve algumas pessoas que saíram do Movimento, outras que quiseram ir a fundo nestas situações, houve quem sentisse que tinha de fazer alguma coisa e depois “virar a página”. E neste contexto foi muito indicativo o que o nosso copresidente nos disse numa reunião: que “esta página deve ser lida até ao fim antes de ser virada”. Diante desta realidade, que decisões foram tomadas, em primeiro lugar, relativamente às reclamações que tinham chegado? A primeira coisa que fizemos em nível de dirigentes foi uma peregrinação conjunta, com uma liturgia de pedido de perdão, de reconciliação perante Deus. Criamos uma Comissão, da qual faço parte, que tem a função de especificar as medidas a serem tomadas. Muitos de nós, começando pela presidente e o copresidente, buscamos contato com as vítimas, e também eu, pessoalmente, devo dizer que os contatos com as vítimas e sobreviventes foram as coisas mais preciosas de todo esse processo. Talvez a decisão mais importante tenha sido então a da reforma da Comissão independente que tem a tarefa de investigar casos de abuso. E nessa reforma a parte mais evidente e importante é que a partir de agora todo abuso sexual será denunciado às autoridades judiciais. Nos países onde existe a obrigatoriedade de denúncia, a denúncia é feita imediatamente assim que chega até nós e, onde a lei não o preveja, é feita uma espécie de investigação e a verificação da verossimilhança; uma vez feito isso, o relatório também é repassado para as autoridades judiciais. Depois, com a reforma desta Comissão, procuramos agilizar os trâmites, sempre pensando nas vítimas que não precisam esperar muito já que tiveram a coragem de denunciar. Também tentamos liberar esta Comissão de outras tarefas, em particular da formação, para garantir um andamento mais rápido de todos os procedimentos, enquanto a formação passa para uma Comissão especial. Também criamos pontos de escuta em diferentes países para facilitar as denúncias, porque muitas vezes não é tão fácil reunir coragem para fazê-lo. A outra frente de compromisso foi a prevenção do abuso e a formação na proteção integral da pessoa de todos os membros do Movimento. Houve uma mobilização importante nisso…. Claro que a prevenção é talvez o ponto mais importante e neste contexto alguns especialistas externos também nos ajudaram, porque depois da publicação do relatório da GCPS queríamos fazer tudo, mas também havia o risco de nos perdermos um pouco no mar de medidas que pretendíamos tomar. E nos aconselharam a focar, antes de tudo, em criar ambientes seguros no Movimento, ou seja, que os espaços do Movimento, as reuniões, os lugares das atividades sejam espaços seguros. Claro que nunca existe 100% de segurança, mas a atenção e a conscientização de todos devem ser aumentadas a todo custo e isso requer treinamento, treinamento, treinamento. A nossa opção foi não só continuar a formação para os próprios formadores, educadores e animadores, que já estava em andamento, mas criar cursos de formação para todos os membros do Movimento e lançamos o desafio muito ambicioso de que dentro de dois anos cada membro do Movimento dos Focolares deve ter frequentado pelo menos um curso básico de prevenção e proteção de crianças e adolescentes contra o abuso sexual. Não apenas abuso sexual de pessoas vulneráveis, mas também abusos espirituais e de autoridade. Isso também é mencionado no relatório publicado. E aqui entramos numa zona talvez mais sutil, mais difícil de decifrar. O que você pode nos dizer sobre isso? Como eles se configuram? Houve alguma reclamação sobre isso? É muito importante falar de abuso espiritual, de autoridade, de poder, de consciência. Importante porque os abusos sexuais são quase sempre abusos de poder. Então o problema subjacente não é a questão da sexualidade, mas, sim, precisamente o abuso de consciência, o abuso espiritual, o abuso de vícios ligados ao poder. E é verdade, como você diz, que é muito difícil decifrar o que é abuso espiritual. Já o termo ainda não está claro e bem definido e acho que isso também se reflete nos números relativamente baixos de casos desse tipo que publicamos em nosso relatório. Há um processo que começou e os pontos de escuta que já mencionei nos ajudarão nisso. Depois, há também pessoas que sofreram abuso de poder e que não querem denunciar a uma comissão, mas que realmente pedem para falar com quem as prejudicou. Eles pedem uma mediação, uma entrevista, talvez até um processo de reconciliação. E depois há outros que ainda não tiveram coragem de denunciar. Em tudo isso acho muito importante uma mudança de cultura e para nós foi um momento muito significativo quando, em setembro passado, os líderes do Movimento de todas as partes do mundo se reuniram em nosso Centro Internacional junto com o Conselho Geral, e durante vários dias falamos sobre as nossas experiências, tivemos coragem para ouvir, coragem para falar e procuramos criar uma nova cultura de abertura, escuta e relato de histórias. Então, também aí é preciso formação, distinção entre foro interno e foro externo, como aconselha o Papa à Igreja, formação da consciência, formação na prevalência absoluta da dignidade humana. Sabemos que o poder sempre traz um risco, então o nosso é um caminho que já começou e ainda estamos refinando. Os processos de escolha dos responsáveis precisam ser revistos e agora há muito mais envolvimento da base na escolha dos candidatos e também deve haver alternância nos cargos de governo. O que significa para o Movimento dos Focolares tornar público o que diz respeito à questão dos abusos? Também se poderia ter optado por não fazer isso… Qual é a mensagem que se quer passar? Eu não diria que queremos passar uma mensagem com este relatório, porque isso pode soar como uma reparação da nossa imagem. Acho que antes de tudo devemos pedir perdão a todas as pessoas que sofreram com a inadequação de nossas formas de governo, de controle, de responsabilidade. E então temos que agradecer a quem teve a coragem de denunciar e de nos deixar sentir sua raiva também. A eles, sobretudo, com a publicação deste relatório, queremos dizer que não o fizeram em vão e que o caminho da nossa conversão e da reparação apenas começou, mas continuará. E acho que um dos sinais mais fortes desse relatório é o simples fato de ser o início de uma série, porque estamos comprometidos em publicar esse relatório todos os anos a partir de agora. E isso permite que as vítimas e a opinião pública sigam e controlem nosso caminho e também dentro de nosso Movimento, e esse fato nos obrigará a nunca desistir.